A assistência à saúde dos idosos atendidos pelo programa Mais Vida pode estar comprometida. A Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra (Acispes), responsável pela execução dos serviços, não vem recebendo os repasses de verbas oriundos do Governo de Minas para custear o serviço. A dívida, que se arrasta desde 2016, totaliza R$4.905.576,28. O atraso implica no funcionamento de toda a rede.
Diante da situação, a assembleia dos prefeitos dos municípios consorciados à Acispes decidiu paralisar o atendimento, a partir de 1° de fevereiro, até que o pagamento do débito seja regularizado. Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) afirma que não há previsão para a resolução, por conta da crise financeira que atinge o estado.
“Entendemos que todos os estados passam por dificuldades financeiras, mas a Acispes chegou ao limite. Há um ano e cinco meses, trabalhamos sobre essas condições, mas sentimos que se continuar dessa forma pode prejudicar a saúde financeira da agência e das 26 cidades que são atendidas pelo consórcio”, afirma a médica coordenadora do Centro Mais Vida, macrorregião Sudeste, Elaine Barbosa.
Por exigência da SES-MG, o centro, que funciona na sede da Acispes, no bairro São Mateus, região central, realiza cerca de 600 atendimentos mensais, provenientes dos 94 municípios que fazem parte da macrorregião Sudeste. O paciente passa por avaliação realizada por uma equipe composta por profissionais de diversas áreas, como médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, fonoaudiólogos, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais. “Durante os atendimentos são realizados diversos exames, em que são observados vários aspectos, como a parte física, psíquica, social, entre outros”, diz Elaine.
Através do laudo médico, é elaborado o plano de cuidados do idoso, que aponta os principais problemas de saúde do paciente e as sugestões de tratamentos e utilização de medicamentos, facilitando o atendimento do paciente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de seu município.
Apesar do impasse, Elaine reitera que, em nenhum momento, os pacientes foram desassistidos, e que irão receber assistência até o fim do mês. “Nesse período, de maneira alguma o idoso foi prejudicado. Para se ter uma ideia, o centro conta com mais de 30 profissionais de terceiro grau, todos eles geriátricos ou gerontólogos, que oferecem medicina de média-alta complexidade, voltada para a fragilidade do idoso. Nenhum deles quer parar, e todos serão atendidos até o início das paralisações”, reforça.
Com intuito de mobilizar as autoridades, a equipe da Acispes está programando um “abraço solidário” com todos os idosos atendidos, no dia 2 de fevereiro, às 10h, em frente à entrada principal da entidade, em Juiz de Fora. “O idoso frágil é aquele que está propício a ter mais doença, ser internado, adoecer e morrer. A desassistência ao programa significa que o estado está perdendo a chance de oferecer um auxilio geriátrico moderno, e a condição dessa pessoa envelhecer com qualidade de vida e autonomia. A Atenção Primária não consegue absorver essa demanda com a mesma agilidade do centro. As cidades não possuem equipes que consigam realizar exames de forma coletiva em apenas um dia. Em todos esses anos, foram quase 68 mil idosos atendidos”, lembra.
NOTA DA SES-MG
Em nota, a secretaria informou que “o Estado de Minas Gerais enfrenta um crescente déficit financeiro decorrente do aumento de despesas pela insuficiência de receita, refletindo em todos os seus órgãos, bem como na SES-MG. Dessa forma, o Governo de Minas decretou situação de calamidade financeira no âmbito do Estado, de acordo com o Decreto nº 47.101, de 5 de dezembro de 2016. Diante disso, estamos nos esforçando para honrar os compromissos pactuados, manter nossas ações e dar os melhores encaminhamentos possíveis, ante o contexto supracitado”.
Postado originalmente por: Diario Regional – Juiz de Fora