Em simpósio on-line, UFMG debate pandemia e isolamento social

O Comitê de Enfrentamento do Novo Coronavírus da UFMG promove nesta quarta-feira, dia 29, a partir das 13h30, o web simpósio A pandemia de Covid-19 e o isolamento social – reflexões e contribuições da UFMG. A proposta é avaliar as medidas de contenção do novo coronavírus adotadas a partir da segunda quinzena de março em diversos setores e seus desdobramentos imediatos e futuros. A reunião será transmitida pelo canal da Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC/UFMG) no Youtube, e o link estará disponível no horário agendado. Não há necessidade de inscrição prévia.
Em duas mesas-redondas, especialistas de diversas áreas vão discutir as evidências científicas para o isolamento social, a realidade na capital mineira e os efeitos sociais dessas medidas e o comportamento das curvas de acompanhamento e transmissão da pandemia.
“O novo coronavirus, Sars-CoV-2, se espalhou rapidamente e sua propagação explosiva superou a capacidade dos sistemas de saúde, até mesmo dos mais organizados do mundo. De maneira geral, 20% dos casos são graves ou críticos, com uma taxa de letalidade acima de 3%, aumentando com a idade para aproximadamente 15% ou mais em pacientes acima de 80 anos”, explica o comitê em texto que descreve o contexto da pandemia.
Citando a Organização Mundial de Saúde (OMS), o comitê lembra, no documento, que os países vivem diferentes estágios de surtos nacionais e subnacionais. “Medidas de distanciamento físico e restrições de movimento, o chamado isolamento social, podem retardar a transmissão da Covid-19. Países que conseguiram reduzir a velocidade de transmissão mantiveram a capacidade de prestar atendimento de qualidade e minimizar a mortalidade”, afirma comitê. 
Evidências, impactos e projeçõesCada expositor terá até 15 minutos para abordar o seu tema. Perguntas da comunidade deverão ser encaminhadas ao moderador de cada mesa – por meio do chat do próprio canal da CAC no YouTube –, que as colocará em debate.
O encontro será aberto às 13h30 pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida. Na sequência, haverá exposições dos professores Flávio Fonseca (ICB), sobre o novo coronavírus, e Unaí Tupinambás (Faculdade de Medicina), que abordará as evidências científicas sobre o isolamento social e a realidade de Belo Horizonte. Alexandre Ferreira, do Hospital das Clínicas da UFMG, vai discorrer sobre o sistema de saúde em Minas Gerais e Belo Horizonte. 
No encerramento da primeira parte do simpósio, haverá discussões sobre os desafios do isolamento sob as perspectivas psíquica e social (Cláudia Mayorga, pró-reitora de Extensão), econômica (Hugo Cerqueira, diretor da Face), educacional (Benigna Oliveira, pró-reitora de Graduação) e das relações internacionais (Dawisson Belém Lopes, diretor adjunto de Relações Internacionais).
Depois de debate e um breve intervalo, o simpósio será retomado às 16h, com uma série de análises sobre as curvas de acompanhamento e projeção da pandemia. O professor Ricardo Takahashi (ICEx) falará sobre a projeção da Covid-19 em Belo Horizonte, Flávio Figueiredo, do Departamento de Ciência da Computação (DCC), tratará da evolução da transmissão do coronavírus em estados e capitais brasileiras, e Leonardo Costa Ribeiro (Cedeplar) discorrerá sobre a subnotificação dos casos da doença. Mônica Viegas, também do Cedeplar, e pesquisadores do Nescon e do Departamento de Engenharia de Produção da UFMG abordarão a previsão de necessidade e capacidade instalada dos hospitais.
A segunda parte do evento também será concluída com uma rodada de debates. Leia mais sobre o evento no site especial do coronavírus.
‘Paradoxo da prevenção’Um mês depois da decisão do poder público de implantar o distanciamento social em Minas Gerais, Belo Horizonte apresenta índices de infecção e mortes pelo Sars-CoV-2 bem menores do que os de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, o que pode levar a uma compreensão ilusória de que é possível desmobilizar o isolamento na capital mineira. 
No artigo A falsa polêmica entre a “bolsa” e a vida: sobre o isolamento social em Belo Horizonte, os professores Unaí Tupinambás, Cristina Alvim e Benigna Oliveira, que integram o Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus na UFMG, argumentam que a situação relativamente favorável em Minas é reflexo do que chamam de “o grande paradoxo da prevenção”. “O sucesso de medidas adequadamente implementadas é invisível (ninguém leva em conta quantos estão vivos e sãos). Em Belo Horizonte e em todo o estado de Minas Gerais, há evidências do efeito positivo do isolamento social: o número de mortes é bem inferior ao de outras capitais e estados, não há notícias de filas de macas aguardando vagas nos CTIs, covas conjuntas ou mortes nos domicílios e asilos.”

Postado originalmente por: VinTV

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