Entenda o que é poliomielite e meningite e como você pode se proteger

Como consequência da baixa cobertura vacinal, essas doenças voltaram a acender um alerta nas equipes de saúde

No Brasil, a campanha de vacinação contra a pólio vigora desde 1980 e, em 1994 a  Organização Mundial da Saúde certificou que o país finalmente estava livre da poliomielite. Diferentemente da poliomielite, a meningite nunca foi erradicada no Brasil, é considerada endêmica e tem alta taxa de letalidade. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece imunização gratuita para as duas doenças. 

Para quem já foi afetado, a vacina representa um grande conforto. É o caso da Ana Cristina, de 53 anos.

Moradora de Belo Horizonte, Ana Cristina teve meningite aos seis anos de idade e sofreu perda parcial da visão e nistagmo (movimento involuntário dos olhos).

“Eu tinha 5 anos e estava no meu primeiro dia de escola quando comecei a ter febre. Me lembro de poucas coisas e no dia seguinte não conseguia mexer a cabeça. Era uma época de surto e tinha perdido um primo há poucos dias para a doença.”

A pedagoga relembra o sofrimento do tratamento: “Foram 11 dias e 11 noites no hospital. 24 horas por dia de soro. Naquela época não existia acesso então,  quando o soro acabava tinha que pegar outra veia. Fiquei isolada esses dias todos e meu avô materno passou todo esse tempo sentado no pátio do hospital. Às vezes me levavam até a janela pra ele me ver. O menino que estava ao meu lado não resistiu. Devia ter a minha idade.”

Questionada sobre o movimento antivacina que explica a baixa cobertura vacinal no Brasil, Cristina reforça o medo da doença: “Fico em pânico com a ignorância de alguns pais. Acho que deveriam ser presos.  A vacina é um direito constitucional das crianças. Está bem claro no ECA.”

Brasil em alerta

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim) estima que cerca de 30 em cada 100 crianças brasileiras não estejam completamente imunizadas contra a poliomielite. 

Mas o problema não é só nacional, desde 2020 o número de crianças protegidas contra a pólio vem sofrendo um declínio preocupante nos países da América do Sul e Norte. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS, em 2020, 12 países registraram menos de 80% de cobertura para a terceira dose da vacina contra a poliomielite, a taxa de cobertura ideal para continuar mantendo a doença erradicada é de 95%. 

No início deste ano foram diagnosticados sete casos de poliomielite em Israel e em setembro um caso no condado de Rockland, nos Estados Unidos, chamou ainda mais a atenção das equipes de saúde para reforçar a importância da vacinação.

Os números de meningite são mais preocupantes. Em Minas Gerais, de janeiro a setembro deste ano, foram registrados 617 casos confirmados e 92 óbitos.

Conheça mais sobre essas doenças e como se proteger

A poliomielite é uma doença contagiosa causada por um vírus que vive no intestino e acomete com mais frequência crianças menores de quatro anos, mas também pode afetar adultos. O período de incubação da doença varia de dois a trinta dias sendo, em geral, de sete a doze dias e a principal consequência da doença é a paralisia dos movimentos musculares. 

Já a meningite é uma inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal, geralmente causada por uma infecção viral, mas também pode ser de origem bacteriana ou fúngica. A principal consequência da doença é a perda dos sentidos, como audição e visão, além de prejudicar o aprendizado e a fala. Em casos mais complexos, a epilepsia e a paralisia cerebral também podem ser complicações decorrentes da doença.

O esquema de vacinação contra a poliomielite começa aos dois meses de idade, com a vacina VIP ou “vacina inativada poliomileite”. Após essa primeira dose, a criança precisa de reforço aos quatro e seis meses. A proteção é continuada através de duas doses da Vacina Oral Poliomielite (VOP) ou, como é conhecida, a gotinha. A primeira dose da gotinha após a vacinação com a VIP é entre os 15 e os 18 meses de idade e, a última, aos 4 anos de idade. Ao completar esse esquema da VIP e VOP, a criança fica protegida contra a doença.

No caso da meningite, a vacina contra todos os tipos da doença só ficou disponível de forma gratuita em 2020. Antes disso, o SUS oferecia apenas a vacina para o  sorogrupo C. A imunização para os tipos A, C, W e Y eram oferecidas somente na rede privada, com um preço variando entre R$ 300 a R$ 800. Agora é possível se imunizar contra todos os tipos da doença (ACWY) de forma gratuita. O esquema vacinal acontece aos três, cinco e 12 meses de idade, com um reforço na adolescência, aos 11 e 12 anos.

Foto: Pexels.

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