Para o líder sindical Fred Masson, o novo decreto mais uma vez responsabiliza os bares e restaurantes pelo aumento de casos de Covid-19 em Uberaba (Foto/Arquivo JM)
Presidente do Sindicato dos Proprietários de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Uberaba (Sinhores) critica os efeitos do decreto municipal, que fecha todos os estabelecimentos do segmento aos finais de semana pelos próximos quinze dias.
Em entrevista à Radio JM, Fred Masson afirma que os empresários não receberam bem as novas regras previstas no decreto municipal, tendo em vista que o setor foi o mais sacrificado na pandemia. “Novamente, as maiores restrições incidiram sobre nosso segmento”, afirma.
O dirigente compara as medidas a um “verdadeiro lockdown”, já que parte do segmento, que são as casas de evento e buffets, foram totalmente proibidos de abrirem. Além disso, segundo ele, praticamente 80% dos bares e restaurantes estão inviáveis de funcionar durante a vigência do decreto, pois dependem muito dos finais de semana e principalmente do período noturno. Conforme analisa, começar a funcionar às 18h para fechar às 21h é inviável. “A grande maioria nem vai abrir as portas”, critica Fred Masson.
Ainda de acordo com ele, a sugestão levada à prefeita foi um lockdown geral e não apenas atingindo um segmento em especial, já que outros estão promovendo aglomerações que levam ao aumento da transmissão da Covid-19. Ele cita como exemplos o comércio, que leva centenas de pessoas para o centro da cidade, e os próprios parques públicos. “Acaba que mais uma vez, nós estamos sendo responsáveis”, diz.
Segundo o presidente do Sinhores, muitos empresários seguem as regras “à risca” e estão sofrendo as consequências daqueles que as estão desrespeitando. Fred Masson também acredita que há deficiência da fiscalização, que precisa ser intensificada já que chegam muitas denúncias de estabelecimentos que estão em desacordo com as medidas restritivas e, mesmo com as denúncias, não são fiscalizados. “Sempre colocamos que sejam punidos aqueles que não cumprem as medidas e defendemos uma fiscalização dura, que até lacrem os estabelecimentos em desacordo com as regras. Não estamos aqui para passar a mão na cabeça de ninguém. Queremos que punam os errados, já que os comprometidos estão pagando por isso”, afirma.
Ainda para esta quarta-feira, o Sinhores realiza uma reunião para ouvir todo segmento, discutir a situação e tomar uma decisão. “Nosso caminho sempre foi o diálogo. Alguma providência nós vamos tomar e, depois que deliberarmos, procurar a Prefeitura e o Legislativo”, finaliza.
Decreto em Uberaba: regras podem e vão endurecer se as pessoas não colaborarem, diz prefeita
Em entrevista ao Pingo do Jota da Rádio JM desta quarta-feira (10), Elisa Araújo comentou as novas regras e determinações municipais. Um ponto bastante sensível do novo decreto diz respeito à proibição de confraternizações mesmo em ambiente familiar e ao fechamento “precoce” de bares e restaurantes, setor que a própria prefeita admite ser o que mais sofre com a pandemia. “Tenho uma luta muito grande com essa classe, porque entendo o momento que eles passam”, diz ela, que pondera, sobretudo, que apesar de muitos estabelecimentos terem se conscientizado quanto à necessidade de adoção das medidas de biossegurança, tantos outros insistem no desrespeito às regras e esses “acabam virando vitrine”, nas palavras da prefeita. Elisa, inclusive, revelou que tem participado pessoalmente da fiscalização, percorrendo alguns estabelecimentos do setor. “A gente teve que tomar essa atitude devido a uma pressão mesmo por conta de algumas pessoas que não cumprem (as regras)”, explicou.
Contudo, proprietários de bares e restaurantes têm lamentado a decisão de fechar os estabelecimentos, uma vez que, na avaliação deles, esse fechamento abre as portas das residências das pessoas para a aglomeração em casa, onde a fiscalização não chega, mesmo com a proibição do decreto municipal.
“(O decreto) Proíbe. Mas infelizmente não dá para a fiscalização entrar na casa das pessoas. A gente conta com a compreensão e com o bom-senso de toda a população para não se aglomerar. São apenas dois finais de semana e a gente espera que a população se engaje nesse enfrentamento. Eu concordo plenamente com o setor de que realmente fechando os bares se perde o controle, leva a aglomeração para dentro das casas, mas existe uma pressão muito grande da população em relação aos bares e restaurantes. O que eu sofri nesses últimos dias é o seguinte: eles entendem que as pessoas estão se aglomerando na rua e a culpa é minha. Eles entendem que estou sendo negligente em não tomar alguma atitude. Nós estamos contando com a compreensão de todos”, diz a prefeita.
Ela continua e apela ao respeito, à conscientização e ao bom-senso da população para apertar os cintos nesses próximos 15 dias. “Nós vamos ter que conviver com o vírus. Por mim não fecharia os bares, na verdade estenderia o horário, que a gente teria condição de ver as pessoas nos locais corretos, se confraternizando nos locais corretos, com segurança. É o que a gente tem visto em várias outras cidades. Mas ao mesmo tempo o que a gente tem visto é que boa parte da população não está cumprindo essas regras nem mesmo nos estabelecimentos. Então fica uma falta de equilíbrio muito grande. A gente não consegue ter braço para fiscalizar tudo. A gente conta é com a compreensão. A gente percebe que as pessoas perderam o medo da doença e a doença está cada vez mais agressiva, tendo as suas variações. Nós estamos tendo pacientes com recaída, pacientes já considerados curados voltando para o hospital, sendo internados e muitas vezes vindo a óbito. Eu quero relembrar que ontem nós tivemos o nosso recorde de óbitos por dia. Nós tivemos sete óbitos só ontem. Então é um momento muito delicado. Eu recebi várias ligações nos últimos dias de vários prefeitos, desesperados com o seu sistema de saúde colapsado e eu sinceramente não gostaria de passar pelos que eles passaram. Nós estamos desde o início enfrentando muito bem, controlando o nosso sistema de saúde. Estou buscando recursos e melhorias para a nossa rede de saúde, ampliar o nosso Hospital Regional, que tem capacidade de ser ampliado, para a gente poder trabalhar de forma mais confortável e estamos fazendo tudo que é possível da parte do poder público para a gente evitar um outro decreto que feche tudo. Eu gostaria que, passados esses 15 dias e a gente conseguindo diminuir esses números, a gente reabra os bares e restaurantes, por exemplo, sem determinação de hora para fechar. Esse é o ideal que eu busco. Mas, para isso, nesses dois finais de semana a gente precisa estar junto aí nesse enfrentamento. Eu conto com a compreensão de todas. Eu sei que não é fácil. Tomar uma decisão dessa eu tenho certeza absoluta que muitas pessoas vão entender que não foi a correta, mas existem números”, insiste Elisa. “Estamos fazendo tudo que é possível para evitar um outro decreto que feche tudo (…) Espero que a população entenda esse momento, seja parceira, que esteja em casa nos fins de semana e trabalhe durante a semana”. (Larissa Prata)
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Confira a entrevista da prefeita Elisa Araújo na íntegra:
Postado originalmente por: JM Online – Uberaba