“Consolidado pelo Anastasia e amplificado pelo PT”, diz João Batista sobre crise em Minas, durante entrevista pela Tv Federaminas

“Um tem 32%. O outro tem 22%. Eu respeito os eleitores, mas lamento muito. Penso que isso é doloroso. Eles criaram a crise. É como se fosse um cheque especial para transferir a dívida para quem vem depois”, disse se referindo a Antonio Anastasia e Fernando Pimentel


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(Foto: Reprodução/ Youtube)

O professor, sociólogo, consultor educacional e candidato ao governo de Minas pela Rede, João Batista Mares Guia, participou, nessa quinta-feira (13), de uma sabatina realizada pela Tv Federaminas, da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais.

O candidato comentou a atual situação econômica de Minas Gerais e destacou que considera que o próximo governador terá problemas para solucionar a crise. Ele fez críticas a Antonio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT), que seriam os responsáveis pelo frágil momento econômico, que foi “consolidado em Minas por Anastasia e amplificado pelo Partido dos Trabalhadores”.

João batista estendeu as críticas às pesquisas eleitorais de intenção de voto e disse que lamenta o fato de o tucano e o petista aparecerem nas duas primeiras colocações. “Um tem 32%. O outro tem 22%. Eu respeito os eleitores, mas lamento muito. Penso que isso é doloroso. Eles criaram a crise. Qual o tamanho do problema hoje? O governador ou governadora que assumir vai encontrar um orçamento menor que R$100 bilhões e um déficit de R$ 32 bilhões. É como se fosse um cheque especial para transferir a dívida para quem vem depois”, comentou.

Para João Batista, a crise vivida em Minas Gerais tem origem no governo de Antonio Anastasia. “Os propósitos eu sei que eram bons, mas a gestão (…) A economia crescia no vácuo do crescimento da economia nacional. As receitas cresceram, entretanto, sobre Anastasia, ele concedeu, sempre, reajustes acima da inflação. Nenhum governante introduziu mais privilégios ao poder Judiciário, ao poder Legislativo e ao próprio Ministério Público, além da advocacia geral do Estado. Sei que eles não gostam de ouvir essa minha crítica. Eu sou muito claro, mas eu tenho a base de dados”, frisou.

De acordo com ele, os privilégios concedidos pelo governo “fizeram com que profissionais qualificados que ingressam no serviço público nesses poderes de Estado pela via da meritocracia, com concurso, acumulassem altos salários e pior, além do vencimento, remunerações injustificáveis que mais do que dobram os valores em alguns casos”.

Ele continuou as críticas aos funcionários que teriam se acostumado com regalias. “Acostumaram-se com isso, queriam mais. Viraram uma oligarquia. E essas oligarquias passaram a tiranizar o orçamento do estado. Controlam o orçamento do estado e querem mais privilégios”, comentou.

Há 20 anos fora da política, João Batista já foi deputado estadual pelo PT, partido que ele ajudou a fundar, e é ex-secretario da educação. “Fui o fundador do PT, com outras pessoas, em Minas Gerais, e ajudei em outros estados. Convivi com o Lula durante cinco anos. Tinha por ele uma grande admiração, por sua trajetória de vida. Fui eleito o primeiro deputado pelo Partido dos Trabalhadores, trabalhando e dando aula. Só fazia campanha aos finais de semana”.

O candidato relembrou os motivos que o fizeram sair do Partido dos Trabalhadores. “Veio o descanto. Quando criamos o PT, nós acreditávamos em três fundamentos: a ética na política, ampliar a democracia pela linha da participação e na linha do fortalecimento do poder local para melhorar a qualidade da governança regional em benefício de todos. Acreditávamos nisso. E gerar também um estado de bem-estar social, para eliminar a pobreza, aumentar a inclusão e diminuir as desigualdades sociais”, comentou.

Segundo o candidato, em 1986, ele observou que a promessa de ética na politica não estava sendo cumprida no PT. “Eu conclui que eu estava errado. Deixei o PT com muita tristeza no coração”, comentou relembrando ainda que, alguns anos depois, ajudou a fundar o PSDB, em Minas. “Apoiei decididamente, como apoio, os governos de Fernando Henrique Cardoso, que passaram o país de uma época de capitalismo de estado, para uma época de capitalismo de mercado, com competição, investimento, concorrência e globalização”.

Governo Fernando Henrique 

Durante a entrevista, João Batista ressaltou a inspiração que ele tem pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, que ficou à frente do Executivo nacional entre 1995 e 2003. “Penso que Fernando Henrique fez uma mudança substancial neste país, ao introduzir o plano real, as metas de inflação, o cambio flutuante, o superávit fiscal e a lei de responsabilidade fiscal, além da lei do terceiro setor”, disse.

O candidato, além de elogiar o governo de Fernando Henrique, fez duras críticas ao Partido dos Trabalhadores, que já se posicionou, por diversas vezes, contra as propostas implantadas durante a era FHC. “Isso foi interpretado depois  pelo PT como uma herança maldita. Uma herança tão maldita que nos governos um e dois, a herança maldita foi completamente mantida, preservada e até implantada”, afirmou.

Nem de esquerda nem de direita

João Batista ressaltou que o governo do ex-presidente Lula foi importante para aumentar a inclusão social. Ele sugere que a solução é criar e adotar um sistema que una duas frentes ideológicas. “Peço que o Brasil de hoje tenha uma agenda que é pós-ideológica, nem de esquerda nem de direita, que reúne duas virtudes: a virtude que vem da era Fernando Cardoso, que é a matriz econômica, de equilíbrio, e a lei de inclusão social, que vem da era Lula. Isso penso que é civilizatório. Já não pertence a partido. A esquerda ou a direita. Pertence ao país. Pertence a todos nós, cidadãos”, ressaltou.

O PT inventou o nós contra eles

O candidato comentou a atual situação eleitoral e fez duras críticas ao partido dos trabalhadores. Ele fez ressalvas ao governo Dilma e também destacou que o processo de Impeachment da ex-presidente ajudou a polarizar o país.

“Hoje a impressão que se passa no país é que a atual crise, é culpa do Temer. Hora, Temer foi vice-presidente de Dilma um. Foi o vice-presidente de Dilma dois. O impeachment, que eu acho que foi uma dose cavalar, imprudente, exagerada, porque radicaliza (…) o PT inventou o nós contra eles para dividir o país. E o impeachment ajudou o eles contra nós a também dividir o país”.

Ele criticou Fernando Pimentel pela maneira como está realizando sua campanha eleitoral. “É a causa única de Fernando Pimentel: criticar Anastasia. Só que ele não diz verdades, tão graves quanto. Os governos Dilma resultaram na maior recessão da história econômica do país durante três anos. Esse é o legado Dilma. Essa é a verdadeira herança maldita”

Condenaram a Dilma, mas salvaram o Temer

João Batista criticou também o PSDB  por ter “salvado Temer” e disse que Anastasia deve dar esclarecimento aos mineiros sobre sua postura no Senado. “Anastasia, um jurista notável, que mereceria ir para o Supremo Tribunal Federal (STF), foi o principal responsável pela cassação de Dilma com seu famoso parecer. Depois com o Temer na presidência, quando a Polícia Federal e o Ministério Público Federal mostraram que o atual presidente, com quatro ministros do MDB, lideraram uma quadrilha organizada que praticava corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, quem salvou o Temer no Congresso Nacional foi o Rodrigo Pacheco (DEM), Aécio Neves (PSDB) e Antonio Anastasia. Condenaram Dilma, mas salvaram Temer. Eles vão ter que explicar isso aos eleitores”.

Ele voltou a fazer críticas ao atual governador do estado por sua omissão ao falar de assuntos que envolvem os escândalos de corrupção petista. “Pimentel fez pior. Ou fez igual tanto. Toda corrupção que o PT praticou, que a Lava Jato revelou e demonstrou, Pimentel nunca fez nenhuma crítica. Aliás, nem pode. Pimentel é um réu pela lei penal, acusado de lavagem de dinheiro e de corrupção e até hoje não apresentou uma defesa plausível”.

Confira a entrevista completa:

https://www.youtube.com/watch?v=11-HA4cCDVM

*G.R

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