O presidente do Sindicato dos Rodoviários afirmou que espera uma proposta das empresas de ônibus na reunião desta tarde
Ao que tudo indica, a greve dos motoristas de ônibus em Belo Horizonte deve permanecer durante esta terça-feira (23) e pode continuar por tempo indeterminado. Os motoristas do transporte público e empresas da frota voltam a se encontrar hoje, às 14h30, em uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região. A AMIRT entrevistou o presidente do Sindicato dos Rodoviários de BH, Paulo Cesar Silva, e questionou sobre suas expectativas para a reunião, confira:
O presidente do sindicato relatou que já faz quase dois meses que os trabalhadores vem “arrastando esta negociação”, iniciada no dia 1º de outubro, e como já havia sido informado, são dois anos sem reajustes para o setor. O argumento das empresas de ônibus ao longo das negociações, segundo Paulo, é de que não há condições para conceder os direitos pedidos e o “reajuste é zero”.
Mas uma das grandes reclamações de Paulo é em relação à todos os riscos sofridos pelos trabalhadores ao longo de quase dois anos de pandemia, além da redução de salário, ticket e direitos em geral pelos quais passaram. Ele afirma que os funcionários cumpriram com a sua parte, muitas vezes sendo agredidos por cobrar o uso de máscara dos usuários de transporte coletivo e outros protocolos. Mas apesar de toda a espera e os riscos sofridos, após inclusive ouvir promessas de mudanças por parte da “patronal”, as empresas de ônibus insistem em dar uma reposta negativa ao pedido de reajuste de salários.
Paulo relatou também que chamou a assembleia anterior à confirmação da greve, mesmo não havendo qualquer proposta de mudança no cenário para os trabalhadores. Assim, foi declarado o estado de greve permanente na última sexta-feira (19). Paulo lamentou o não comparecimento da Prefeitura de Belo Horizonte e da BHTrans na reunião anterior e na que aconteceu nessa segunda-feira (22), quando já havia sido iniciada a paralisação.
O profissional deixou claro que não houve qualquer avanço nas propostas, ao menos nada que Paulo pudesse levar para a categoria, e assim o SETRA BH sugeriu uma nova reunião a ser realizada após dez dias. Ele afirmou que seria muito complicado seguir com a greve por mais esse período, principalmente, com os trabalhadores inflamados pela iniciativa, sendo essa sugestão um descaso com a categoria que não é do interesse dele ou do sindicato aderir.
Além disso, o presidente do sindicato comentou da reclamação da BHTrans em relação ao descumprimento do acordo de rodagem de 60% dos ônibus em cada estação. Ele ressaltou que a mídia está acompanhando a situação do transporte e que nem 100% dos veículos estão conseguindo atender aos usuários, não podendo ser diferente com a porcentagem estabelecida. Assim, ele alega que a empresa e a PBH deveriam ter organizado o transporte e agora “querem jogar na conta do trabalhador a ineficiência deles”. Paulo disse ainda que, como a organização não foi “competente” para participar das reuniões, agora querem impor a multa de 50 reais por dia enquanto não há nenhum reajuste para os trabalhadores.
Logo, para a reunião que acontecerá hoje, a expectativa do presidente do sindicato é que venha uma proposta do “lado de lá”. Ele deixou claro que, independente de quem proponha essa mudança, o trabalhador não pode ficar mais sem reajuste, ticket e tudo que já foi pedido em pauta para o SETRA BH. Porém, se não houver uma “proposta decente“, Paulo destacou que o estado de greve será mantido até que o conjunto de pessoas e entidades responsáveis proponham uma mudança. O presidente da categoria encerra deixando claro que “os trabalhadores não querem fazer greve, eles querem mantimentos em casa, condições e o mínimo de lazer para suas famílias“.
Foto: Prefeitura de Belo Horizonte / Divulgação.