Devido aos salários em atraso, os médicos do Hospital e Maternidade Vital Brazil/São Camilo, em Timóteo, anunciam um plano de greve a partir desta sexta-feira (26). Conforme já publicado pelo Diário do Aço, o hospital passa por dificuldades financeiras devido à falta de repasses do governo estadual, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Procurados pelo Diário do Aço, a Sociedade Beneficente São Camilo e o diretor clínico do hospital Vital Brazil não se manifestaram até o fechamento desta edição.
De acordo com um médico do hospital, que preferiu não ter o nome divulgado, os salários deles estavam atrasados há quatro meses, mas a Sociedade Beneficente São Camilo, mantenedora do Vital Brazil, pagou na terça-feira (23) uma parcela atrasada, restando três agora.
O médico acrescentou que, em assembleia realizada, ficou decidido parar todo atendimento do hospital, menos para os pacientes de urgência e emergência. Também está prevista uma reunião na noite desta quinta-feira (25), entre a administração do hospital e o corpo clínico, para renegociação dos termos da paralisação.
Município
O secretário de Saúde de Timóteo, César Luz, afirmou em entrevista à Rádio Itatiaia Vale do Aço que a falta de repasses do governo estadual afeta os serviços no Hospital e Maternidade Vital Brazil/São Camilo, prejudicando a população que depende desse atendimento. Hoje a dívida do estado com o hospital é de R$ 4,2 milhões. A situação em Timóteo é muito preocupante, porque o orçamento do estado não foi aberto. Então, ao contrário dos últimos meses, que conseguimos evitar paralisações nos atendimentos, nesse mês de janeiro há um risco iminente de greve do Corpo Clínico do hospital na sexta-feira (26), alerta.
Conforme o secretário de Saúde, já foi até repassado um valor de R$ 600 mil de verba federal, por meio de uma ação liderada pelo prefeito de Timóteo, Geraldo Hilário, e sua equipe, mas não foi utilizada para acertar o pagamento dos médicos. Já foi entregue ao Vital Brazil e foi recomendado ao hospital que utilizasse esse recurso para pagamento de médicos de porta de urgência e emergência. No entanto, o hospital tomou a decisão de não fazer isso, o que aliviaria financeiramente para os médicos. Mas, mesmo assim, respeitamos a decisão deles, pontua.
Atendimento
César Luz reconheceu que não se pode dizer que haja uma satisfação com o atendimento prestado pelo hospital mantido pela São Camilo, já que a instituição está com um número de cirurgia abaixo daquilo que é necessário. Temos um bloco cirúrgico do hospital parado em muitos dias da semana. Isso porque é falho o contrato com o estado, que não estabelece metas de cirurgias eletivas. Além disso, estamos com a meta de 1.500 atendimentos de porta, que não está sendo cumprido. Então, vamos precisar rever esse contrato o mais rápido possível, afirma.
César Luz acrescenta que a Secretaria de Saúde de Timóteo vem atuando como uma ponte entre os pacientes do Vital Brazil para outras unidades hospitalares na região e em Belo Horizonte. Estamos em uma situação que temos um hospital na cidade que não está atendendo aquilo que a população de Timóteo e região precisa. Nenhum hospital do estado, com o mesmo porte do Vital Brazil, recebe o mesmo volume de recurso que é repassado. Mas mesmo assim nunca está bom, temos que ficar transferindo pacientes de Timóteo para outras cidades, porque não é operado dentro do nosso hospital. Isso é inconcebível, salienta.
Casos semelhantes
Para o secretário de Saúde, a falta de repasse financeiro não é motivo para paralisar todos os serviços de atendimento, porque o hospital não é 100% SUS, já que possui leitos privados também. Então, se está tendo atraso no SUS, não significa que o hospital todo tem que fechar. Tem outros hospitais da região que também estão com os repasses atrasados e não fecharam o hospital. Isso não se justifica. Temos que rever tudo isso, porque a forma que o hospital está, não atende de maneira correta à população, resume.
Resposta da SES-MG
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) esclareceu, por meio de uma nota enviada ao Diário do Aço, que o estado enfrenta um crescente déficit financeiro, refletindo em todos os seus órgãos, bem como na área da Saúde. Dessa forma, o governo de Minas Gerais decretou situação de calamidade financeira no âmbito do estado, de acordo com o Decreto nº 47.101, de 5 de dezembro de 2016. Diante disso, estamos nos esforçando para honrar os compromissos pactuados, manter nossas ações e dar os melhores encaminhamentos possíveis, ante o contexto supracitado, conclui a nota.