O encontro chamado mulheres para debater o fortalecimento da presença feminina no mercado de trabalho

Pesquisa divulgada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revelou que as juízas são 39% do total de magistrados do país. Nas instâncias superiores, os índices são ainda mais baixos. As desembargadoras (2ª instância) chegam a 23,9%, e as ministras, somente 18,8% (3ª instância). Em Minas Gerais, as magistradas que atuam na 1ª instância correspondem a 35,5% e, no segundo grau, 20,9%.
Os dados foram apresentados pela presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), juíza Rosimere das Graças do Couto, durante evento em celebração ao Dia Internacional da Mulher, promovido pela Revista Viver Brasil e o jornal O Tempo. O encontro chamado Mulheres 25 reuniu mulheres para debater o fortalecimento da presença feminina no mercado de trabalho.
Em sua palestra, Rosimere Couto compartilhou sua trajetória desde a opção pela Magistratura até a eleição para Presidência da Associação. Magistrada desde 1997, Rosimere Couto apontou desafios enfrentados pelas mulheres no ambiente profissional, independentemente da área de atuação.
A magistrada ressaltou que a mulher enfrenta preconceitos diversos, seja por tentar conciliar trabalho e maternidade ou por não se encaixar em padrões sociais tradicionais. “Não sou casada e não tenho filhos. Isso não torna meu trabalho mais fácil ou mais difícil. Enfrentamos preconceitos tanto pelo fato de não podermos conciliar a maternidade com a profissão quanto por não termos filhos ou marido e ainda assim sermos julgadas”, afirmou.
“A mulher promove a igualdade de gênero e contribui para a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada. No entanto, enfrentamos discriminação de gênero em diversas formas, como oportunidades limitadas de promoção, disparidades salariais e falta de reconhecimento pelo trabalho”, disse.
Por outro lado, destacou medidas adotadas para alterar essa realidade. A Amagis criou, em 2022, a Coordenadoria Amagis Mulheres. Em 2023, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) adotou o Programa de Apoio à Magistrada Gestante e Lactante. No ano seguinte, o CNJ determinou medidas de participação equânime de homens e mulheres em comitês, comissões e colegiados de livre indicação no Tribunal. Depois disso, em setembro de 2024, o TJMG adotou lista exclusivamente feminina para provimento de vaga de desembargadora.
Eleição histórica
Primeira mulher eleita presidente da Amagis, Rosimere Couto obteve a maior votação da história nos 69 anos da entidade. “A Magistratura, assim como outras áreas, está rompendo barreiras e reconhecendo cada vez mais o poder feminino. Precisamos ser valorizadas por nossa capacidade, conhecimento e dedicação, independentemente do gênero”, defendeu.
O evento também contou com palestras da influenciadora e especialista em Psicologia Positiva, Alessandra Mattar, que falou sobre sucesso e felicidade; da vice-presidente da Fecomércio e CEO da Ximenes Netimóveis, Cassia Ximenes, que abordou o empoderamento feminino no País; da vice-prefeita de Nova Lima e vice-presidente da Federaminas Mulher, Cissa Caroline, que falou sobre espaços públicos e a mulher na política; e a secretária-adjunta de Comunicação do Governo de Minas, Bárbara Botega, que falou sobre sua trajetória profissional, o papel da mulher na área pública e na privada e os desafios que ela enfrenta.