Campanha “Junho Vermelho” chama a atenção para a doação de sangue

Começou no último sábado, dia primeiro, a campanha Junho Vermelho. Esse é o período em que se costuma registrar quedas significativas nos estoques dos bancos de sangue, públicos e privados.

O mês de junho é tipicamente o período que as temperaturas começam a cair, propiciando aumento da incidência de infecções respiratórias. Essa é uma das principais explicações para o registro de queda significativa no estoque dos bancos de sangue de todo o país. E é para destacar a importância da doação de sangue nesse momento do ano que foi criada a campanha Junho Vermelho.

Em Manhuaçu o Núcleo Regional do Hemominas tem se movimentada para estimular novas pessoas a doar e utiliza das várias mobilizações do “Junho Vermelho” para sensibilizar os potenciais doadores. “Nós sabemos da dificuldade que as pessoas encontram para sair de casa, deixar seu trabalho e seus demais afazeres para estar aqui. Essa campanha é justamente para mostrar a importância da doação e motivar essas pessoas. Especialmente nesse período mais frio, quando a dificuldade de capitação aumenta, é que devemos nos atentar para o baixo estoque de sangue das unidades e, especialmente, para o aumento da demanda” – disse Antônio Maurício, Assistente Técnico de Hematologia do Hemoninas de Manhuaçu.

A campanha iluminará com a cor vermelha, durante todo o mês, instituições públicas e privadas, prédios históricos e monumentos em diferentes localidades do país. Serão feitas ações especiais durante a semana do Dia Mundial do Doador de Sangue, que é comemorado no dia 14 de junho. Em Manhuaçu tem ações programadas para este período em escolas e outros locais que serão posteriormente divulgados. Assim, os servidores do Hemominas, engajados dia e noite nesta causa, esperam movimentar o banco de sangue da unidade. “Convocamos a população para praticar este gesto nobre e podemos assegurar que é um processo seguro e cheio de vantagens. A primeira deles é o doador saber que com sua atitude pode estar salvando vidas. Depois ele tem uma recepção muito carinhosa por parte da nossa equipe, passa por exames gratuitos e tem outros tantos benefícios” – destacou Antônio Maurício.

Enquanto algumas pessoas encontram limitações para doar, sejam elas por algum receio ou mesmo pela acomodação, outras fazem questão de contribuir com essa causa. Aos 42 anos de idade o corretor de seguros Rondinelli Amorim já completou 85 doações. É voluntário do Hemominas desde 1996. “Quando me mudei de Durandé para Manhuaçu foi convidado por uma ex-namorada para doar. Aceitei o convite e desde então, sempre que estou apto, corro para o Hemocentro para fazer minha doação. Já recebi alguns certificados de doador exemplar e isso me deixa muito feliz. Mas o que me motiva mesmo é saber que estou fazendo o bem, sem olhar a quem” – comemorou.

José Antônio Mendes é motorista e tem a missão de trazer doadores da região de Espera Feliz para Manhuaçu. Há 18 anos nessa missão, ele garante que sua contribuição não se limite à condução dos voluntários. “Além de doador, sou captador de novos doadores. Faz parte da minha rotina estimular todas as pessoas que tenho oportunidade de conversar. Nesse tempo em que venho ao Núcleo Regional do Hemominas já ouvi muitas histórias de gente que faz grandes sacrifício para estar doando sangue. Me chama a atenção aqueles que deslocam de lugares remotos da região, caminham a pé até a cidade para pegar a condução e estar aqui. Tem gente que acorda bem de madrugada para praticar este gesto nobre, perde o dia de serviço, mas hora nenhuma reclama. Aliás, comemora” – contou o motorista de Van.

Baixo Índice

De acordo com uma pesquisa feita em 2017 pelo Eu Dou Sangue em parceria com o Instituto Datafolha, cerca de 92% dos brasileiros disseram não ter doado sangue entre junho de 2016 e junho de 2017.  De acordo com o levantamento, além do recesso e do clima mais frio, feriados e dias chuvosos também impactam negativamente os hemocentros, que costumam registrar queda de 30% em seus estoques no período.

Os dados também mostraram que 39% dos brasileiros admitem não saber qual é seu tipo de sangue. O estudo, que ouviu 2.771 entrevistados em todo o país, mostrou que o desconhecimento é maior entre os homens (44%) do que entre as mulheres (35%). Assim como a maioria dos jovens (52%), na faixa dos 16 aos 24 anos, também desconhecem esse aspecto de seu próprio corpo.

A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que cada país tenha, entre 3% e 5% de sua população doadora de sangue frequente. No Brasil, o índice fica em 1,8%, enquanto em alguns países da Europa, cerca de 7%. “Precisamos melhorar muitos esses números em todo o país para não deixar faltar sangue para quem precisa. Trazendo para nosso contexto regional, aproveito para convocar a população de Manhuaçu para engajar nessa campanha do Junho Vermelho. Apesar do Núcleo Regional do Hemoninas estar instalado aqui na cidade, o número de doadores que vem de municípios vizinhas é bem maior” – convocou Antônio Maurício.

“Torcida Doadora”

O esporte mais praticado e mais amado do país também é abordado como motivo de uma campanha do Hemominas que deu muito certo na região metropolitana de Belo Horizonte. A campanha “Torcida Doadora” tem motivado os torcedores do futebol mineiro a doar sangue nas unidades da Fundação Hemominas e a cada semana os números de doadores têm aumentado. O movimento foi lançado no ano de 2014 e só cresce desde então. Quando nossa reportagem estava produzindo essa reportagem no Núcleo Regional de Manhuaçu, deparamos com o torcedor atleticano José Carlos de Andrade. Vestido com a camisa do seu time de coração, ele comparou seu gesto de doar a um golaço do seu time de coração. “São sensações diferentes, mas as duas muito prazerosas. Um gol do meu time me causa muita alegria, mas uma doação de sangue me causa transformação. E é por isso que há mais de 25 anos sou colaborador dessa causa. Na verdade, eu não saio daqui uma pessoa melhor e sim já venho com esse sentimento” – celebrou o funcionário público.

O policial militar Remerson Alves e o vendedor Miguel Alves, apesar do mesmo sobrenome, não são parentes. Mas existe uma grande coincidência entre os dois: ambos são goleiros de futebol amador. Um convidou o outro para doar e juntos fizeram o bem. “Há três anos, quando fiz minha primeira doação, fui motivado por amigos que jogam futebol comigo a vir aqui. Fiz a minha contribuição doando, mas senti a necessidade de propagar essa ideia e hoje faço convite a outros colegas” – informou o militar. Já Miguel, doando pela primeira vez, disse que vai fazer o mesmo. “Estou aqui a convite do Remerson e quero que seja a primeira de muitas doações. A partir de hoje quero ir além nessa causa e convocar outros amigos do esporte para fazerem o mesmo” – projetou o vendedor.

As campanhas são necessárias, mas ainda não são suficientes, é o que consideram as especialistas. A falta de informação da população é um dos principais entraves a serem vencidos. O sangue não pode ser substituído por nenhuma medicação. Ele só é obtido pela doação, não existe outra forma. Pessoas precisam dele todos os dias, então as doações são necessárias todos os dias. Para se tornar um doador de sangue o voluntário tem algumas condições:

 – Para doar sangue, o candidato deverá estar alimentado. Se for doar pela manhã, uma refeição sem gorduras. Após almoço ou jantar, deve-se aguardar três horas;

 – O candidato à doação deve comparecer em condições plenas de saúde. Se estiver apresentando qualquer sintoma, mesmo que leve, deverá aguardar a melhora;

 – Frequência cardíaca e pulso devem estar regulares e serem analisados pelo médico. A pressão arterial é aferida no momento da doação, assim como a temperatura, que não poderá exceder 37°C;

 – Podem doar sangue pessoas entre 16 e 69 anos e com mais de 50 quilos. Idosos somente poderão doar caso já tenham realizado uma doação antes dos 60 anos e devem respeitar o intervalo de seis meses entre elas;

 – O candidato deve ter dormido, pelo menos, quatro horas, sentindo-se descansado no momento da doação.

Klayrton de Souza – Tribuna do Leste

Postado originalmente por: Tribuna do Leste – Manhuaçu

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