Debate sobre vacinação infantil contra a Covid-19 exaltou os ânimos em plenário ontem, na primeira sessão da Câmara Municipal deste ano. A polêmica começou quando o vereador Anderson Donizete de Souza (PSD) fez a leitura de um ofício encaminhado ao governo municipal defendendo que seja assegurado o direito aos pais de optarem por vacinar ou não as crianças.
No ofício, o vereador solicitou que o Executivo adotasse uma abordagem que não pressionasse os pais a imunizar as crianças e manifestou que decidir sobre a vacinação era um direito democrático. Ao defender a questão, Anderson inclusive chegou a revelar que o próprio filho não foi e nem seria vacinado contra a Covid no momento.
“O pai tem autonomia querer ou não querer [vacinar]. Eu não vacinei meu filho. Se me perguntar, não vou vacinar. Não estou falando para ninguém fazer o mesmo. Cabe a cada pai resolver sim ou não”, afirmou.
A colocação causou reação de outros vereadores em plenário, que defenderam a vacinação infantil contra a Covid e até citaram que a imunização é exigida por lei. A divergência levou a um bate-boca em plenário, inclusive com declarações do autor do ofício sobre a segurança da vacina contra a Covid.
“Não estou fazendo apologia a quem não quiser vacinar ou a quem quiser vacinar. Só estou dizendo que é uma vacina que tem praticamente dois anos que foi criada. Tomei várias vacinas quando eu era pequeno que tinham uma garantia. Essa [da Covid] não tem garantia ainda não”, disse.
O argumento foi apoiado pelo vereador Eloísio dos Santos (PTB), alegando que o Brasil é um país livre e as pessoas não podem ser obrigadas a tomar a vacina.
“Nós vivemos num país democrático. Se o pai quiser vacinar o filho ou não, ele tem todo o respaldo para isso. A melhor coisa que existe é a liberdade para fazer ou não fazer […] Na verdade, o menor índice de morte que tem é para crianças. É mínimo. E quem sabe da consequência dessa vacina daqui a dois, três, quatro anos. Se tivesse filho pequeno, não iria permitir vacinar até que desenrolasse as consequências da vacina do Covid-19”.
Já a vereadora Rochelle Gutierrez (PP) rebateu apontando que a imunização infantil é exigida no Estatuto da Criança e da Adolescência (ECA). A parlamentar inclusive reforçou que a legislação federal prevê multas e sanções para os pais que não vacinarem os filhos que tiverem comodidades ou façam parte de grupo de risco.
O vereador Túlio Micheli (PSL) também contestou os parlamentares contrários à vacinação infantil. Além de citar que a imunização está assegurada por lei, ele posicionou que a medida foi recomendada pelas autoridades sanitárias e criticou a tentativa de politizar o assunto.
“É preciso mostrar que os leitos daqui a pouco não serão mais suficientes. Entendo perfeitamente que muitos ainda teimam em politizar essa doença e isso não pode continuar sendo poltizado. Fico preocupado porque nessa Casa tínhamos que incentivar os pais a vacinarem os filhos. A partir do momento que a politização de uma doença sobressair sobre a ciência do nosso país e do mundo, as minhas esperanças de ter um país melhor vão por agua abaixo”, declarou.
A discussão se manteve acalorada em plenário por quase meia hora até o fim da sessão, inclusive com um embate direto entre os vereadores Túlio e Eloísio. Durante o pronunciamento, Túlio chegou ao ponto de questionar insistentemente se Eloísio havia tomado a vacina contra a Covid-19. Apesar da cobrança, o vereador do PTB se negou a responder e disse que tinha direito em não prestar a informação publicamente.
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Postado originalmente por: Tribuna de Minas