Coragem e esperança marcam histórias de mulheres na luta contra o câncer

Um acidental tapa que levou do filho em uma das mamas fez a tradutora Daiane Januzzi Ferreira, de 38 anos, perceber um nódulo na região. “A dor e o inchaço não passaram, então procurei assistência médica. Desde a descoberta do nódulo até o diagnóstico da doença foram 40 dias, se tanto”, relata Daiane, que, desde meados de setembro, meio à pandemia, tem travado sua luta contra o câncer de mama. “É uma situação preocupante. Fazer a quimioterapia em meio a pandemia, quando tantas pessoas acreditam não ser necessários os cuidados mínimos de proteção, é algo que me tira um bocado o sono. A imunidade despenca, até um resfriado leve pode derrubar quem faz quimio, imagine o que a Covid-19 poderia fazer”, considera.

“De certa forma, eu previa que o resultado seria o câncer. No dia que eu fiz a mamografia, tive essa certeza. Apesar disso, eu tenho lidado com essa situação de maneira bem pragmática, mas admito que o emocional ficou sacudido”, conta Daiana Januzzi Ferreira, de 38 anos

“De certa forma, eu previa que o resultado seria o câncer. No dia que fiz a mamografia, tive essa certeza. Apesar disso, eu tenho lidado com essa situação de maneira bem pragmática, mas admito que o emocional ficou sacudido.” Apesar desses desafios, Daiana conta que, até o momento, tem respondido bem aos tratamentos. “Tive poucos dias ruins (só os iniciais), e os efeitos colaterais estão sob controle. Além disso, os médicos e os enfermeiros responsáveis pelo meu tratamento são pessoas ótimas, que estão realmente trabalhando pra fazer com que o processo da cura seja rápido.”

Exames de rastreio contra o câncer de mama

Apesar de ter histórico da doença em sua família materna, a tradutora relata ter reduzido a frequência com que realizava os exames de rastreio, justamente por conta da idade. “Eu cresci ouvindo que devia fazer o autoexame, que devia fazer os exames anuais ginecológicos corretamente, e até segui isso por muitos anos. Mas, depois de um tempo, esse controle começa a ficar mais afrouxado. E foi nesse afrouxamento que eu deixei passar o nódulo. Ele está numa área que, mesmo com o autoexame mensal, poderia ser confundido com algo inofensivo, o que aconteceu. Mas foi graças a esse acontecimento fortuito da pancada que meu filho meu deu que ele foi descoberto bem no início.”

LEIA MAIS SOBRE CÂNCER DE MAMA:

‘Vou vivendo um dia de cada vez’

“Tenho seguido minha vida e procuro ter esperanças todos os dias, mas é muito difícil. No início, eu chorava toda hora e não acreditava que isso estava acontecendo comigo. Antes de receber o diagnóstico, eu me perguntava, ao ler matérias sobre outubro rosa, se eu teria forças para passar por tudo isso, caso acontecesse comigo. Mas agora eu vou até o fim, porque a vida me fez ficar forte. Tenho recebido muito apoio da minha família e amigos e vou vivendo um dia de cada vez”, relata uma paciente de 52 anos, que prefere não ter sua identidade divulgada. Ela conta que, em junho, apalpou uma íngua na axila e sentiu um desconforto na região. No dia seguinte, procurou avaliação médica, porque sabia que “a coisa não era boa”.

Monitoramento constante

“Eu fui ao médico pedindo para fazer os exames e já pedi para ele m solicitar a biópsia, porque eu sabia que deveria me preocupar. Há dez anos, eu já monitorava um nódulo na mama esquerda, fazendo controle anual e exames, mas esse da axila foi de repente”, narra. Conforme a paciente, os exames deveriam ter sido realizados no início do ano, mas, com férias seguida pela pandemia, os cuidados com a saúde foram adiados. Apesar disso, ela acredita que o diagnóstico de câncer de mama aconteceria da mesma forma. “Eu acredito que não seria tão diferente se eu tivesse descoberto dois ou três meses antes. O tratamento poderia ter iniciado antes, mas o tumor já estava grande”, analisa.

Seu tratamento quimioterápico foi iniciado em agosto e, logo depois, a inevitável queda dos cabelos aconteceu. “Eu fiquei 19 dias agarrada ao meu cabelo, não queria perdê-los. Mas todos os dias eles caíam cada vez mais. Eu passava a mão na cabeça e saía aos montes, foi um processo difícil. Quando assumi o cabelo raspado, a forma como as pessoas me olhavam na rua me incomodava. Eu não quero que me olhem como se eu tivesse morrendo. Até por isso comprei uma peruca e tenho usado lenços”, conta.

Saudade da antiga rotina

Para a paciente, uma das piores partes do tratamento tem sido a privação da sua rotina anterior. Há 20 anos trabalhando em uma mesma empresa, ela relata sentir muita falta do trabalho e dos colegas. “O trabalho era muito importante pra mim e, hoje, ficar somente em casa e sair apenas para fazer exames e tratamento tem me deixado muita entediada. Eu sinto muita saudade, fico muito emocionada ao lembrar das pessoas. Mas todos os dias eu leio frases que deixei na minha geladeira para tentar ser mais forte. Em uma delas, peço a Deus que me dê disposição para abrir mão da vida que eu planejei, para aceitar a que me espera”, diz.

Superar o câncer representa o começo de uma nova vida e, aos seus 52 anos, a paciente anseia pelo momento que em irá superar a doença. “A princípio, eu acredito que está tudo indo bem. Tem dois meses que estou fazendo o tratamento, e ele deve durar um ano. Eu vou ter que passar pela cirurgia também. Mas tudo isso tem um prazo, e eu sei que vai acabar. Eu peço a Deus para que, se um dia eu perder as esperanças, Ele me mostre que os planos dele são maiores que os meus.”

O post Coragem e esperança marcam histórias de mulheres na luta contra o câncer apareceu primeiro em Tribuna de Minas.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

Pesquisar