Campanha reforça cuidados contra um dos tipos mais comuns da doença
Também causado pelo crescimento anormal das células, o câncer de pele é a forma mais incidente deste tipo de doença, correspondendo a 33% dos tumores malignos diagnosticados no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde. Criada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a campanha Dezembro Laranja reforça a importância do autocuidado para prevenir a doença.
“O câncer de pele pode ser evitado na maioria das vezes, ao contrário de outros tipos de cânceres. Um dos fatores responsáveis pela causa desse tumor é a exposição irresponsável ao sol”, explica Alberto Wainstein, cirurgião oncológico do Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), unidade do Complexo de Especialidades da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
“Não quer dizer que o sol faz mal, mas em excesso e no horário errado, sim. E o sol é o principal fator causador do câncer de pele, principalmente por meio da radiação ultravioleta”, esclarece o médico. “Mesmo em dias nublados, os raios UVA e UVB podem ultrapassar as nuvens e prejudicar a pele. Desse modo, o uso do filtro solar é determinante para evitar o desenvolvimento do câncer”, completa.
Grupo de risco
Com uma maior incidência em pessoas de pele, olhos e cabelos claros, com idade mais avançada (também há a probabilidade de se manifestar em crianças e pessoas com fenótipos mais escuros, embora mais raramente) e/ou com predisposição genética (pessoal ou familiar), o câncer de pele pode ser classificado entre melanoma e não melanoma.
Tipo mais comum, o não melanoma apresenta menor índice de mortalidade e se resume aos carcinomas: basocelular (CBC), forma mais branda que não se dissemina substancialmente e se manifesta por meio de um nódulo avermelhado com vasos sanguíneos e crostas visíveis; e o espinocelular (CEC), que atinge as camadas mais superiores da pele e se aparenta com uma ferida, mas também não oferece risco de metástases.
Desde que seja diagnosticado e tratado de maneira precoce, o não melanoma possui altas chances de cura; porém, pode causar deformações significativas na pele dos pacientes. Quanto ao melanoma, apesar de representar somente 1% dos casos registrados no Brasil, é o tipo mais agressivo e pode aparecer em qualquer parte do corpo.
Entre os sinais de alerta, é essencialmente recomendado dar atenção a feridas que demoram mais de quatro semanas para cicatrizar e manchas que sangram, ardem, descamam ou coçam.
Bordas irregulares
Nesse sentido, o acrônimo ABCDE também auxilia no reconhecimento do tumor maligno, por meio das pintas ou sinais considerados atípicos. “O ‘A’ é uma lesão assimétrica: um lado não é igual a outro. O ‘B’ é de borda: bordas irregulares. O ‘C’ é cor: a pinta tem mais de uma cor, indo de um tom acastanhado para um enegrecido e, às vezes, acinzentado. O ‘D’ é o diâmetro acima de 6 milímetros. O ‘E’, que é o mais importante, a evolução: a pinta que cresce e muda de aspecto”, explica Weinstein.
No caso do consultor Marco Antônio Camargos, a variação no aspecto de uma pinta de nascença (que pode se dar na cor, no tamanho e na forma) percebida durante uma caminhada, no início de 2010, foi determinante para o diagnóstico do melanoma – que já estava em estágio avançado.
“Em seguida, tive o privilégio e a grata felicidade de ser encaminhado para o HAC, onde comecei a ser atendido pelo médico Alberto e equipe, o que abriu novos caminhos para que eu pudesse chegar a um tratamento adequado”, relata Marco Antônio, que precisou passar por diversas cirurgias e sessões de quimioterapia e radioterapia, além de realizar acompanhamentos periódicos.
Ele enfatiza o quanto o procedimento se desenrolou de modo equilibrado. “Quando você aceita o diagnóstico, consegue ver a realidade e define o que é necessário, as coisas ficam mais leves, rápidas e tranquilas. Você não sente dor. Pelo contrário, busca um equilíbrio muito grande para o momento que você está utilizando em relação à sua necessidade, que seria o tratamento”, reforça.
Cura
Agora curado e profundamente agradecido à assistência multidisciplinar do HAC, Marco Antônio conta que faz, ao menos, dois anos que não retorna à unidade. “É muito importante antecipar a situação, para evitar chegar ao ponto que eu cheguei, que nunca imaginaria que poderia ter chegado. Tive o privilégio de superar a doença, mas espero que as pessoas não cheguem a passar pelo que passei”, diz o consultor, considerando a relevância do diagnóstico precoce.
“A campanha Dezembro Laranja tem a proposta de alertar a população para adotar hábitos que previnam a incidência do câncer de pele. O sol que tomamos hoje, pagamos o preço no futuro”, esclarece Wainstein, que lembra novamente os riscos da exposição prolongada ao sol, além do bronzeamento artificial, legalmente proibido no Brasil.
“O Dezembro Laranja é realizado nas vésperas das férias para mostrar que as pessoas podem ir à praia, ao clube, mas com responsabilidade: usando proteção solar e evitando se expor ao sol das 10h30 até às 15h”, acrescenta.
As informações são da Agência Minas.
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