Usuária joga computadores no chão na Regional Leste

Dois computadores da recepção da Regional Leste foram jogados no chão por uma usuária da unidade, de 20 anos, na noite de terça-feira (4). O dano ao patrimônio, que teria sido motivado por insatisfação com a espera pelo atendimento, reacendeu a questão da insegurança dos funcionários. Um deles conversou com a Tribuna, solicitando a presença da Guarda Municipal no local 24 horas por dia, como acontece no HPS. Ele preferiu não se identificar, por temer represálias, mas contou que a equipe fica vulnerável a possíveis ataques, além de estar em uma área frequentada por usuários de drogas, muitos deles em situação de rua, às margens da Avenida Brasil, na altura do Bairro Costa Carvalho.

Mulher teria arremessado ao solo dois computadores da recepção, usados no agendamento dos usuários (Foto: Sinserpu)

De acordo com informações do boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar sobre o dano na unidade de saúde, uma enfermeira, 48, relatou que a mulher havia chegado ao local às 15h37, alegando sintomas como dor no corpo, enjoo, cefaleia e dor abdominal. O funcionário contou que a jovem passou pela triagem antes das 16h, sendo seu quadro clínico qualificado na cor verde (pouco urgente), conforme o Sistema de Classificação de Risco de Manchester, que visa a determinar um tempo máximo para o atendimento ao paciente, de forma a não comprometer sua saúde. Ainda segundo ele, a mulher foi chamada para a consulta médica às 18h08, mas não respondeu, porque já teria deixado o local. Desta forma, a ficha dela teria sido arquivada.

“Ela disse que estava com esses sintomas há três dias, mas foi embora antes do atendimento. Retornou por volta das 20h50 querendo saber se a médica iria atendê-la ou não, mas como já havia sido chamada, foi informada que teria que fazer outra ficha”, disse o funcionário. A partir desse momento, segundo a PM, foi gerado um novo protocolo, porque o anterior havia sido retirado do sistema diante da ausência da paciente.

Inconformada com a espera, de repente, a mulher arremessou ao solo dois computadores da recepção, usados no agendamento dos usuários. Após a ação, ela deixou a unidade em uma moto e não foi localizada. A perícia da Polícia Civil realizou os levantamentos no local.

“Ninguém ficou ferido, mas ela jogou monitores e teclados para dentro do balcão, podendo atingir o recepcionista. Quero ressaltar que a Regional Leste não conta com Guarda Municipal 24 horas, e toda equipe, corpo clínico e pacientes estão à mercê de pessoas como ela”, desabafou o funcionário em entrevista à Tribuna. “Ficamos totalmente descobertos. Dependemos de prever que algo vai acontecer para chamar a Guarda. Mas essa mulher não aparentava ter nervosismo, conversava em tom baixo. De repente deu a volta e começou a jogar tudo no chão. Danificou um bem público trazendo prejuízo para o próprio público. É uma situação muito desgastante para nós, que já estamos ali para prestar serviço em condições precárias, com falta de medicamentos e equipamentos.”

Em nota, a assessoria da Secretaria de Saúde confirmou a classificação de risco da paciente na cor verde. “Nesse caso, o tempo de espera indicado pelo Ministério da Saúde é de, em média, duas a quatro horas.” Ainda conforme a pasta, os dois monitores de computador derrubados na sala de triagem fizeram com que a equipe parasse de trabalhar momentaneamente. No entanto, as telas não foram danificadas, e o atendimento segue normalmente. Segundo a secretaria, nesta terça, o corpo clínico da Regional Leste estava completo, com cinco médicos atendendo das 7h às 19h, e quatro das 19h às 7h.

Já a Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Sesuc) informou que a Guarda Municipal não foi acionada pelos servidores na ocasião, o que poderia ser feito pelo número 153. “Está no plano de ação da Guarda e em fase final de construção com a Secretaria de Saúde a proposta de ampliação ao atendimento às Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e aos demais postos de atendimento de urgência e emergência. O projeto já foi apresentado ao Conselho Municipal de Saúde e, assim que os trâmites internos forem finalizados, a Guarda Municipal poderá ampliar o atendimento, aumentando a sensação de segurança de servidores e usuários da rede pública”, garantiu.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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