Setor do turismo bate recorde de participação na economia mineira

Participação de 3,9% do Valor Adicionado Bruto (VAB) do turismo no total estadual foi superior a 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil

Entre 2018 e 2019, o Valor Adicionado Bruto (VAB) do turismo de Minas Gerais saltou de R$ 19,1 bilhões para R$ 22,3 bilhões (um crescimento corrente de 16,9%). Nesse intervalo de tempo, a totalidade do VAB estadual foi de R$ 538,8 bilhões para R$ 571,5 bilhões (um crescimento corrente de 6,1%). Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) por meio do Observatório do Turismo de Minas Gerais e pela Fundação João Pinheiro (FJP), nesta segunda-feira (20/6), e fazem parte do estudo que também atualizou a metodologia de cálculo utilizada anteriormente. A metodologia de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) foi realizada a partir da revisão das atividades características do turismo constantes em um estudo contratado pela Secult em 2009.

O crescimento nominal observado no VAB do turismo em 2019, na comparação de um ano em relação ao imediatamente anterior, foi o maior da série histórica 2010-2019, o que fez com que a representatividade das atividades características do turismo alcançasse a participação recorde no VAB total estadual em 2019, de 3,90%, superando o recorde anterior obtido em 2014, ano de realização da Copa do Mundo no Brasil, de 3,70%.

Na comparação entre 2010 e 2019, o VAB do turismo estadual passou de R$ 10,8 bilhões para R$ 22,3 bilhões, enquanto o VAB total de Minas Gerais passou de R$ 305,2 bilhões para R$ 571,5 bilhões.

De acordo com o pesquisador Thiago Almeida, da FJP, vale acrescentar que o pico de participação do VAB do turismo em nível estadual alcançado em 2019 é corroborado pela variação real dos índices de volume das diferentes atividades econômicas. “Enquanto, em 2019, o volume de VAB recuou 3,6% na agropecuária, pois foi um ano de baixa produtividade no ciclo bianual da cafeicultura e de redução na produção florestal, e 6,8% na indústria, devido ao colapso na produção mineral ocasionado pelo rompimento da barragem de Brumadinho e seus desdobramentos na atividade de extração mineral, o volume setorial associado às atividades de serviços, no qual se enquadram os segmentos turísticos, evoluíram positivamente”, destaca.

De fato, o índice de volume do VAB associado à totalidade dos serviços expandiu 2,2% em 2019 na economia mineira. Apenas a administração pública apresentou retração no índice de volume do valor agregado nesse ano no estado (-1,0%). De acordo com as Contas Regionais, atividades tipicamente turísticas, como os serviços prestados às famílias (artes, cultura, esporte, recreação etc.) e os serviços de alojamento e alimentação apresentaram expansão no volume de valor adicionado em 2019 de, respectivamente, 5,5% e 5,2%.

A subsecretária de Turismo da Secult, Ane Souza, destacou a importância das informações para o setor turístico em Minas Gerais. “Os dados possibilitam compreender melhor o impacto econômico do turismo em Minas Gerais e a metodologia auxiliará no acompanhamento anual das informações. Além disso, permitem entender melhor o contexto dos setores econômicos nos municípios mineiros, auxiliando na elaboração de política públicas para o turismo”, explica a subsecretária.

Composição

No que diz respeito à composição do VAB do turismo em Minas Gerais, pode-se dizer que os serviços de alimentação fora do domicílio, que incluem bares, restaurantes, lanchonetes e similares, além dos serviços de alimentação para eventos e recepções, foram responsáveis por 45,6% do valor agregado pelas atividades turísticas no estado em 2019. Os aluguéis não imobiliários representaram 16,5% do total nesse período. Essa atividade inclui a locação de automóveis e outros meios de transporte sem condutor e os aluguéis dos equipamentos recreativos e esportivos utilizados pelos turistas. O transporte terrestre de passageiros (metroferroviário, rodoviário e serviços de táxi) representou 13,3% do VAB turístico estadual em 2019. Os serviços prestados às famílias (que incluem as atividades artísticas, criativas e espetáculos, atividades de recreação e lazer como parques de diversão e parques temáticos, a produção e promoção de eventos esportivos, além de atividades ligadas ao patrimônio cultural e ambiental como museus, jardins botânicos, zoológico e reservas ecológicas) foram responsáveis por 5,9% do valor agregado pelo turismo em Minas Gerais em 2019.

As agências de viagens e organizações de eventos, incluindo os operadores turísticos e os serviços de reserva, contribuíram em 4,7% do VAB do turismo de Minas Gerais em 2019. Os serviços de alojamento e hospedagem (hotéis, apart-hotéis, albergues, camping, pensões e similares) representaram 4,5% do valor agregado associado ao turismo estadual no ano em questão. No mesmo período, os serviços de transporte aéreo de passageiros participaram em 3,8% do VAB total turístico estadual. A representatividade das atividades auxiliares do transporte em Minas Gerais (que incluem os terminais rodoviários e ferroviários e a operação dos aeroportos e campos de aterrissagem) foi de 3,0% em 2019. O comércio vinculado ao turismo, como artigos de viagem, bijuterias, artesanatos, obras de arte, pesca, camping e artigos esportivos, representou 2,6% do VAB turístico estadual no ano analisado. Finalmente, o transporte aquaviário de passageiros foi responsável por apenas 0,04% do valor agregado pelo turismo estadual em 2019, tendo em vista que essa atividade possui maior relevância em regiões litorâneas, o que não é o caso de Minas Gerais.

Municípios com maior participação do turismo em suas economias locais em 2019

Em função da classificação dos serviços de transporte aéreo de passageiros como atividade turística, o município de Confins é o que apresenta a maior representatividade diante da presença do aeroporto internacional Tancredo Neves em seu território. O mesmo motivo explica a participação elevada observada em Goianá, onde se localiza o aeroporto Presidente Itamar Franco, também conhecido como aeroporto regional da Zona da Mata. O município de Tiradentes aparece na segunda colocação por ser um centro histórico de igrejas, monumentos e museus com a arte barroca, com atrações como a Matriz de Santo Antônio, o Santuário da Santíssima Trindade e a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, além da presença de restaurantes premiados e da ocorrência de festivais. Sapucaí-Mirim aparece na quarta posição do ranking com a presença do NR Resort Sapucaí-Mirim (Nosso Recanto), um complexo recreativo que recebe milhares de turistas e possui um dos maiores criatórios de trutas da América Latina. Em Santana do Riacho, o destaque fica por conta da Serra do Cipó, com a presença de picos, cachoeiras e paisagens deslumbrantes, além da estátua do Juquinha (um atrativo de visitação para os turistas).

Os dados e análise completa podem ser acessados no Informativo Valor Adicionado Bruto (VAB) do Turismo em Minas Gerais no Período 2010-2019, disponível no site da Fundação João Pinheiro. A apresentação pode ser vista neste link.

As informações são da Agência Minas

Foto: Pedro Vilela/MTur

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