Excesso de atendimento causa a retenção de macas no HC/UFTM

Foto/Jairo Chagas

Após a transferência do paciente para um leito disponibilizado, a maca é devolvida ao Samu

Pronto Socorro do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC/UFTM) atende cerca de 15 pacientes além do seu limite diário. Revelação é da superintendente da unidade, Ana Lúcia de Assis Simões, ao explicar os motivos pelos quais macas do Samu e outros organismos de socorro acabam retidos, com os pacientes, no Pronto Socorro. De acordo com ela, a sobrecarga faz com que a organização tenha que se adequar de forma rápida e não calculada, podendo acarretar na acumulação de macas.

Na semana passada, o vice-prefeito, Moacir Lopes, chegou a enviar ofício ao reitor da UFTM, Luiz Fernando Resende, pedindo providências para o problema das macas e pacientes nos corredores do Hospital de Clínicas.

Durante entrevista ontem ao programa Pingo do J, da Rádio JM, a superintendente do HC explicou a existência de limite na quantidade contratada e que a responsabilidade da saúde da população é do gestor municipal e cada hospital se compromete a prestar o serviço. “O pronto-socorro atende urgências e emergências na região de 27 municípios. O único hospital público que atende SUS, no pronto-socorro, é o HC. Todas as pessoas que são acometidas por uma emergência na saúde são encaminhadas para cá. Mas trabalhamos com limites. Temos no pronto-socorro 22 leitos, que são os que disponibilizamos no contrato com a Secretaria de Saúde (SMS), mas nós temos uma carga de 30 pessoas. É uma questão matemática. Uma vez que temos os 22 leitos ocupados e mais pessoas necessitam do serviço, elas precisam ser colocadas em algum lugar. O paciente vem pelo Samu, pelas ambulâncias dos municípios, e chegando aqui não temos onde colocá-lo. Aí é necessário que a maca fique [no pronto-socorro] enquanto o leito não é disponibilizado”, esclarece Ana Lúcia.

Todas as ações das unidades hospitalares municipais estão definidas em contrato com a Prefeitura de Uberaba. A assinatura dos documentos garante, em tese, o compromisso do hospital em oferecer o serviço, mas apenas à medida que recebe os repasses federais, distribuídos pela gestão municipal. Neste quesito, Ana Lúcia direciona as responsabilidades dos envolvidos e reforça a necessidade de atenção redobrada.

“O que acontece no Hospital de Clínicas é um reflexo da saúde pública no Brasil. O SUS é um sistema robusto, único no mundo, financiado pela própria população. Como esse sistema é estruturado? O repasse do recurso é feito diretamente para os municípios, de forma que o gestor municipal é o responsável por contratar serviços para atender a população. É importante ficar claro que a responsabilidade pela assistência à população é do gestor municipal, que detém os recursos repassados. Como ele faz isso? Por meio de contratos com os prestadores de serviços, os hospitais. O hospital se compromete a prestar o serviço e o município se compromete a repassar os recursos financeiros. O HC-UFTM, por mais que seja público, federal, não tem recurso próprio para financiar. Somos prestadores de serviço para a secretaria e os valores de custeio vêm do serviço que prestamos”, declara a superintendente.

Além do pronto-socorro, HC dispõe de 306 leitos para tratamentos específicos

Além do atendimento no pronto-socorro, o Hospital de Clínicas oferece uma estrutura com 306 leitos ativos. Contudo, as bases são destinadas para os tratamentos específicos disponibilizados pela unidade, como geriatria, pediatria e clínica médica. Esta regularização impossibilita a utilização das camas para outros fins.
“Temos 306 leitos ativos. É importante que a população entenda que esses leitos são organizados de acordo com as especialidades. Tenho leitos para clínica médica, cirurgia, berçário, UTI… Às vezes, as pessoas entram no hospital e falam “olha, tem leitos vagos lá em cima”, mas muitas vezes as condições das pessoas no pronto-socorro não são para aquele leito. O hospital tem uma norma de atendimento. Todo o funcionamento é de acordo com o problema do paciente, a especialidade que ele precisa ser tratado, porque são equipes de profissionais diferentes”, finaliza Ana Lúcia. 

 

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

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