Cada vez mais casos de assédios no ambiente de trabalho se tornam públicos. Nessa terça-feira (12), outro relato foi divulgado nas redes sociais. A jornalista Carina Pereira, que comandava o Globo Esporte em Minas Gerais, fez um desabafo no Instagram, declarando ter sido vítima de assédio moral na empresa, por parte de seus superiores.
“Sou muito grata pelos sete anos que vivi, mas não estava mais feliz. Já tem uns dois anos que aconteceram algumas coisas que foram somando. Enfrentei uma redação de esporte e não sabia que seria tão desafiador assim. Enfrentei muito preconceito por ser mulher e por não ser desse meio”, contou a jornalista no início do vídeo.
Durante o desabafo, Carina contou que recebia um tratamento diferenciado por ser mulher, virando até alvo de “piadinhas” dos colegas e também do próprio chefe.
A gota d’água aconteceu quando a jornalista foi convidada a fazer uma viagem a trabalho, em 2018, antes de tirar suas férias e escutou: “um absurdo isso, estou indo trabalhar, fulano também. Só você que não! Engraçado, né? Acho que você está com fama de bonita mesmo porque os chefes estão pagando hotel cinco estrelas, passagem aérea só para te ver, te conhecer. Poxa, ser mulher é bom demais.”
Após outros acontecimentos, Carina e mais outros colegas de trabalho denunciaram o chefe ao RH da emissora e também à equipe de compliance. “O que ele fazia comigo, ele fazia com outros colegas”, afirmou a jornalista.
No entanto, nada foi resolvido. Em seguida, a apresentadora foi trocada de horário e função. Além disso, ela sofreu mais represálias. Carina contou que realizou matérias na rua sem a presença de um cinegrafista e teve o conteúdo de uma pauta editado por alguém responsável pela supervisão de textos, não de vídeo.
Carina ainda contou que no ano passado, uma nova chefe veio pedir para que ela passasse uma borracha em tudo. “Ah não, vamos passar uma borracha em tudo, te ofereço uma página em branco. Para isso, preciso que você sente com o seu chefe, a gente converse e vou te orientar como se nada tivesse acontecido. Eu fui e acho que talvez esse foi o maior erro da minha vida, fingir que nada tinha acontecido, porque aconteceu”, relatou.
A pandemia chegou e a jornalista começou a fazer home office. Com isso, usou o tempo para refletir e repensar suas escolhas. “Eu me lembrei de quem eu era e tudo que tinha passado na vida e vi que aquilo passou dos limites”, disse.
Logo depois, ela tirou férias e ao retornar conversou com a nova chefe. Ao perceber que mudanças não iriam acontecer, a profissional optou pelo desligamento da empresa. Carina foi demitida na última terça-feira (5).
Apesar da situação, a jornalista se diz feliz e aliviada. Já a Globo afirmou que “não tolera comportamentos abusivos em suas equipes e todo relato de assédio é apurado criteriosamente assim que a empresa toma conhecimento.”
Além disso afirmou que “a empresa não comenta questões relacionadas a Compliance, pois, de acordo com o Código de Ética do Grupo Globo, assume o compromisso de investigar toda e qualquer denúncia de violação de regras, assim como o de manter sigilo dos processos, não fazer comentários sobre as apurações e tomar as medidas cabíveis, que podem ir de uma advertência até o desligamento do colaborador.”
Veja o relato na íntegra:
Ver essa foto no Instagram
Foto: divulgação Instagram