PM informou que faz estudo para atuar com Base de Segurança Comunitária na região, buscando “policiamento mais dinâmico capaz de fazer frente às demandas criminais”
O posto policial que funcionava, há quase duas décadas, na parte central da Rua São Mateus, no bairro homônimo, Zona Sul, foi desativado, e o imóvel de dois andares devolvido à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). O recente fechamento da unidade já havia sido percebido por moradores da região e foi confirmado, nesta quarta-feira (13), pelo 27º Batalhão da Polícia Militar. Segundo a corporação, está sendo realizado um estudo para implementação do novo portfólio de serviço, que inclui policiamento por meio de uma Base de Segurança Comunitária móvel na região, “capaz de acompanhar a migração do crime, reduzindo o índice de criminalidade e aumentando a sensação de segurança da população local”.
A PM acrescentou que o objetivo da medida é “atuar com base nas mais modernas estratégias de segurança pública voltadas para um policiamento mais dinâmico, capaz de fazer frente às demandas criminais”. Para José Luiz Britto Bastos, que mora há 74 anos no bairro e acompanhou diretamente a evolução da violência, estando à frente do Conselho de Segurança Pública (Consep) do São Mateus por cerca de 15 anos, o fechamento da unidade é lamentável e uma espécie de retrocesso. “O posto foi construído no governo de Tarcísio Delgado (2004), a duras penas, na época em que eu era presidente do conselho.”
Ele citou a nova modalidade de policiamento ostensivo que deverá ser implementada. “A PM vai atuar com van itinerante. Tanto que o posto já está desativado, apagaram inclusive as marcas da polícia de lá e trocaram os vidros após o apedrejamento”, relatou Britto, lembrando o dano à sede ocorrido no dia 6 de março deste ano. Segundo o boletim de ocorrência registrado na ocasião, um jovem, de 23 anos, foi preso em flagrante pelo crime. Ele teria atacado com pedras o posto, no momento em que estava fechado, quebrando completamente os vidros da frente e da lateral. A PM foi acionada pelo 190 e conseguiu deter o suspeito, encontrado na Avenida Itamar Franco usando as mesmas roupas descritas por populares que presenciaram a ação criminosa. O rapaz alegou ter ficado “indignado” porque a polícia não teria conseguido recuperar o celular que ele teve roubado.
Na avaliação de Britto, a modalidade de policiamento que já existiu no bairro, com duplas de policiais a pé, aliada ao posto policial, era mais eficiente. “Vejo que querem fazer um trabalho de policiamento ostensivo com base na utilização dessas vans, ‘porque a polícia tem que estar em todo lugar’. Tudo bem que a cidade cresceu e que querem usar motocicletas e veículos de quatro rodas, mas, na minha opinião, não funciona muito, porque quem está dirigindo não pode ficar prestando muita atenção no que está acontecendo no entorno.” Ele ainda observou que as mudanças podem estar atreladas à possível falta de efetivo.
Em nota, o 27º Batalhão considera que, diante da “constante evolução no cenário social, surge a necessidade da Polícia Militar de Minas Gerais promover reestruturações de seus recursos logísticos e humanos, a fim de continuar mantendo a excelência nos serviços de segurança pública direcionados para atuar em maior proximidade com a comunidade, em atenção aos problemas que afetam a qualidade de vida local, em especial a prevenção/combate ao crime, a reação qualificada à violência e à desordem”.
A atual presidente do Consep São Mateus Integrado, Cláudia Abineder, afirmou que a entidade “está alinhada com a PM em prol da segurança pública e defesa social, visando o melhor para a comunidade”. Ela acrescentou que, como as mudanças são recentes, ainda não possui parâmetros para avaliar e opinar sobre a nova modalidade de policiamento.
A PJF informou que, no momento, “analisa quais são as melhores alternativas para a ocupação do espaço”.
As informações são da Tribuna de Minas, associada AMIRT.
Foto: Leonardo Costa