Amor e respeito podem mudar a vida de uma criança autista; ouça a entrevista

O autismo, apesar de ser conhecido pelo nome, ainda é uma condição que não é compreendida por muitas pessoas 


Abril é o mês de conscientização do Transtorno Espectro Autista (TEA) ou autismo como é mais conhecido. A condição é caracterizada pelo conjunto de particularidades que afetam o desenvolvimento em áreas cognitivas, sociais, comportamentais e emocionais, sendo que em cada indivíduo ela se apresenta de forma diferente.

Lucas Eduardo, psicólogo e psicanalista, explicou como o autismo pode ser identificado. “Ele se dá a partir do momento em que os pais, a escola, os cuidadores que estejam em contato maior com a criança começam a notar questões que chamem a atenção”. Segundo o psicólogo, algumas características do autista são: dificuldade ou recusa de se comunicar e brincar ou em entender regras de um jogo, isolamento, objeções a contato visual e ao toque físico, fixação em uma atividade ou objeto.

Pela perspectiva da psicanálise o diagnóstico de pacientes autistas tende a ser mais demorado. Para isso, o psicólogo deve tentar se aproximar do paciente para que seja criado vínculo. “Ele precisa entender o que ele gosta, de que forma ele se apresenta como sujeito durante as sessões, se ele consegue falar de si, seja no desenho, na música, na pintura. A partir daí pode ser feito um diagnóstico e, assim, uma orientação para os pais”, afirmou Lucas.

Assim que confirmado o diagnóstico, o psicólogo orienta que os pais respeitem o tempo de seus filhos. “Assim como nós, eles também são sujeitos com suas complexidades, com suas dificuldades, com suas limitações. Como qualquer criança, ela merece ser respeitada, ser ouvida, ter atenção. É necessário que você passe um tempo com seu filho”. Além disso, Lucas aconselha que os pais dediquem tempo ao crescimento e desenvolvimento da criança autista. “É importante que vocês conheçam o que é o autismo e que procurem profissionais diferentes, tentem abordagens de terapias e de intervenções diferentes, mas a atenção em casa, o cuidado em casa, também é ideal”.

O carinho e as demonstrações de afeto também devem ter seu espaço quando se trata de uma pessoa autista. “Sempre que possível mostre ser afetuoso com seu filho, elogiando-o, mostrando como ele é parte daquela família, como ele é importante e deixando que ele se expresse através de seus gostos e seus desejos”, detalha.

Por fim, Lucas indica que os pais que possuem dificuldade em lidar com seus filhos autistas procurem um psicólogo para que eles possam ser orientados. Outra sugestão é que os pais procurem grupos de apoio de mães com filhos autistas para que um dê suporte para o outro.

Vida normal

Muitos se perguntam se é possível ter uma vida normal e ser autista. Conforme explica o psicólogo, é possível sim. “Vão ter autistas que conseguirão ter uma vida autônoma, morar sozinho, terminar o ensino médio, frequentar uma universidade, ter uma carreira profissional.  Mas também vão ter outros autistas que não vão ter condição de fazer isso tudo, mas podem sim ainda ser sujeitos funcionais, sujeitos que ajudem em casa, que possuem responsabilidades, que podem também ter uma vida afetiva. O importante é que seja respeitado o momento, o tempo e o sujeito. O que ele dá conta, o que ele quer fazer e o que é possível de se fazer com o contexto que ele tá inserido”.

Por: Patrícia Marques

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