Três anos após a fundação de Capelinha (MG), nasceu em Poté, no Vale do Mucuri, a menina Dionísia Lemos Silva. Aos 12 anos, ela se mudou para a “Cidade do Café”, deixou familiares em sua cidade natal e foi morar na residência de Doutor Aloísio Teixeira, pai do médico Dr. Hilton, de onde saiu casada com Vicente Fernandes da Silva.
Desde então, Dona Dionísia acompanha e participa do cotidiano capelinhense. Ela nasceu em 1916 e nessa segunda-feira (4/1/2021), completou 105 anos de vida. Já Capelinha, a cidade que ela viu crescer, fará 108 anos de emancipação política-administrativa no dia 24 de fevereiro.
Dona Dionísia conta que comer frutas é um dos segredos para a boa saúde. Ela é a matriarca de um clã formado por 7 filhos, 31 netos, 29 bisnetos e 3 tataranetos. Cida, a filha do coração, criada por ela desde os três anos, é seu braço direito, seus olhos, sua guia. “Ela faz tudo por mim, parece que adivinha as coisas”, elogia.
Na adolescência, conviveu com Nonô Pimenta, antigo fazendeiro de Capelinha, e lembra que ele “sempre tinha problema com os índios”, referindo-se às investidas indígenas contra os primeiros moradores da cidade. Puxa na memória o nome Aranãs e lembra que viveu também no Córrego Manuel Luiz Pêgo, terra onde morava o fundador de Capelinha, nascedouro do Córrego Areão.
De vida sofrida, trabalhadora do lar, esposa, mãe, avó, bisavó. Quanta vivência Dona Dionísia carrega em seu corpo franzino, mas que não esconde a mulher guerreira, honesta, honrada, vivida.
Ela morou por muitos anos em Resplendor, e hoje vive na área urbana de Capelinha.
Dona Dionísia não se recorda de outro parente que tenha vivido 105 anos, e quando perguntada se mantém um antigo costume de “tomar uma pinguinha para abrir o apetite”, ela não nega: “Durante muitos anos eu tomei, era escondido do meu marido”, e sorri. Depois completa: “Mas agora não bebo mais, só mesmo café”.
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Postado originalmente por: Aconteceu no Vale