Plantar árvores de forma indiscriminada desafia equilíbrio da biodiversidade na área urbana

A prática de suprimir árvores de idade avançada e tentar compensar com o plantio de novas mudas não é tão benéfica quanto o discurso que a acompanha. De acordo com a doutora em Engenharia Ambiental, Patrícia Martins, a medida compensatória não supre a necessidade de manutenção do ecossistema já presente no local. Desta forma, é mais saudável, e harmonioso, zelar pelas árvores “velhinhas” do que alterar o equilíbrio vegetal do local.

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Todo o manejo de velhas e novas árvores deve levar em consideração o ambiente onde a espécie se encontra. Segundo Patrícia, a presença de uma árvore mais antiga em uma área verde garante que a região já encontrou o equilíbrio necessário de habitação, e modificá-lo seria colocar em cheque as organizações biológicas já existentes. As áreas verdes, principalmente na zona urbana, funcionam como verdadeiros oásis.

“Em uma área verde existe uma biodiversidade, com diversas espécies. Isso demora muitos anos para ser desenvolvido. Se você utiliza o ipê-mirim, por exemplo, que não é da nossa região, para replantar, você altera as condições daquele ambiente. Existem grandes áreas verdes que vão demorar quase 100 anos para crescerem da mesma maneira, então não é plantando dez árvores novas que você compensa a supressão de uma de 100 anos, porque a mais velha tem um valor ambiental muito maior”, argumenta a doutora.

Calçada nessa tese, a engenheira ambiental critica o plantio indiscriminado de árvores no passeio das residências. Essa imposição de mudas em áreas distintas prejudica o bem-estar ecológico da região e sequer resolve os problemas do corte irresponsável de árvores. Patrícia afirma que a questão ambiental deixou de ser apenas dos ambientalistas, mas passou a fazer parte do cotidiano das pessoas.

“Tem estudos feitos pela UFTM que avaliam as escolas próximas às áreas verdes, e ficou constatado que os alunos não desenvolvem problemas respiratórios. A área extensa de conservação traz saúde para a população. A questão ambiental deixou de ser apenas dos ambientalistas para entrar na nossa realidade do dia a dia. As crianças, os idosos, sentem muito mais os reflexos da poluição, da baixa umidade, e nós precisamos preservar o ambiente mais equilibrado”, declara Patrícia.

Como luz ao labirinto de ideias, Patrícia sugere que seja feito um estudo mais detalhado sobre as árvores que serão utilizadas nos processos de compensação. Não podem ser árvores muito grandes, pelo espaço da tubulação de água e esgoto, e nem muito pequenas, já que o impacto é ilusório.

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

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