Indústria mecânica apresenta crescimento de 10% em Minas

Se a performance da indústria mecânica sinaliza a disposição da indústria como um todo de investir e se modernizar, Minas Gerais vai bem, obrigado. As encomendas para o setor que produz bens de capital não param de chegar, em maior ou menor grau, de clientes tradicionais, como mineradoras, empresas do setor sucroalcooleiro, de gás natural, petróleo e gás e infraestrutura.

Este é um mercado que se manteve aquecido durante a pandemia, com demandas que fizeram o setor crescer 4% em 2021 e ter um incremento de 10% nos primeiros oito meses de 2022, quando comparado ao mesmo período do ano passado.

Os exemplos são inúmeros. “No setor sucroalcooleiro e na suinocultura, as empresas estão investindo em plantas de biogás e estão pedindo muitos orçamentos. É uma maneira de melhorar e tornar mais sustentável o processo industrial”, relata o presidente do Sindicato da Indústria da Mecânica do Estado de Minas Gerais (Sindmec), Daniel Junqueira.

Segundo o dirigente, a tendência é de melhorar ainda mais nos próximos anos, inclusive no setor público. “Grande parte dos recursos do acordo com a Vale será usada em obras de infraestrutura”, exemplifica.

A indústria mecânica tem um regime especial tributário para comprar e vender em Minas Gerais, o que, segundo Junqueira, é especialmente importante para uma atividade que trabalha com alto capital de giro. Afinal, tem um ciclo financeiro estendido: são 180 dias entre a compra e a entrega e, entre outros custos, o projeto precisa reunir desde o início uma equipe sofisticada de técnicos e engenheiros.

Isso não quer dizer que a indústria mecânica não tenha enfrentado, como outros setores industriais, alguns reveses neste período, como aumento de custos e a escassez de insumos. Mesmo que tenha sido um dos últimos setores a sofrer impactos, já que trabalha com projetos sob encomenda e a longo prazo.

“Durante a pandemia, a indústria aproveitou os juros baixos para se modernizar e investir no parque tecnológico. As siderúrgicas não estavam acreditando que a demanda iria continuar e chegaram a parar alto-forno, o que nos trouxe transtornos para encontrar matéria-prima”, conta o presidente do Sindmec, que reúne 150 empresas mecânicas mineiras.

O universo total é de cerca de 2 mil empresas com mais de dois funcionários atuando em Minas. Não pertencem à base territorial do Sindmec polos metalomecânicos importantes como Ipatinga, Sabará, Santa Luzia, Vespasiano ou Patos de Minas.

Segundo Junqueira, uma das dificuldades da indústria mecânica é que, ao trabalhar sob encomenda e para atender projetos específicos, o setor não contrata uma cota permanente de aço, por exemplo, e aí não consegue um preço melhor das siderúrgicas.

“Os problemas de fornecimento já normalizaram, mas o custo ainda pesa, já que o aço representa 30% da planilha, que inclui ainda máquinas eletrônicas e pessoal qualificado, entre outros. Mas somos especialmente sensíveis às variações no câmbio e, consequentemente, no preço do aço. Além do mercado ser restrito, com poucos fornecedores”, revela.

O otimismo com o futuro não exclui o receio com alguns desafios, como a sempre presente concorrência chinesa e uma possível instabilidade do mercado neste período de eleição.

“A tendência é estabilizar os custos, com queda no final”, acredita o empresário. “O que a gente não pode é parar de investir em inovação e tecnologia, já que a indústria nunca para”, finaliza.

As informações são do Diário do Comércio

Foto; Alisson J. Silva/Arquivo DC

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