Planta de amônia abandonada pela Petrobras pode ser retomada
Investidores nacionais e internacionais estariam interessados em retomar o projeto de construção de uma fábrica de amônia em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Iniciada, mas abandonada pela Petrobras em 2015, a unidade depende da implantação de um gasoduto na região. A prefeitura da cidade vem atuando ativamente em prol da retomada do empreendimento, com articulações junto aos governos estadual e federal.
De acordo com o secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação de Uberaba, Rui Ramos, em vistas de viabilizar o investimento, a área de 1,86 milhão de metros quadrados poderá ser destinada à produção de outro fertilizante, que não apenas a amônia, como previa o projeto original. Além disso, o gasoduto não necessariamente precisará ser construído pela mesma empresa que assumir a indústria.
“São várias as possibilidades. Temos propostas de estrangeiros e brasileiros, juntos e separados. Estamos avaliando as opções para viabilizar o projeto. E, na realidade, não necessariamente precisará ser uma fábrica de amônia, temos demanda por outros tipos de fertilizantes e a produção local favoreceria o agronegócio nacional”, diz.
O secretário destaca que a área já possui projeto e infraestrutura básica de fundação e que o projeto de engenharia foi solicitado à Petrobras, como forma de aumentar a atratividade ao empreendimento. Ele afirma também que a estatal poderá disponibilizar sua faixa de dutos que passa por Uberaba para abrigar o gasoduto, mediante negociação e contrato com o futuro investidor.
Sobre os investimentos, Ramos alega ser cedo para estimar. Segundo ele, as cifras ainda dependem do desenvolvimento e avanço do projeto. E reforça que se trata de um assunto complexo, permeado por uma série de variantes e aportes elevados. Algo que não terá solução no curto prazo.
A versão da Petrobras, batizada de Unidade de Fertilizantes Nitrogenados V (UFN-V), teve os trabalhos iniciados em 2014, que foram suspensos um ano depois com cerca de 30% de execução mediante custo superior a R$ 1 bilhão. O projeto total previa inversões de mais de R$ 2 bilhões.
Há alguns anos e após imbróglios, a Petrobras realizou leilão dos equipamentos que constariam na unidade de Uberaba. Mais recentemente, em 2021, a estatal chegou a colocar o terreno à venda por mais de R$ 8 milhões. A alienação foi suspensa após negociações do município com o governo estadual. Depois disso, num trabalho de aproximação com o Executivo mineiro, o município conseguiu, enfim, a cessão da área. A celebração do acordo ocorreu no fim do mês passado.
Ramos explica que a cessão da área vale por 20 anos, prorrogáveis por mais 20 anos, se necessário. Segundo ele, existe um compromisso do governo do Estado de encaminhar projeto de lei à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para que a cessão se transforme em doação.
Reunião
Por fim, a prefeita Elisa Araújo (Solidariedade) esteve em reunião virtual com o ministro da Agricultura, Marcos Montes (PSD), para tratar sobre a possibilidade de inclusão tanto da planta de fertilizantes quanto do gasoduto, no Plano Nacional de Fertilizantes, que está em desenvolvimento pelo governo federal.