Menos da metade das crianças está com a vacinação contra poliomielite em dia em JF

Imunizante protege de casos graves da doença e reduz propagação; vacinação é realizada nas UBSs da cidade

De acordo com dados da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), apenas 41% das crianças estão com a vacinação contra a poliomielite devidamente atualizada. Para os especialistas, essa doença, que foi erradicada no Brasil em 1994, tem um potencial de voltar a ser um problema caso não exista a cobertura vacinal adequada. O alerta é para o fato de que a poliomielite é considerada grave e pode, inclusive, levar à paralisia infantil e ao óbito caso exista o contágio.

A cobertura ideal, de acordo com o Ministério da Saúde, seria de 95% para cada um dos imunizantes que são administrados. Mário Novaes, infectologista e pediatra, explica que essa doença “está reaparecendo em alguns lugares do mundo, aumentando o risco de que também volte a ter contaminação no Brasil”. A gravidade do cenário é confirmada pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que adicionou o país à lista de países com “alto risco” de ter surtos.

Esta doença é infecto-contagiosa aguda e é causada por um vírus que vive no intestino, chamado de Poliovírus. Como explicam os especialistas Mário Novaes e Fernando Aarestrup, a contaminação ocorre através do contato direto com fezes ou a partir das secreções eliminadas pela boca das pessoas que estão com a doença, atingindo com maior frequência e de forma mais grave as crianças menores de quatro anos. Nesses casos, os sintomas são parecidos com outras infecções respiratórias, tendo ainda sintomas voltados para o sistema gastrointestinal.

De acordo com a Opas, a doença é preocupante principalmente porque uma a cada 200 infecções leva a uma paralisia irreversível e, entre os acometidos, de 5% a 10% morrem devido à paralisia dos músculos respiratórios. Mário Novaes explica que, mesmo entre os casos em que há recuperação da doença, “as sequelas são graves e podem ser permanentes durante toda a vida do indivíduo”.

Vacina protege contra casos graves e evita propagação

O imunologista Fernando Aarestrup explica que a vacina contra a poliomielite fortalece o sistema imunológico e produz anticorpos específicos contra o vírus, evitando que as pessoas que tenham contágio venham a desenvolver a doença – algo que acontece apenas quando os índices de imunização estão de fato altos.

Ainda em 2018, de acordo com o DATA SUS, a doença tinha uma cobertura de 95,55% no município, deixando o quadro dentro da situação recomendada. Nota-se que há uma brusca queda recente nesse desempenho, que pode inclusive ser explicada, de acordo com o imunologista, pelo contexto de isolamento social da pandemia. Mas ele ressalta que, nesse cenário, “aquela barreira formada para que o vírus deixe de circular entre a população, deixa de existir”. Em sua visão, portanto, é preciso recuperar isso o quanto antes. “No momento, não temos risco de ter uma pandemia de poliomielite, mas a questão de mantermos as campanhas de vacinação funcionando é crucial para não deixar que isso aconteça. A doença pode voltar a qualquer momento”, diz.

Imunizante está disponível nas UBSs da cidade

A campanha de vacinação da PJF contra a poliomielite se iniciou na última segunda-feira (8) e segue até o dia 9 de setembro. O imunizante está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade, e o público-alvo são crianças de um até quatro anos, 11 meses e 29 dias de idade.

As vacinas contra a poliomielite devem ser administradas em três doses antes das crianças completarem um ano de vida, sendo aplicadas aos dois, quatro e seis meses com a vacina da poliomielite inativada (VIP). Com 15 meses, a criança pode receber o primeiro reforço com a pólio oral e, aos quatro anos, o segundo reforço (VOP- gotinha).

Além da vacina contra a poliomielite, as UBSs também estão realizando campanhas de multivacinação nos mesmos locais, para crianças e adolescentes de até 14 anos, 11 meses e 29 dias. Fernando Aarestrup explica que indivíduos que perderam as primeiras doses devem “levar a carteira de vacinação para que cada caso possa ser analisado”.

As informações são do portal Tribuna de Minas – Associada Amirt

Foto: Marcelo Ribeiro/Arquivo TM

 

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