Encosta desmorona e leva parte de casa junto, em Caratinga. Obra de contenção do barranco de cerca de 30 metros já preocupava moradores

Esta segunda-feira (07) foi especialmente dedicada à cobertura do desmoronamento de um barranco de cerca de 30 metros de altura, às margens da BR-116, próximo à delegacia de Polícia Civil, em Caratinga. A terra cedeu na madrugada de hoje (07), levando parte de uma casa e seis veículos. A tragédia seria maior se pessoas estivessem na área da casa que foi atingida. Ninguém se feriu, mas os danos patrimoniais são altos. Moradores das edificações próximas, no bairro Rodoviários, tiveram que deixar suas residências e não há perspectiva de quando e como o terreno será estabilizado a ponto de afastar, definitivamente, o risco de novos desmoronamentos.

A contenção da encosta de grande proporção, bem na entrada do loteamento Silva Araújo, pretendia corrigir um problema grave que já havia causado um acidente em abril deste ano, também sem pessoas feridas, mas com prejuízo financeiro. Na ocasião, terra e pedra desceram sobre o posto de combustíveis Gentil e atingiram parte de um galpão de loja comercial. O posto foi desativado.

 

A partir daí o proprietário do imóvel contratou uma obra de engenharia para fazer cortes em desnível e impermeabilizar a encosta com concreto. A instabilidade do terreno, contudo, podia ser notada até por leigos. Além da terra que se solta com facilidade, há grandes blocos de pedra que, ao serem quebrados e removidos, podiam comprometer ainda mais a segurança.

O proprietário da casa mais atingida pelo desmoronamento, Lucas Costa Castro, tem a mesma opinião de vários vizinhos. Para ele, era uma tragédia anunciada

Lucas espera que providências sejam tomadas.

O engenheiro civil Claudinei Martins fez os primeiros levantamentos da residência de Lucas. De acordo com ele, cerca de 60% do terreno da casa está comprometido e não há garantias de que o imóvel possa ser recuperado.

Outro imóvel afetado pelo desmoronamento foi o Edifício Turquesa. Por segurança, todos os moradores do prédio e de outros apartamentos próximos tiveram que deixar suas residências. As pessoas foram para hotéis, casas de familiares e amigos. O síndico e morador do edifício Ivan Delon disse que o barulho no momento do deslizamento foi muito forte.

Há meses os moradores se queixavam das explosões das pedras no terreno que abalavam suas casas. Eles recorreram à Defesa Civil e até ao Ministério Público, mas a obra seguiu sem alterações. Ivan fala da preocupação com as explosões frequentes.

De acordo com a Polícia Militar, a Defesa Civil Municipal interditou três casas. Outros três prédios e duas casas geminadas apresentam rachaduras. Cerca de 120 pessoas de 54 famílias estão desalojadas e uma família de três pessoas está desabrigada.

Tenente Adão Ribeiro recomenda que curiosos mantenha distância do local do acidente.

Até o fechamento desta edição, nem a prefeitura, nem a Defesa Civil haviam se pronunciado. Já o dono do terreno onde houve o desabamento e responsável pela obra de contenção, Hederson Henrique Teixeira, manifestou solidariedade e preocupação com a população atingida através de nota:

“Felizmente, não houve vítimas fatais, nem mesmo feridos, de forma que, embora estejamos falando de danos, os prejuízos sofridos são patrimoniais. Mesmo assim, estamos profundamente consternados com o ocorrido. Entendemos que será preciso uma investigação completa visando apurar a real causa do deslizamento e, sobretudo, a sua origem e localização, como forma de se identificar as responsabilidades sobre cada evento específico.

Registramos que, desde o início de agosto, vínhamos tentando mitigar os riscos daquele local, que já tinha sofrido um abalo em meados de abril, com o deslizamento ocorrido no posto de combustíveis vizinho. Nossa intervenção foi dirigida a um problema que sequer foi causado por nós.

Agimos para preservar a estabilidade do local e a segurança, executando ações para impermeabilização do local e estabilização do talude, que era constituído de uma mescla de solo e rochas alteradas e rochas sãs, para cuja contenção foi necessária a retirada das mesmas para acesso e conclusão dos serviços.

Confiamos que as investigações que serão iniciadas irão comprovar que todas nossas ações, naquele local, acabaram por diminuir os danos causados, de forma que, sem elas, as consequências do desastre desta madrugada, poderiam ter sido bem piores. Lembramos que é um local complexo, com um loteamento instalado numa faixa de terrenos íngremes, situados imediatamente acima do local e cujas questões estruturais também devem ser investigadas com fatores coadjuvantes, ou como somatórios de potencial evento danoso.

É preciso deixar claro que todo apoio técnico a nosso alcance será colocado à disposição dos atingidos, de modo a apurar as causas e as consequências atuais e futuras do desastre ocorrido na encosta. Iremos empreender todos os esforços para garantir o atendimento adequado para tal intento, bem como para a apuração das responsabilidades por todos os danos causados”.

A Rádio Cidade vai continuar acompanhando os desdobramentos do caso, esperando ouvir representantes da prefeitura, da Defesa Civil, do Crea, entre outros, a respeito das medidas necessárias à estabilização do terreno, demolição ou liberação dos imóveis das imediações para moradia.

Postado originalmente por: Rádio Cidade – Caratinga / MG

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