Sandro Neves
Diversas árvores foram suprimidas em um quarteirão da avenida da Saudade na manhã de ontem em virtude de obras do BRT
Na manhã desta sexta-feira (2), agentes da Secretaria de Serviços Urbanos estiveram no início da avenida da Saudade para cortar várias árvores entre as ruas Bento Ferreira e Alfen Paixão. A via receberá trecho do eixo Sudeste/Sudoeste do BRT/Vetor e já foi alvo de diversos protestos do movimento “Marcadas para morrer… ou viver!”, que busca a proteção das espécies arbóreas em Uberaba.
A medida causou espanto e muita indignação nas redes sociais, pois em 2016, quando o Município iniciou processo de condenação e corte de árvores pelas vias por onde passará o eixo do BRT, uma mobilização popular conseguiu garantias da Prefeitura de que mais nenhuma árvore seria cortada. Além disso, à época, o Município também se comprometeu a fazer a compensação ambiental, sendo que para cada árvore cortada seria feito o plantio de 60 mudas em outro local, totalizando três mil novas árvores.
O ambientalista Cacá Sankari ficou estarrecido com a medida. Segundo ele, o movimento, que reuniu mais de 300 assinaturas e participou de diversas negociações com o Município, conseguiu salvar pelo menos 200 árvores que seriam cortadas ao longo do trajeto do eixo Sudeste/Sudoeste do BRT. Para Sankari, não há representatividade ambiental em Uberaba, pois a Secretaria de Meio Ambiente funciona mais como um cartório de licenciamento ambiental para obras que não têm a devida fiscalização, como seria o caso do próprio consórcio responsável pelo projeto.
Cacá Sankari reforça ainda que das árvores que foram transplantadas, em pleno período da seca, praticamente nenhuma sobreviveu, pois o procedimento não foi feito com técnica adequada. De acordo com o ambientalista, as árvores cortadas agora são de pequeno porte e poderiam ser transplantadas, se o Município tivesse sensibilidade ambiental. “O que eu queria saber é em que essas árvores iam atrapalhar. Qual é largura da faixa amarela no asfalto, entre uma pista e outra? Já fizeram um recuo de mais de 10 metros da Bento Ferreira com a avenida da Saudade”, frisa.
Segundo Sankari, o movimento vai procurar a atual promotora de Defesa do Meio Ambiente, Gláucia Vasques Maldonado de Jesus. “E agora, tem lei? Como os vereadores e a Promotoria vão se posicionar? Qual a justificativa da Secretaria de Meio Ambiente? Mais uma vez, vemos a Secretaria de Meio Ambiente a serviço da destruição do verde”, conclui.
Prefeitura alega falta de estabilidade e ameaça à segurança para a supressão
Por meio de nota encaminhada pela assessoria de comunicação, a Prefeitura argumenta que as árvores que foram suprimidas na avenida da Saudade apresentaram falta de estabilidade, colocando em perigo a segurança de pedestres e veículos. “Seis árvores que tinham suas raízes superficiais, ficaram mais expostas devido à reestruturação do canteiro central para a obra do BRT/Vetor. Mediante a instabilidade observada pelos técnicos e confirmada pela bióloga da Semam, devido ao grande movimento de veículos e a própria passagem do ônibus BRT pela faixa da esquerda, sendo necessária a supressão.
Outras duas árvores avaliadas apresentaram estado fitossanitário comprometido, como cupins, galhos epicórmicos, fungos e necrose no caule, o que também se torna um risco”, destaca o texto.
A nota esclarece ainda que, no mesmo dia, a Secretaria de Serviços Urbanos plantaria outras árvores, “mas com alinhamento e profundidade correta, sem comprometer a segurança das pessoas e veículos que passam pelo local. Serão plantadas espécies corretas para a área urbana, sendo oito palmeiras já com 3 metros de altura que vão embelezar a avenida e cumprir seu papel ambiental”.
Postado originalmente por: JM Online