Fundação Ezequiel Dias investiga novas amostras de casos infectados
O recente aumento de casos de covid-19 em Minas Gerais levou a Fundação Ezequiel Dias (Funed) a sequenciar novas amostras de casos infectados para investigar o perfil das linhagens genéticas do vírus em circulação. Nas últimas 24 horas, conforme dados do boletim da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) dessa terça-feira (13), foram 8.279 casos em todo o estado, com 49 mortes confirmadas.
Os resultados confirmam o espalhamento da variante ômicron BQ.1 na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e no interior do estado.
Em 25/11, o Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (Lacen-MG/Funed) realizou o sequenciamento genético de 95 amostras positivas para SARS-CoV-2 e um controle negativo. As amostras analisadas foram coletadas no período de 15/10 a 18/11. Dessas, 94 tiveram o genoma do vírus detectado. Todos foram classificados pertencendo à variante ômicron, sendo 61 ligados à linhagem BQ.1 e suas descendentes (64.90%), 25 à linhagem BA.5 (26.6%), cinco à linhagem BA.4 (5.32%), dois à linhagem BF.7 (2.12%) e uma à linhagem BN.1 (1.06%).
Ludmila Oliveira Lamounier, analista e servidora do Serviço de Virologia e Riquetsioses (SVR) da Fundação, destaca que, nesse sequenciamento, em maior parte, as amostras foram classificadas como relacionadas à linhagem BQ.1.
“As amostras foram coletadas em diferentes municípios do estado de Minas Gerais. É importante observar também que foi detectada, pela primeira vez no estado, a linhagem BN.1. Contudo, com os dados atuais, ainda não podemos inferir sobre o impacto dessa variante no contexto epidemiológico, sendo de extrema importância o trabalho da vigilância genômica para monitorar essa linhagem e outras que podem surgir”, afirma.
As linhagens BA.4, BA.5, BF.7, BN.1 e BQ.1, assim como suas sublinhagens, pertencem à variante ômicron, que é considerada uma VOC (variante de preocupação), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O bioinformata do SVR/Funed, Luiz Marcelo Ribeiro Tomé, lembra que apenas com esses dados ainda não é possível afirmar que a linhagem BQ.1 é a prevalente no estado neste momento.
“No entanto, levando em consideração o aumento do número de casos em Minas Gerais, e uma maior detecção dessa linhagem, podemos sugerir que há uma tendência para que ela se torne dominante”, pondera Luiz.
Segundo a virologista e Coordenadora Estadual de Laboratórios e Pesquisa em Vigilância, Jaqueline Oliveira, até o momento, foram identificados 164 casos da subvariante ômicron BQ.1 e suas descendentes em 34 municípios do estado.
“A idade dos casos variou de 1 a 90 anos, com mediana de 40 anos. Um total de 112 (59,6%) casos do sexo feminino e 76 (40,4%) casos do sexo masculino. Informações epidemiológicas complementares, como histórico vacinal e desfecho dos casos estão em investigação pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS-Minas)”, explica Jaqueline.
De acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), a linhagem BQ.1 possui mutações na região da proteína spike. Entretanto, ainda não há dados sobre o impacto dessas mutações na gravidade da covid-19, sendo as vacinas e todas as medidas de segurança importantes medidas para o controle da doença.
Bivalentes
Com a emergência das variantes genéticas é importante ressaltar que o SARS-CoV-2 pode adquirir mecanismos de evasão a resposta imune e a neutralização fornecida pelas vacinas. Por essa razão, estão sendo desenvolvidas as vacinas de segunda geração, chamadas de bivalentes.
O Brasil recebeu os primeiros lotes de vacinas bivalentes contra a covid-19 na segunda-feira (12/12). De acordo com a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as vacinas bivalentes podem ser aplicadas no Brasil como dose de reforço na população acima de 12 anos. Os imunizantes aprovados são a bivalente BA.1 que protege contra a cepa original e também contra a subvariante ômicron BA.1; e a bivalente BA.4/BA.5 que protege contra a cepa original e também contra as subvariantes ômicron BA.4/BA.5.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) aguarda as diretrizes do Ministério da Saúde quanto à disponibilidade das vacinas bivalentes e reitera a necessidade de a população tomar as doses de reforço contra o SARS-CoV-2 disponíveis, para uma efetiva proteção.
Segundo Jaqueline, “as vacinas disponíveis no momento são eficazes contra a doença e protegem contra casos graves e óbitos. Estudos mostram que a estratégia de reforçar o calendário vacinal aumenta em mais de cinco vezes a proteção contra casos graves e óbitos pela covid-19. A população deve procurar os postos de vacinação mesmo após o prazo para a dose de reforço”.
As informações são da Agência Minas.
Foto: Priscilla Fujiwara / Funed