Campanha antirrábica em JF é comprometida por falta de vacinas

Vacinação em cães e gatos tem como objetivo evitar disseminação do vírus da raiva (Foto: Felipe Couri/Arquivo TM)

Prevista para ter iniciado no último dia 31 de agosto, a campanha de vacinação antirrábica na Zona Urbana de Juiz de Fora ainda não começou. O problema ocorre porque o Município não recebeu as 80 mil doses do imunobiológico necessárias para a vacinação de cães e gatos. Conforme a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), as vacinas, que são entregues pelo Governo federal, através do Ministério da Saúde, foram recebidas em volume aquém do previsto em razão de problemas técnicos na produção do laboratório credenciado. Em abril de 2019, foram destinados para Minas Gerais 58% do quantitativo necessário para as campanhas do ano, e a entrega do restante, anteriormente prevista para julho, não foi realizada. A raiva é uma doença infecciosa aguda, que acomete mamíferos, inclusive o homem, com letalidade em praticamente 100% dos casos, quando não tratados.

De acordo com o Ministério da Saúde, a pasta está “empenhada em solucionar o atraso do laboratório”, e os municípios prioritários, que são aqueles que tiveram confirmação de casos de raiva em animais, receberão as doses para a realização da campanha. “Para isso, o Ministério da Saúde irá remanejar as doses destinadas à rotina de vacinação no país. É importante lembrar que o Brasil registrou baixo número de casos de raiva em animais nos últimos anos, portanto encontra-se próximo à eliminação da doença em animais domésticos.” No período de 2010 a 2018, foram registrados 36 casos de raiva humana no país, sendo que em 2014 não houve casos.

A situação preocupa a Comissão de Proteção Animal da Câmara Municipal de Juiz de Fora. De acordo com o vereador Marlon Siqueira (MDB), presidente da comissão, uma reunião com o Ministério da Saúde, marcada para a próxima semana, vai tratar do assunto. “Vamos tentar alinhar essa questão da falta das vacinas para que a campanha seja retomada em Juiz de Fora. Apesar de não haver casos de raiva em cães e gatos nas últimas décadas, é uma coisa que preocupa. E ela não ocorre exatamente por essa cobertura vacinal. Esperamos que o serviço seja normalizado em breve”, pontuou.

Estoque em Minas
De todas as 9,8 milhões de doses distribuídas em todo o país este ano, 2,5 milhões foram entregues para o Estado de Minas Gerais, responsável pelo repasse aos municípios. Conforme a Secretaria de Estado de Saúde, ainda há em estoque um pequeno quantitativo do imunobiológico, que será guardado de forma estratégica para ser usado em caso de necessidade de bloqueio de focos da raiva animal. O restante recebido foi enviado para regiões do estado com “histórico epidemiológico de raiva canina e felina, sendo consideradas áreas mais críticas”.

Zona Rural
De acordo com a Secretaria de Saúde de Juiz de Fora, a Zona Rural da cidade já foi contemplada com a campanha este ano. A pasta informou que 7.063 cães e 1.052 gatos foram imunizados, totalizando 8.115 animais, entre os dias 15 de julho e 2 de agosto. Duas equipes trabalharam, percorrendo todas as áreas consideradas rurais, contemplando inclusive localidades limítrofes com as regiões dos bairros Grama, Barreira do Triunfo, Náutico e Linhares. A Secretaria de Saúde destacou que a cobertura vacinal na Zona Rural ocorreu dentro do esperado pelo setor de Zoonoses. “O resultado foi satisfatório, em função desta área representar maior risco epidemiológico, pela presença em maior número do morcego hematófago, principal reservatório do vírus da raiva na natureza”, diz nota da secretaria.

JF não tem ocorrência da doença desde 1998

Juiz de Fora não está entre as áreas críticas do país em incidência da doença. A Secretaria de Saúde do município informou que o último caso de raiva canina registrado na cidade foi em 1998. Porém, como destaca o médico veterinário Marcelo Fernandes, a vacinação, que precisa ser feita anualmente, é importante para que novos surtos não ocorram.

A raiva é uma doença causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae, que ataca o sistema nervoso central e pode levar a óbito após curto período de evolução. Ela ataca também os seres humanos, transmitida pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordida, podendo ser transmitida ainda pela arranhadura e/ou lambedura desses animais.

“Os filhotes podem ser vacinados a partir dos 90 dias e deve ser repetida anualmente para cães e gatos”, destacou o veterinário, acrescentando que a imunização é uma das exigências para viagens com animais. “Quem não conseguiu vacinar seus bichos durante a campanha pública, recomendo procurar clínicas particulares para fazer a imunização.” Conforme o veterinário, a aplicação custa, em média, R$ 40.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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