Programação se estende pela semana e conta com shows, oficinas, debates e mostra de cinema com entradas gratuita
Quinze anos depois e já é possível ver seus frutos. As mudanças de agora são de um contexto que precisa levar em conta uma série de direitos que foram reafirmados sobretudo por força das próprias mulheres. Mas a luta continua. Quando o Festival Mulheres no Volante surgiu, há 15 anos, ele já veio com um incômodo que era comum às três idealizadoras, Bruna Provazi, Tainá Novellino e Paula Velloso: poucas mulheres ocupavam posições nas bandas, principalmente com seus instrumentos. A ideia, desde o primeiro ano, era unir, então, as musicistas com o intuito de fortalecê-las e, ainda, criar um ambiente mais favorável às que vinham depois.
E elas vieram e continuam vindo. Nesta segunda-feira (1º), após cinco anos de hiato, tem início o festival, com programação que, pela primeira vez, estende-se pela semana toda, com mesas, oficinas, mostra e shows, com grupos da cidade formados majoritariamente por mulheres.
As primeiras edições do festival ainda tinham como foco a música. Mas, como disse Tainá, elas perceberam que, na verdade, “o buraco era mais embaixo”, e isso foi redefinindo o Mulheres no Volante. Foi com o tempo, também, que elas passaram a identificar a importância de, além dos grupos com mulheres, colocá-las também para dar as oficinas e abrir vagas exclusivamente para elas: só assim o objetivo de fazer crescer o número de artistas seria alcançado.
Apesar de ter começado em Juiz de Fora e ter sido feito pensando na cidade, o festival já teve algumas edições em outros lugares, sempre mantendo o foco e o estilo criados aqui. A última edição aconteceu em 2017, quando o Festival Mulheres no Volante completou 10 anos. Depois de cinco sem atividades, voltar com o evento foi uma necessidade para as organizadoras, pelo momento em que, de acordo com elas, a cultura faz cada vez mais sentido. Pensando no que mudou nesse tempo, no festival deste ano, tanto as bandas quanto as oficinas são encabeçadas por pessoas que atuam ou já atuaram na cultura juiz-forana. “Hoje, a gente vê atuando na cena meninas que fizeram oficinas no festival anos atrás. E são esses frutos que a gente quer mostrar: esse crescimento”, diz Tainá.
Pela primeira vez contando com o apoio de lei de incentivo, no caso, o Programa Murilo Mendes, todas as atividades serão gratuitas. Outra novidade é a descentralização delas: a programação vai ocupar o Parque Halfeld, a Praça CEU (em Benfica), o Anfiteatro João Carriço e o Teatro Paschoal Carlos Magno. De acordo com Tainá, o objetivo é falar sobre a ocupação feminina e o feminismo para outras mulheres, que, muitas vezes, não conhecem o termo e sua real importância no dia a dia.
Programação
A abertura da programação acontece nesta segunda-feira (1º), às 19h, no Teatro Paschoal Carlos Magno. Uma mesa vai reunir Giane Elisa Sales de Almeida (diretora-geral da Funalfa), Cibele Lopes (produtora cultural), Amanda Fie (DJ e produtora cultural), Tainá, Bruna e Paula (idealizadoras do Mulheres no Volante) para falar sobre os desafios de produzir cultura, sobretudo sendo mulher, trocando experiências e contribuindo para novos caminhos.
O Anfiteatro João Carriço vai concentrar as atividades de cinema. Na quinta-feira (4), às 19h, acontece a estreia na cidade do filme “Formigueiro – A revolução cotidiana das mulheres”, dirigido por Bruna. A sessão será seguida por debate com a realizadora do longa-metragem e do festival, com ex-secretária municipal de Saúde Ana Pimentel e com o coletivo Maria Maria – Mulheres em Movimento. Já na sexta-feira (5), também às 19h, acontece uma mostra com 12 curtas-metragens de seis estados brasileiros. O festival abriu inscrição para as realizadoras mandarem suas produções, chegando a receber quase cem curtas. Pri Helena e Rebeca Figueiredo, do coletivo GRILLA!, foram as responsáveis pela curadoria.
No sábado (6), a partir das 14h, acontecem os shows no Parque Halfeld. A discotecagem fica por conta de Amanda Fie e Rosa Martins. Às 16h, a banda Tata Chama e as Inflamáveis se apresenta. Logo depois, é a vez de Blizterin Sun, às 17h30, seguido do trio Inoutside, às 18h30. Laura Conceição sobe ao palco às 19h30, e MC Xuxu encerra a noite às 20h30. O palco onde as bandas se apresentam recebe o nome de “Nêga Lucas”, em homenagem à artista juiz-forana que faleceu no começo do ano. No dia, a organização recolhe itens de higiene pessoal para serem destinados à Casa da Mulher.
O fechamento do festival acontece no domingo (7), na Praça CEU, onde será realizada uma batalha de slam comandada pelas mulheres. No mesmo dia, acontece uma oficina de skate e colagem, que já está com vagas esgotadas, assim como a oficina “Falada poesia”, a de pintura intuitiva, de pandeiro e produção cultural. A única ainda com vagas é a de marketing digital, voltada para mulheres autônomas da Zona Norte de Juiz de Fora, que acontecerá em 28 de agosto, com Bruna e Tainá.
As informações são do portal Tribuna de Minas – Associada Amirt
Foto: Natália Elmôr/Divulgação