Vereadores debateram sobre problema crônico que foi agravado pela pandemia; número de procedimentos na fila de espera cresceu 50% em quatro meses
O número de pessoas que aguardam na fila de espera por cirurgias eletivas no Sistema Único Saúde (SUS) de Juiz de Fora aumentou significativamente nos últimos meses. Em dezembro, o total de procedimentos que aguardavam por sua realização era de pouco mais de quatro mil. Agora, a fila de espera já conta com cerca de seis mil cirurgias represadas. O número foi informado pela subsecretária de Regulação da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Kele Delgado, durante audiência pública realizada na tarde desta terça-feira (19) na Câmara Municipal.
O encontro na sede do Poder Legislativo foi convocado a partir de requerimento do vereador Bejani Júnior (Podemos), que é presidente da Comissão de Saúde Pública e Bem-estar Social da Câmara. A audiência debateu, exatamente, os atrasos na realização dos procedimentos envolvendo as cirurgias eletivas na rede municipal de saúde, situação que se agravou desde a restrição de alguns procedimentos nos últimos anos, por conta da pandemia da Covid-19.
Ao final do encontro, todavia, muitos vereadores ficaram insatisfeitos por não conseguirem um cronograma de ação por parte da Secretaria de Saúde para a redução da fila de espera por cirurgias eletivas. Cabe lembrar que os procedimentos chegaram a ser suspensos, à exceção de casos mais graves, durante a pandemia e começaram a ser retomados em junho do ano passado. “É importante frisar que as cirurgias nunca pararam, principalmente as oncológicas e hospitalares”, afirma Kele.
De acordo com números da PJF, o número de cirurgias eletivas realizadas na cidade reduziu de forma considerável entre 2019 e 2020 e, até 2021, não havia sido retomado o mesmo patamar, o que potencializa o crescimento do número de procedimentos represados, que cresceu cerca de 50% nos últimos quatro meses. “Houve uma queda de 40% das execuções de cirurgias eletivas de 2019 para 2021.”
Segundo a subsecretária, em 2019, Juiz de Fora realizou entre oito mil e nove mil procedimentos; em 2020, esse número caiu para algo em torno de quatro mil; e, no ano passado, foram cerca de cinco mil. “A gente espera ir aumentando gradativamente.”
Problema crônico
Em sua fala inicial, o vereador Bejani Júnior, proponente do encontro, ressaltou que “as cirurgias eletivas são um problema enraizado no Município”. “Antes da pandemia já era um problema para a cidade”, ressaltou o parlamentar, que cobrou da PJF um cronograma para a equação do problema. Por sua vez, o secretário municipal de Saúde, Ivan Chebli, pontuou que é uma situação antiga e remete a 1992, quando se deu o processo de municipalização da gestão da saúde pública. Para Chebli, a dificuldade vai além do município e diz respeito ao financiamento tripartite da saúde pública.
“O Estado e o Governo federal reconhecem que existe uma demanda reprimida por procedimentos eletivos, em especial cirúrgico de média complexidade. Tanto que agora o Governo de minas, com recursos do Tesouro estadual, está tentando zerar a fila pagando valores superiores ao da tabela SUS, para ver se motiva os hospitais a aderirem à iniciativa”, afirma, citando o programa “Opera Mais, Minas Gerais”. Lançada pelo Governo do Estado no fim do ano passado, a iniciativa é uma das apostas do Município em esforço para reduzir a fila de espera por cirurgias eletivas.