Adriano Sílvio Neto deixa uma mensagem para a nova geração
Superação é a palavra que melhor define a trajetória de Adriano Sílvio Neto. Ex-boia-fria, das lavouras de café transpôs as dificuldades que a vida lhe impôs, tornando-se médico-veterinário e mestrado do Programa de Bioquímica Aplicada da Universidade Federal de Viçosa.
De origem simples, aos nove anos de idade já trabalhava em lavouras de café com seu pai na cidade de Matipó, onde conciliava sua árdua rotina de trabalho com os estudos. “Minha família não acreditava muito na educação, meus pais e familiares não me apoiaram muito. Mas não por maldade e sim por acreditarem, naquela época, que o interesse pelos estudos era uma forma de fugir do trabalho”, conta o hoje médico veterinário.
Sua história é contada com detalhes no livro “Diário de um Boia-Fria”.A obra começou a ser redigida quando Adriano tinha 17 anos. Na época, ele estava no terceiro ano do segundo grau, prestes a formar-se no ensino médio. Sua rotina consistia no suor do trabalho nas lavouras durante o dia, e nas aulas em uma escola pública no horário noturno. “A única forma que eu tinha de estudar para as provas era fazer um resumo da matéria aos finais de semana e durante o horário de almoço na roça, e no final da tarde enquanto esperávamos o pau-de-arara nos buscar para levar para casa”, relembra o mestrando da UFV.
E foi assim que Adriano, estudando sozinho em seus momentos de folga, conseguiu uma média de 720 pontos na prova do ENEM e conquistou uma bolsa em Medicina Veterinária através do PROUNI. Graduou-se pela Faculdade Vértice, no município de Matipó. Seu bom desempenho acadêmico rendeu-lhe um convite para lecionar na instituição de ensino, onde foi professor das disciplinas de Bioquímica Clínica Veterinária e Laboratório Clínico Veterinário.
Com o objetivo de seguir a carreira em âmbito acadêmico, em 2018, decidiu tentar uma vaga no mestrado de Bioquímica Aplicada da UFV. Aprovado no processo seletivo, ingressou na Universidade onde desenvolveu pesquisa em Análise Proteômica da lente de caninos com catarata, como bolsista do CNPq.
A mensagem que Adriano Sílvio Neto deixa para os que tem o intuito de tornar-se médicos-veterinários é de que não há barreiras intransponíveis quando se atua com amor e dedicação. “Motivar-se todos os dias e saber que as quedas virão, mas que a vontade de alcançar os objetivos é infinitamente superior aos obstáculos. A população e o mercado de trabalho merecem o melhor de nós médicos veterinários e nós também merecemos o reconhecimento pelos nossos esforços, basta apenas sermos responsáveis por isso através da qualificação profissional”, aconselha.
As informações são da Tribuna do Leste, associada AMIRT.
Foto: Divulgação/Pixabay