A culpa não é da árvore!

Lidiane Espíndula

Recorrente a todo final e início de ano, enchentes e quedas de árvores geram incômodos e tragédias para a população urbana. Mas por que isso acontece? E de quem é a culpa? Da árvore? Infelizmente a solução radical é não plantar árvores nas calçadas para evitar que a situação se repita, mas será que é a melhor alternativa?
Muitas são as consequências dos grandes volumes de água no período chuvoso, principalmente no meio urbano. O volume do rio aumenta atingindo as edificações, há deslizamento de encostas, novos buracos aparecem nas vias, além do constante registro de quedas de árvores, que podem atingir pedestres e veículos. Diversos prejuízos patrimoniais e à vida são registrados, seja pelo tombamento total ou parcial das espécies arbóreas.

Há vários motivos que intensificam a queda das árvores nesse período, tais como: a força do vento; as raízes que não cresceram adequadamente; a ação de cupins, fungos e brocas e a má condução de podas anuais sem o acompanhamento de um especialista, derivando em mutilações que podem prejudicar o sistema radicular das plantas, proporcionando um crescimento desordenado dos galhos, conformações anormais das copas, má cicatrização que resulta na infiltração de água e no apodrecimento dos galhos e do tronco. Além disso, pode acontecer das podas serem feitas apenas de um lado da árvore, para desobstruir as redes de energia, e quando isso acontece o peso da mesma se concentra em apenas um dos lados, facilitando seu tombamento.

Ainda, a arborização sem planejamento pode provocar curto circuito nas redes aéreas de distribuição de energia com interrupção no fornecimento da mesma, comprometimento de tubulações de água e esgoto quando as árvores possuem raízes invasivas que também podem danificar calçadas, entre outros problemas.

Mas então, qual a solução para diminuir os acidentes causados principalmente no período chuvoso? Manutenção adequada! É importante que, além da poda regular, haja uma equipe pública especializada para verificar a saúde das árvores e se as mesmas apresentam riscos de queda. Um concomitante programa de monitoramento e a devida orientação da população para o plantio de espécies arbóreas adequadas diminuiria consideravelmente os problemas.

A solução nunca pode ser deixar de plantar árvores na cidade. Isso porque as árvores possuem diversos benefícios, não só proporcionar sombra e diminuir a temperatura e reduzir o consumo de energia com ar condicionado, como também podem absorver ruídos, controlar a umidade, controlar a velocidade dos ventos, dar frutos, atrair pássaros, proporcionar harmonia estética e bem estar, além de aumentar a drenagem do solo, uma vez que armazenam uma grande quantidade de água em suas folhas, diminuindo o volume de água nas vias.

Então vamos plantar árvores! Cada vez mais! Quando há um bom planejamento na escolha e inserção das árvores no meio urbano, além de uma constante manutenção, os benefícios são sempre compensadores. É importante que o poder público também entenda as vantagens da arborização na cidade e suas responsabilidades em manter as árvores saudáveis, para que haja maior segurança e melhor qualidade de vida para os cidadãos.

Lidiane Espindula
Mestre em Arquitetura e Urbanismo (UFES) e Paisagista (UFLA)
Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário UNIFACIG

Postado originalmente por: Tribuna do Leste – Manhuaçu

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