Chacina de Unaí: começa o julgamento do ex-prefeito acusado de ser o mandante

Começa hoje (24), em Belo Horizonte, um novo julgamento de Antério Mânica, ex-prefeito de Unaí e suspeito de ser mandante do crime que ficou conhecido como Chacina de Unaí, ocorrido em 2004. Membros do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho realizam uma manifestação pedindo por justiça em frente à Justiça Federal.

Na época, os fiscais do trabalho Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves, que investigavam denúncias de trabalho escravo na região, foram emboscados e assassinados na zona rural da cidade de Unaí. O motorista, Aílton Pereira de Oliveira, que estava com os fiscais também foi morto.

Em novembro de 2015, Antério foi condenado pelo Tribunal do Júri da Justiça Federal de Minas Gerais a 100 anos de prisão por homicídio quádruplo, triplamente qualificado por motivo torpe, mediante paga e sem possibilidade de defesa das vítimas. Mas 3 anos depois, em novembro de 2018, teve sua condenação retirada após análise de recurso interposto pela defesa do réu. Na ocasião, a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região anulou a condenação e determinou a realização de novo julgamento, já que os desembargadores consideraram as provas contra ele insuficientes.

Contudo, para o Ministério Público Federal (MPF), há provas suficientes que comprovam o envolvimento do ex-prefeito na chacina. Segundo o MPF, um Fiat Marea azul, igual ao da esposa de Antério, foi avistado no dia anterior ao crime durante um encontro entre os executores e os intermediários em um posto de combustíveis. O Ministério também confirmou por meio de documentos do DETRAN, que o único carro com tais características na cidade de Unaí pertencia à mulher.

Ainda foram identificadas ligações realizadas da fazenda do réu para a cidade de Formosa, em Goiás, local onde residia um dos assassinos. Outra prova importante seria o fato de uma testemunha ter visto uma reunião entre os envolvidos, inclusive o ex-prefeito na fazenda de Hugo Pimenta, acusado de ser um dos intermediários da chacina. Além disso, ainda há registros de que o acusado teria ligado para a delegacia do trabalho da cidade, reclamando que os fiscais estavam ameaçando os interesses políticos dele na região.

Foto: Reprodução/Globo News/G1

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