Caso com maior pena foi do goleiro Aranha
No último domingo (21), o Mundo se chocou com o acontecimento no estádio Mestalla, em Valência, na Espanha. O atleta brasileiro Vinicius Junior, foi alvo de ataques racistas pelos torcedores do Valência, na partida entre Real Madrid x Valência. Essa não é a primeira vez que o atacante sofre racismo em sua carreira, aqui no Brasil, o atacante já havia sofrido ataques no ano de 2018. Atualmente, as arquibancadas presenciam menos a barbárie deste crime, mas ainda sim, acontece.
Entenda o caso
Os insultos a Vinicius começaram antes da bola rolar. Fora do estádio, os torcedores cantaram várias vezes uma música em que chama Vinícius Junior de “macaco”. Quando o jogo começou, o cântico continuou e foi entoado por boa parte do estádio. O jogador brasileiro foi na direção de alguns destes criminosos, mostrar sua indignação sobre os ataques, foi então que uma confusão generalizada iniciou.
O atacante Hugo Duro, segurou Vinicius Jr pelas costas, em um gesto parecido com o golpe ‘mata leão’, o brasileiro em sua defesa tentou se desvencilhar do outro jogador, o empurrando. A partida foi paralisada pelo árbitro e o sistema de som do estádio transmitiu um pedido para que os torcedores evitassem xingamentos racistas. Vinicius Jr. acabou sendo expulso da partida, por ter “agredido” Hugo Duro em meio a confusão.
O advogado Jordan Afonso explica que o juiz seguiu o regulamento da La Liga na ocasião.
“Primeiro ponto é a paralisação do jogo, o jogo é paralisado para observar o que está sendo feito, quem está xingando e cometendo estes atos. O juiz paralisa o jogo para que os atos cerce. Segundo passo, o juiz solicita um aviso no sistema de som do estádio, informando que o jogo será suspenso se os atos continuarem. Terceiro passo, não parado os atos o jogo é suspenso temporariamente e os jogadores saem de campo, mas a partida continua. No quarto passo é a suspensão definitiva da partida”, explica Jordan.
Repercussão
Ao final do jogo, Vinicius Júnior postou um texto em suas redes sociais. Na postagem, ele fala das recorrências de ataques racistas e destaca que o racismo na “La Liga é normal”.
“Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga… Eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, disse Vinicius.
Em seguida, os clubes brasileiros prestaram solidariedade ao atleta e até mesmo o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, postou uma mensagem de apoio ao jogador.
Queria fazer um gesto de solidariedade ao @vinijr, um jovem que certamente é o melhor jogador do Real Madrid, e que sofre repetidas ofensas. Espero que a Fifa e outras entidades tomem providências, para não deixar que o racismo tome conta do futebol.
— Lula (@LulaOficial) May 21, 2023
Além disso, Lula pediu para que o Ministério da Igualdade Racial notificasse autoridades espanholas e a La Liga para que tomem medidas. Mas não foi só apoio que Vinicius teve. Ele também foi criticado pelo presidente da La Liga, Javier Tebas, que usou suas redes para falar que o atacante nunca quis ouvir as medidas da liga sobre os casos de racismo.
Ya que los que deberían no te explican qué es y qué puede hacer @LaLiga en los casos de racismo, hemos intentado explicártelo nosotros, pero no te has presentado a ninguna de las dos fechas acordadas que tú mismo solicitaste. Antes de criticar e injuriar a @LaLiga, es necesario… https://t.co/pLCIx1b6hS pic.twitter.com/eHvdd3vJcb
— Javier Tebas Medrano (@Tebasjavier) May 21, 2023
Casos no Brasil
No Brasil, casos de racismo também ocorrem, mas com menos frequência do que se é visto em outros países, principalmente os que compõe o continente Europeu. O advogado Jordan Afonso, falou das implicações que podem ocorrer com quem comete este crime no país.
“Aqui no Brasil nos temos uma justiça especializada em crimes desportivos. Então no caso de torcedores que pratiquem atos discriminatórios, eles terão que ser identificados pelos clubes e impedidos de entrarem no estádio por 720 dias e os clubes podem ser punidos pelos atos de seus torcedores, com pena de até R$ 100 mil, perda de ponto ou exclusão de certas competições”, disse Jordan.
Alguns casos resultaram punições severas aos clubes e até mesmo nos torcedores. Na partida entre Remo x Cruzeiro, em 2022, pelo campeonato brasileiro série B, um torcedor do clube Celeste desferiu palavras racistas ao jogador Jefferson, do Remo e na época, a Raposa perdeu um mando de campo, além de uma multa de R$ 50 mil.
O caso mais famoso e com maior punição no futebol brasileiro foi do goleiro Aranha. Na ocasião, Grêmio e Santos se enfrentaram pelas oitavas de final da Copa do Brasil em 2014, na Arena do Grêmio. A torcida do tricolor gaúcha começou a chamar o goleiro de macaco. Na época o Grêmio foi eliminado da competição por conta dos insultos racistas de sua torcida.