Prefeitura anuncia campanha solidária para combater a fome em Juiz de Fora

As instituições que promovem atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade social em Juiz de Fora viram a demanda por alimentação aumentar em função do agravamento da pandemia, conforme a Tribuna mostrou em reportagem publicada no último domingo (4). Essa semana, a Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) da Prefeitura iniciou um trabalho de articulação de esforços e divulgou o lançamento da campanha Juiz de Fora Solidária, previsto para a próxima terça-feira (13), às 17h.

O projeto parte de uma parceria com as secretarias de Assistência Social (SAS), Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e Turismo (Setur), chamada Mesa da Cidadania, que é um espaço idealizado pela prefeita Margarida Salomão para unir prefeitura e sociedade no combate à fome. A mobilização conta, também, com a participação de representantes de instituições assistenciais, órgãos públicos, setores empresariais e do comércio.

A iniciativa planeja realizar um Dia D para arrecadação de doações, que deve ser realizado na quarta-feira (14). Haverá postos de coletas espalhados pela cidade em praças, escolas, drive-thru, mercados, postos de gasolina, e nas instalações do Corpo de Bombeiros.

A intenção é a de direcionar a coleta, transporte, armazenamento e distribuição de donativos para instituições cadastradas no projeto. O Serviço Social do Comércio da Zona da Mata (Sesc), por meio do Programa Mesa Brasil apoiará o trabalho com a logística operacional de distribuição. As instituições juiz-foranas que ainda não fazem parte do Mesa Brasil Sesc também podem fazer o cadastro.

Durante a reunião realizada nessa quinta-feira (9), a prefeita Margarida Salomão ressaltou a expectativa de que a população consiga, por meio do movimento de solidariedade, ajudar a mitigar esse sofrimento, que tem se agravado. O secretário de Direitos Humanos, Biel Rocha, reiterou que esse é um problema que a Prefeitura não consegue resolver sozinha e lembrou que as instituições estão vendo a demanda aumentar e, ao mesmo tempo, o número de doações diminuir.

Instituições não conseguem chegar a todos

O Fórum 8M de Mulheres, Entidades e Coletivos Feministas de Juiz de Fora trabalha na segunda fase da campanha: ” Se puder, fique em casa, seja solidário; Mulheres em defesa da vida”. Desde 2020, o Fórum faz um trabalho de entrega de cestas básicas em comunidades carentes. A ação atua, principalmente, em comunidades carentes com mulheres chefes de família. A primeira fase ocorreu no início da pandemia, motivada pela queda das contribuições e de outras questões. Mas o trabalho é retomado em uma segunda fase, em função de estarmos no pior momento da pandemia.

Na próxima semana ocorrerão entregas de cestas, na segunda-feira (12) na Escola Municipal Professor Augusto Gotardelo, atendendo a população do Caiçaras e Nova Germânia e na terça-feira (13), o ponto de apoio a Escola Estadual Deputado Olavo Costa, no Monte Castelo, para atendimento das famílias do Parque das Águas e Jardim Cachoeira.

“Por mais que a gente consiga as cestas básicas, elas escoam feito água, muitas das entregas que fizemos, voltamos tristes, porque acabamos entregamos 30 ou 40 cestas, mas não é suficiente, porque a gente não tem mais para doar. É uma listagem indicada pelas direções das escolas. É um buraco, enquanto a gente não conseguir resolver o problema social, o que vai demorar muito tempo”, explica Lucimara Reis, articuladora do Fórum.

Ela também afirma que, além da demanda por alimentação, a falta de informação nas periferias também é algo percebido pelo grupo. Para ela, a falta de uma coordenação central, que faça uma campanha com informações e orientações sobre a Covid-19 dificulta o acesso e impede que as medidas de prevenção sejam adotadas e funcionem.

“Porque a gente percebe que há uma grande desinformação por falta de acesso à informação correta. Muitas mulheres dessas famílias têm muita dificuldade de entender essas informações. É preciso que se explique o que está acontecendo.” Por isso, além das entregas, há uma preocupação em fornecer orientações corretas.

“As pessoas ainda têm pouca informação sobre o perigo da Covid-19, então, as medidas de distanciamento, de lavar as mãos, usar álcool, máscara, estão pouco fixadas na mente das pessoas”, salienta Lucimara. Mas ela também pontua que há a necessidade de cobrança de medidas que deveriam ter sido tomadas pelo Governo Federal para garantir o atendimento da população mais vulnerável.

Na Sociedade Beneficente Mão Amiga, além da campanha para a doação de cestas básicas para as famílias cadastradas na instituição, foi percebida a necessidade de alimentar as pessoas em situação de rua, que recebem as refeições prontas em marmitas.

“Não atingimos a nossa meta e atender a todas as 250 famílias que estão cadastradas. Pedimos as pessoas que continuem contribuindo, para que possamos atender até a última pessoa. A demanda aumentou muito devido a pandemia”, diz a fundadora e presidente da instituição, Maria Aparecida da Silva. No momento, além do alimento, o que também é necessário álcool e materiais de limpeza.

Demanda por doação de alimentos

O Grupo Espírita Alfredtz Halzeirening Müller (GEAHM) mantém o Projeto Quintas de Luz, por meio do qual atende famílias em situação de vulnerabilidade com doação de cestas básicas e alimentos de hortifrúti. A frequência das entregas de cesta é mensal e, durante a pandemia, a demanda passou de 110 famílias, para 230. No último mês, foram entregues 239 cestas, sendo que, desse total, 45 famílias foram à instituição pela primeira vez. Segundo a vice-presidente do grupo e coordenadora do Projeto, Luciana Pacheco o movimento é o impacto direto da pandemia.

“São pessoas que perderam o emprego, que trabalhavam como diaristas, por exemplo, e não tiveram como continuar trabalhando, pessoas que perderam o salário e estão carentes mesmo, me vulnerabilidade social”, detalha Luciana. Os alimentos também são a principal demanda do espaço.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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