Cerca de 700 crianças foram abusadas ou exploradas sexualmente nos últimos três anos em Montes Claros. Os dados foram apresentados durante audiência pública, de autoria do Vereador Daniel Dias (PCdoB), realizada nesta quarta-feira (15/5), com intuito de discutir sobre o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado no dia 18 de maio.
Segundo o Conselho Tutelar o número não é compatível com a realidade, no qual mais de 70% das crianças vividas nessas situações não denunciam o abuso, por medo de ameaças do agressor. O major Geovane Rodrigues da Polícia Militar, mostrou que somente no ano passado, 64 meninas (menores de idade) e 12 meninos (menores de idade) foram estuprados . Neste ano, apenas nos quatro primeiros meses deste ano, 10 estupros de vulneráveis foram registrados – um aumento de 33% em relação ao ano passado.
Ainda de acordo com major Geovane, infelizmente, não tem como prevenir o abuso sexual e que campanhas na mídia como outdoor e propagandas sobre o assunto não são suficientes. “Não tem como saber se a criança vai ser abusada ou não. Porém podemos reduzir os danos e perceber pequenos sinais que essa vítima está sendo violentada, algumas acham que isso é natural, não sabem o que é abuso. Em outros casos as garotas estão induzidas a cometer o ato, sem mesmo querer aquilo. É preciso fazer rodas de conversa, palestras para aproximar esses jovens da realidade que vivem”, concluiu o major.
Outro fator apontado na audiência foi a falta de conselheiros no município; Montes Claros tem quase 400mil habitantes e apenas 15 conselheiros, número insuficiente para atender a demanda. De acordo com Samuel Oliveira, do Conselho Tutelar, as vítimas não denunciam por medo do agressor, que geralmente, em caso de abuso infantil, são pessoas próximas, como pais, avós, tios ou alguém mais próximo da família.
Representando a Pastoral da Criança, Maria Zuma, pontuou que quando há suspeita de abuso, a vítima é encaminhada para o Cras mais próximo e quando há denúncia o caso é levado ao Conselho Tutelar. “Na nossa região, principalmente mulheres negras e da zona rural, é ‘normal’ a exploração sexual. Todos são agressores, desde o que comete o ato, até aqueles que sabem e preferem ficar em silêncio. Esses assuntos devem serem divulgados para essas pessoas saberem que não estão sozinhas”, enfatizou Zuma.
Por VinTV