A UFMG já realizou quase duzentas pesquisas em diversas áreas sobre a pandemia da Covid-19
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tem sido destaque nas pesquisas sobre a pandemia da Covid-19, que cerca a população do mundo todo. Desde o início, os pesquisadores da instituição têm trabalhado no desenvolvimento de vacinas, no monitoramento do vírus e no diagnóstico da doença, mas os estudos não se limitam apenas na área da saúde.
O combate às fake news durante a pandemia, a criação de projetos para minimizar os efeitos da doença e até as mudanças psicológicas das crianças e adolescentes que estão vivendo em isolamento social, são pautas nos diversos departamentos da Universidade. A testagem de uma das vacinas contra o coronavírus em Minas Gerais foi um dos últimos destaques que envolvem a UFMG.
A candidata que têm deixado os especialistas e as pessoas, em geral, esperançosos é a Ad26.COV2.S, desenvolvida pelo grupo norte-americano Johnson & Johnson. A empresa pretende testar a vacina em 30 a 60 mil participantes, em países como Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru, África do Sul e Estados Unidos, além do Brasil.
A farmacêutica responsável pela criação do produto precisou suspender temporariamente a fase atual de testes. O adiamento foi decretado depois de um dos participantes apresentar sintomas de uma doença desconhecida. No decorrer da medida, a Universidade também precisou adiar o processo de testagem e aguarda uma definição da Johnson & Johnson que determinará quando será o retorno dos testes.
No Brasil, a Faculdade de Medicina da UFMG ficará responsável pelo processo de condução dos ensaios e testagem. Cerca de dois mil voluntários poderão participar dos testes, assim que eles forem liberados. As inscrições foram abertas nas últimas semanas, e para concorrer à aplicação é necessário apenas ter mais de 18 anos, sem limite superior de idade.
O estudo inicial, que faz parte da Fase 3 da vacina, mostrou segurança e apontou que ela pode induzir resposta imune com apenas uma única dose. Os resultados parciais que mostram a eficácia da Ad26.COV2.S são referentes a uma parte dos vacinados nas Fases 1 e 2 de testes.
Em coletiva realizada pela instituição, o professor da Faculdade de Medicina e líder do grupo de pesquisa da UFMG, Jorge Pinto, falou sobre o combate à doença e sobre a participação da faculdade na busca de respostas positivas contra o coronavírus.
“Nós fazemos parte de uma rede formada pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, com o objetivo de dar resposta rápida à infecção por SARS-Cov-2. O foco de atuação dessa rede são vacinas e anticorpos monoclonais, que tem capacidade de bloquear a doença ainda nas fases iniciais. O estudo desses anticorpos ainda está em preparação”, salientou.
As redes de pesquisas envolvem cerca de 200 centros acadêmicos em todo o mundo. Trabalhando na mesma agenda, essa atuação conjunta dá potência aos resultados e acelera o processo de desenvolvimento das vacinas. O cadastro para os voluntários interessados em participar do estudo da candidata para a prevenção da Covid-19 segue aberto, mesmo após a suspensão dos testes. A universidade entrará em contato com cada inscrito assim que a farmacêutica der continuidade na fase de testes.
Reportagem de André Viana com colaboração de Carolina Marçal.