Papa Francisco ressalta luta pela liberdade e instinto de pacificação dos mineiros em encontro com o governador

Líder religioso, abençoou a bandeira de Minas e os mais de 20 milhões de mineiros; Artesanato produzido em Sabará, na RMBH, e um café especial de Campos Altos foram entregues ao Sumo Pontífice como símbolos da mineiridade

Em missão internacional na Itália, o governador Romeu Zema participou de audiência pública com o Papa Francisco, nesta quarta-feira (13/9), na tradicional cerimônia realizada na Cidade do Vaticano. Além de acompanhar a celebração do Pontífice, o governador presenteou o Papa com uma obra que mantém viva e renovada a tradição da arte barroca mineira: um conjunto de palmas barrocas consideradas Patrimônio Histórico da cidade de Sabará, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Além disso, o líder religioso recebeu um café especial da região de Campos Altos.

Comumente, nas manhãs de quarta-feira o Papa recebe autoridades e fiéis na Praça São Pedro, para uma celebração ao ar livre. O governador esteve acompanhado dos secretários Marcelo Aro, da Casa Civil, e Fernando Passalio, de Desenvolvimento Econômico, e ressaltou a relevância da arte sacra mineira para o mundo, lembrando que a escolha da obra entregue ao Papa reforça como Minas preserva as tradições seculares do barroco, encantando turistas com as belezas conservadas das cidades históricas e o trabalho dos artistas ainda hoje inspirados pela tradição.

“Tive a satisfação de encontrar com o Papa, aqui no Vaticano, e considero um encontro extremamente emocionante, pois foi a primeira vez. Pedi a ele que reze por Minas e que abençoe nossa bandeira e os mais de 20 milhões de mineiros”, disse o governador. “Como presente, trouxe uma palma barroca, que é um artesanato produzido na cidade de Sabará e também um café, de Campos Altos, mostrando a ele que somos o maior produtor de café. Foi um encontro rápido, mas muito emocionante. E, a partir de agora, nós mineiros temos a benção do Papa ao nosso lado”, acrescentou Romeu Zema.

Em conversa com o governador, o Papa ressaltou o instinto dos mineiros pela pacificação e a bravura de lutar por liberdade. “Uma vez ouvi a história de que os mineiros lutam para não fazer a guerra, nunca. Mas, quando estão na guerra, lutam porque não querem terminar”, disse o líder religioso.

“Somos assim. Lutamos por liberdade assim como está escrito na nossa bandeira”, destacou o governador.

Foto: Marcelo Barbosa / Imprensa MG

Palmas barrocas
A obra levada pelo governador Romeu Zema ao Vaticano é um par de palmas barrocas assinadas pelo artista George Helt, de 74 anos. Trazidas ao Brasil por Dom João VI, se tornando um item comum na ornamentação de celebrações católicas por todo o país desde o período colonial, as palmas barrocas são adornos tradicionalmente usados para enfeitar altares e oratórios, conhecidas por terem alto grau de manipulação do metal e do ouro para a produção de sofisticados detalhes entalhados nas peças. “Esse trabalho tinha a função de provocar admiração e espanto às pessoas nos espaços sagrados. Por isso, se tornaram tão importantes na cultura barroca”, justifica Helt.

Sabará, uma das cidades históricas inseridas no ciclo do ouro de Minas Gerais, desenvolveu uma tradição própria de confecção das palmas barrocas.

“Sabará foi a cidade que manteve essa cultura, principalmente as mulheres que se dedicaram de geração em geração a confeccionar as peças, muitas vezes produzidas com pano ou papel laminado, o que não garantia uma boa durabilidade. Por isso, desenvolvi um modo de fazer no metal, com banho de ouro”, diz o artista. Foi a partir desta constatação que, em 1998, o artista plástico liderou um processo formativo em Sabará para ensinar um novo modo de fazer das palmas barrocas, ostentadas por um vaso de pedra sabão e por adornos de folhas e flores em metal, folheados a ouro. Em 2012, após o sucesso do projeto, a Prefeitura Municipal de Sabará registrou o modo de fazer da palma barroca como patrimônio do município.

“Todo o processo é muito simbólico. A palma é cortada na folha de cobre, para dar o efeito de pétalas de rosas, e tudo é feito com ferramentas do século XVII, são os ferros que herdei da minha mãe, relíquias. É um processo similar ao do período colonial. Por isso, é uma emoção tão grande ver as palmas barrocas que criei, e hoje são feitas por mulheres muito talentosas de Sabará, chegando ao Vaticano, nas mãos do Papa. É uma honra”, diz Helt.

Outros compromissos
Na sequência da Audiência Prima Fila, Zema se reuniu com o embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Everton Vieira Vargas, e com o secretário da Embaixada brasileira, Bruno Quadros e Quadros. Além disso, o governador se encontrou com o embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca de Souza.

Governo de Minas / Divulgação

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