Fredi Mendes: Minha dívida com Elias Siufi

Foto: arquivo de familia

Elias Siufi nasceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no dia 14 de janeiro de 1941. Ele era filho de Antônio Siufi e Zakie Naras. Os pais fugiram da guerra no Oriente Médio e se conheceram em São Paulo.
Foi o caçula de sete filhos da família Siufi. O pai morreu quando o pequeno Elias tinha 40 dias de nascido. Cresceu ajudando os irmãos e a familia em um tradicional armazém que vendia de “agulha a avião”.
Ainda adolescente, montou com os irmãos a primeira distribuidora da Coca-cola da região. Mais tarde abriram uma fábrica de refrigerantes, cachaça e licor de pequi. Eles mesmo produziam, engarrafavam e entregavam nos bares e restaurantes.
No entanto, não foi no comércio que Elias Siufi encontrou a profissão que lhe faria feliz e realizado. Depois de uma temporada estudando e trabalhando em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, voltou para Campo Grande, onde começou a ajudar o irmão mais velho, Nassura Siufi, na Rádio Cultura e a produzir shows com artistas de renome nacional, como Roberto Carlos.
Em pouco tempo, a competência do jovem Elias Siufi foi reconhecida pela Rede Bandeirantes, que fez um desafio ao homem que iria revolucionar a comunicação do Norte de Minas. Ele recebeu a oferta de um salário irrecusável para que se mudasse para Montes Claros e assumisse o comando da Rádio Sociedade, que na época era ligada ao Grupo Bandeirantes.
Casou-se com Vera Siufi em Campo Grande e mudou-se para o sertão mineiro. Acompanhou ano a ano o desenvolvimento do que viria a se transformar numa próspera cidade. Fez do bom jornalismo uma ferramenta para impulsionar a economia local, negociar verbas e investimentos junto aos governos federal e estadual, mas sobretudo, mostrar a força da Comunicação como agente transformador de uma sociedade.
Com o sucesso estrondoso à frente da Rádio Sociedade, a Bandeirantes fez outra proposta desafiadora: a criação da primeira emissora de tevê da região. Pouco tempo depois, no dia 14 de setembro de 1980 era inaugurada a TV MONTES CLAROS. Até o final do século XX, Elias Siufi consolidou-se como um dos homens mais influentes do interior de Minas. Os assuntos da política, da economia e da sociedade passavam por ele.
Apesar de tanto poder, nunca perdeu a humildade e era reconhecido por permitir que outras pessoas brilhassem e construíssem a própria história. Foi assim que lançou importantes nomes da Imprensa e da política, como o polêmico radialista Tadeu Leite, que por meio do Programa BOCA NO TROMBONE tornaria-se prefeito por três vezes, deputado estadual, federal e secretário de Estado.
Da chegada a Montes Claros nos 60 até a gestão do ex-prefeito Ruy Muniz, em 2016, , Elias Siufi participou direta e indiretamente de todas as administrações de Montes Claros. Maçom, rotariano e de espírito conciliador tinha livre trânsito e era respeitado por todas as entidades de classe.
Pouco tempo depois de vender a afiliada da Rede Globo para a própria Rede Globo, Elias assumiu com competência a gestão da Santa Casa. Pelas mãos e pelo coração dele, o hospital modernizou-se e humanizou-se. Não há dúvidas que parte da história das últimas seis décadas de Montes Claros foi escrita e contada pelo homem que é considerado o PAI DA TELECOMUNICAÇÃO DE MONTES CLAROS.
Infelizmente, e por culpa minha, Elias partiu antes de ler a biografia que estou escrevendo sobre ele, mas tenho certeza que O CHEFE, lá de cima, vai entender tanta demora, afinal, conheceu e conviveu com muitos jornalistas e por isso sabe que somos uma “racinha boêmia e enrolada”.
A imprensa está de luto.

Postado originalmente por: VinTV

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