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Setor imobiliário é um dos segmentos mais impactados com a ausência de estudantes de fora na cidade
Suspensão de aulas presenciais em cursos superiores impacta significativamente a economia em Uberaba. Polo universitário, Uberaba possui três universidades, sendo duas particulares e uma federal, além de duas faculdades. De acordo com levantamento feito por empresa especializada em eventos universitários, estima-se que são mais de 42 mil graduandos na cidade. As instituições de ensino recebem alunos de todo o Estado de Minas e do Brasil. Desde do início da pandemia, em março de 2020, as aulas presenciais foram canceladas e as aulas passaram para a modalidade online. O ensino a distância ou EAD não exige que o aluno esteja presente nas salas de aula. Assim, muitos alunos de outras cidades retornaram para suas casas. Os setores que atendem esse público foram diretamente afetados financeiramente.
Um dos segmentos que mais sofreram foi o imobiliário. Camila Nogueira, gerente de locação de uma imobiliária no bairro Santa Maria, relata que, no início de 2020, a imobiliária intermediava em torno de 470 locações. Após a primeira onda da Covid-19, foram entregues em torno de 140 imóveis. Com a possibilidade do retorno das aulas presenciais, Camila contou que em dezembro e janeiro as locações tiveram alta, o que proporcionou certo equilíbrio ao setor. Porém agora, com a onda roxa e o retorno das aulas apenas online, muitos locatários têm entrado em contato com a imobiliária para saber sobre rescisão de contrato. Para evitar perder a locação, os proprietários dos imóveis têm preferido negociar com os inquilinos. “Bastante gente tem preferido fazer uma redução do aluguel nesse período e, às vezes, é feita a suspensão no período de três a seis meses para, justamente, não perder a locação”, relatou a gerente. Por ter aumentado a oferta de imóveis vagos, os preços de aluguéis na região também caíram. “Imóveis de um quarto, que eram alugados na faixa R$550,00, hoje estão sendo alugados por R$400,00”, completou Camila.
Uma livraria e papelaria que tem loja dentro do campus de uma das universidades está com a unidade fechada desde março 2020 e não vai voltar à operação até o retorno das aulas presenciais. A livraria mantém em funcionamento uma segunda unidade, instalada no mesmo bairro. Segundo o vendedor Cristiano Rocha Freitas, houve queda de, aproximadamente, 40% das vendas desde do início das aulas EAD.
E, sem os alunos dentro das universidades, as cantinas dos campi também tiveram que fechar. Solange de Almeida Santana é sócia de uma delas e contou à reportagem que fechou a lanchonete no dia 17 de março de 2020 e demitiu todos os funcionários que atendiam lá, por não ter condição de mantê-los em casa. Todos os alimentos e móveis foram retirados do local, já que não possui previsão de retorno das atividades. Mesmo tendo outra unidade na cidade, o fechamento da unidade impactou muito na receita do negócio. “Na universidade, o fluxo era grande, vendas todos os dias, era uma comercialização que a gente podia contar com ela, que acontecia, diferente do comércio que a gente não sabe quando o cliente vai entrar, se vamos vender ou não”, desabafou a comerciante.
Além dos comerciantes, o setor de eventos sentiu a queda de faturamento. Uma empresa especializada na realização de festas universitárias e formaturas está com as atividades praticamente paralisadas. Segundo Girla Nascimento, consultora de eventos, a paralisação da empresa afeta outros segmentos, como os serviços de som, iluminação e buffet.
Postado originalmente por: JM Online – Uberaba