Crise na Toca da Raposa parece não ter fim. Perde o futebol, perde Belo Horizonte, perde Minas Gerais
O torcedor que acompanha o futebol mais de perto e, sobretudo o cruzeirense, possivelmente está com a memória dos anos de 2017 e 2018 fresca na cabeça. O Cruzeiro foi bicampeão da Copa do Brasil neste período, conquistou o Campeonato Mineiro, fez boas participações na Copa Libertadores e no Campeonato Brasileiro.
Em 2019, entretanto, tudo mudou. Apesar da conquista do Campeonato Mineiro naquele ano, a Raposa foi eliminada da Copa do Brasil e da Libertadores e lutou contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro durante toda a competição, o que confirmou a sua primeira queda na história, ao perder em Belo Horizonte para o Palmeiras pelo placar de 2 a 0.
Naquela ocasião iniciava não apenas uma crise esportiva (dentro de campo), mas também uma crise institucional e financeira que se perdura até hoje. Uma reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da Rede Globo, revelou denúncias de que dirigentes do clube teriam participado de transações irregulares, além de utilizar empresas de fachada para ocultar crimes cometidos dentro do clube. Até hoje ninguém foi preso e as investigações seguem em andamento.
Desde o estouro do escândalo, não faltam capítulos para o drama sem fim que a Raposa vive: salários atrasados, ameaça de rebaixamento para a terceira divisão, campanhas muito aquém do esperado até mesmo no Campeonato Mineiro.
Pensava-se que o ápice da crise cruzeirense seria quando viralizou o áudio do meia Thiago Neves ao então dirigente Zezé Perrella cobrando salários atrasados, o famoso “Fala Zezé!”, termo adorado pelos torcedores mais brincalhões. Além disso veio ao conhecimento público diversos ex-treinadores celestes e ex-jogadores que passaram a acionar o clube na justiça por conta de acordos não cumpridos e salários não pagos neste período.
Nesta semana o grupo de jogadores do elenco profissional do Cruzeiro, assim como os atletas da equipe sub-20, anunciaram a paralisação dos treinos. Uma atitude energética e esperada de certa forma, mas que representa o auge, até o momento, do pesadelo sem fim que vive o Cruzeiro. O clube ainda não se pronunciou. Resta aguardarmos o desfecho das novas páginas dessa novela, outrora “heroicas e imortais…”
Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro