Minas Gerais, que já é líder em todo o país em geração de energia solar fotovoltaica, agora dará mais um passo decisivo no mercado de geração de energias renováveis. Dessa vez, o estado vai avançar em relação a outra importante fonte de energia limpa até então não devidamente utilizada: a eólica.
Isso será possível graças à confirmação, pela empresa alemã Sowitec, de um aporte de R$ 5,2 bilhões no estado em três grandes projetos em municípios do Norte de Minas: dois exclusivamente de fonte solar fotovoltaica (Presidente JK e Minas do Sol) e um de fonte híbrida (Gameleiras), sendo que o segundo converge tanto para a geração solar fotovoltaica quanto para a eólica.
O projeto híbrido (eólica e solar), batizado de Complexo de Geração de Energias Gameleiras, será instalado nos municípios de Monte Azul, Espinosa, Santo Antônio do Retiro, Rio Pardo de Minas e Mato Verde.
A capacidade estimada de potência das primeiras fases desse empreendimento é de 600 MW, no eólico, e 400 MWac (520 MWp), no solar. Já nas fases subsequentes do projeto, as capacidades estimadas devem saltar para 1.400 MW no eólico e 600 MWac (780 MWp) no solar. Isso quer dizer que, quando estiver totalmente implantado, poderá atender, em média, 1,5 mil residências por ano.
Os projetos solares Minas do Sol, em Pirapora, e Presidente JK, no município de mesmo nome, estão em estágio avançado de desenvolvimento, com todas as propriedades regularizadas, medição solarimétrica de acordo com os parâmetros dos órgãos competentes e licença ambiental de implantação emitida. O primeiro terá potencial para atender, em média, 250 residências por ano e o segundo, 350.
Já o complexo híbrido Gameleiras está em processo de regularização das propriedades e obtenção de licença ambiental para a futura construção. A implantação total dos projetos é estimada em dois a quatro anos, com início previsto a partir de 2023.
A primeira etapa dos projetos tem previsão de entrada em operação no final de 2024 e espera-se que todas as fases estejam finalizas até 2027. A estimativa é que sejam gerados 400 empregos no período de implantação.
Benefícios para a população
Além do avanço do estado na geração de energia limpa, a implantação do projeto ainda trará uma solução há muito tempo desejada pela população local. É que o complexo Gameleiras ficará situado em uma região predominantemente de áreas com histórico de complicados processos de regularização fundiária. Por isso, um acordo entre a empresa e o governo de Minas prevê acelerar os processos de regularização.
De acordo com o vice-diretor da Sowitec, Edgard Almeida, a companhia se comprometeu a incentivar os proprietários a buscar a titulação de todos os imóveis. “Vamos propagar a informação sobre essa possibilidade de regularização e fornecer todo apoio técnico, jurídico e financeiro para os proprietários em todas as etapas do processo de regularização”, garantiu.
Para se ter ideia da dimensão do complexo eólico, o projeto deverá ser instalado em uma área de 355 hectares, o equivalente a mais de 300 campos de futebol. Para isso, a empresa realizou um mapeamento das áreas e tem a estimativa de regularização de 130 a 150 imóveis.
Uma providência que trará tranquilidade para muitos proprietários de terra da região. Uma dessas áreas pertence ao comerciante Leandro Soledade dos Santos, de 35 anos, residente no município de Monte Azul. Casado e pai de um filho, ele contou que devido aos elevados custos, não teria como arcar com as despesas de registro dos 31 hectares pertencentes a ele. Um sonho antigo da família.
“Essa iniciativa vai auxiliar não só a mim, mas também a muitos outros proprietários. Estamos acompanhando tudo de perto e muito felizes com essa possibilidade de arrendamento.”, explicou.
Potencial eólico de Minas
Na avaliação de Almeida, Minas Gerais possui um potencial ainda pouco explorado para energia eólica, mas pode se beneficiar da evolução das tecnologias disponíveis nos dias de hoje. “Atualmente há mecanismos que permitem o aproveitamento desse potencial com aerogeradores de maior alcance. A localização do estado também contribui para esse interesse, pois o subsistema elétrico sudeste e centro-oeste é o maior consumidor de energia do Brasil, sendo que existe uma grande procura por projetos de geração de energias renováveis”, afirmou.
Ainda segundo o vice-diretor da Sowitec, o empenho do executivo estadual para viabilizar os empreendimentos tem sido decisivo. “O apoio do Governo de Minas, por meio do Indi, é de extrema importância para iniciarmos os projetos dentro do tempo planejado, auxiliando na resolução de entraves de longa data, como o caso da questão fundiária. Há também o suporte essencial em relação às licenças e o tratamento tributário”, afirmou.
O analista da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Indi), Gustavo Pontello Silva, também avalia que o projeto híbrido da Sowitec demonstrará o potencial do estado em relação à energia eólica. “O Indi apoia e acredita nesse projeto, que é inédito em Minas e será um grande marco. É uma iniciativa muito importante para avançarmos nesse mercado, provando que é viável investir em energia eólica no território mineiro”, comemorou.