Número de adolescentes grávidas cai em Juiz de Fora

O número de casos de gravidez na adolescência caiu 35% nos últimos anos, segundo o Ministério da Saúde. Em 2004, mais de 750 mil bebes nasceram de mães na faixa etária de 10 a 19 anos, enquanto que, em 2015, esse número reduziu para pouco mais de 489 mil. Evidentemente que o resultado a nível nacional refletiu no cenário de Juiz de Fora. De acordo com dados da Secretaria de Saúde (SS), 460 mulheres, com 18 anos ou menos, se tornaram mães em 2012. Em 2016, foram 398 registros.

Para a Coordenadora do Serviço de Atenção à Saúde do Adolescente (Sasad) da SS, Eriane Pimenta, a diminuição está relacionada a vários fatores, entre eles, a procura por uma orientação médica de mais qualidade. “As mulheres estão buscando mais atendimento. Elas perceberam que podem ter uma vida sexual ativa e evitar a gravidez. Isso tem se intensificado ao longo dos anos, aliado ao acesso aos métodos contraceptivos, que ficou mais fácil”, explica.

Apesar de o Ministério da Saúde afirmar que 66% das gravidezes em adolescentes são indesejadas, Eriane reforça que um desejo subentendido está por trás do que acontece nessa fase da vida. “A gravidez não é indesejada. Nessa faixa etária, existe uma vontade de amar que ocasiona a gravidez”, diz.

Eriane acrescenta que a falta de planejamento pode trazer sequelas, visto que, na maioria das vezes, o corpo da adolescente não está preparado para a gestação. “Existem dois aspectos: psicológico e emocional. Não é o melhor momento para engravidar, o corpo ainda está se formando, assim como os hormônios. É uma fase de desenvolvimento. A mulher pode até conceber uma gravidez de forma plena e sadia, se for uma pessoa saudável e tiver, por exemplo, acima dos 16 anos. Vimos muitos casos de adolescentes que tiveram partos tranquilos por estarem nessas condições. Mas também nos deparamos com casos em que, cada vez mais, as jovens têm danos emocionais, uma vez que elas não estão preparadas para absorver a passagem de filha para ser mãe”, lembra.

Neste caso, o apoio da família é fundamental para que a gravidez seja conduzida da melhor maneira. “Quando a mãe não encontra esse afeto, ela costuma procurar essa sensação com os familiares do namorado, mas nem sempre dá certo. A família deve mostrar para a filha que ela tem um lugar especial e que continuará sendo amada. A gestação precoce é muito difícil de ser absorvida. A mulher costuma não se sentir desejada no âmbito familiar e o sofrimento é ainda maior”, afirma Eriane.

 

APOIAR NÃO SIGNIFICA ASSUMIR RESPONSABILIDADE

 

“A gravidez planejada já causa impactos na vida de uma família estabilizada, imagina quando ela ocorre de maneira precoce. Os desafios são imensos. Na maioria das vezes, trata-se de uma criança que vai cuidar de outra, e dependendo da classe social, o estilo de vida da jovem vai mudar de forma ainda mais brusca”, disse a psicóloga Elisangela Pereira.

Segundo ela, essa é uma realidade que a família deve tratar da melhor maneira possível, mas não significa retirar as responsabilidades da jovem. “Cada vez mais temos visto situação em que os avós assumem completamente a criação desse neto, desonerando a jovem da participação no processo de educação da criança. Isso acaba reforçando uma segunda gravidez indesejada. É muito comum, pois como a jovem não teve ônus, não sentiu as mudanças em sua vida, ela pode continuar agindo de maneira irresponsável, impensável, sem se preocupar que pode ocorrer novamente”, explica. “Essa relação, futuramente, pode ser muito mais difícil se não for trabalhada. Pode gerar sentimento de rejeição e até de abandono com relação à criança. A família deve apoiar, mas fazer com que a adolescente tenha papel ativo na criação da criança”, completa Elisangela.

As jovens que necessitam de ajuda podem procurar o Sasad, que funciona no Departamento da Criança e do Adolescente (DSCA), localizado na Rua São Sebastião, nº 772, 4º andar, bairro Centro. O atendimento é prestado de segunda a sexta-feira, de 7h às 17h.

Postado originalmente por: Diario Regional – Juiz de Fora

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