100 anos do rádio: Adaptação à novas tecnologias e rádio multiplataformas

Em 100 anos de história, o rádio precisou desde o início lutar, se adaptar e se reinventar para conquistar o seu espaço. Nas primeiras décadas do século XX, as famílias se reuniam em torno do aparelho de rádio: um móvel central nos lares que tinham o privilégio de possuí-lo. 

A ‘Era de Ouro’ do rádio, nos anos 1940, foi marcada pela enorme audiência e por inovações em seu dispendioso processo de produção. Escutar rádio era, então, uma experiência coletiva e familiar. Reunir-se em torno do aparelho  e apreciar a música, a informação, o esporte ou programas de entretenimento era um ritual raramente realizado individualmente. A evolução dos modos de consumo do rádio está diretamente relacionada às mudanças pelas quais passaram a tecnologia e os dispositivos de transmissão da informação.

Mostrando sua força ao longo de tantos anos, em 2005, conseguiu realizar as primeiras transmissões no sistema digital no Brasil. Traçando esse caminho, foram surgindo as novidades tecnológicas, consequentemente, as multiplataformas. A especialista em Marketing e Branding, Marina Alves, conta sobre as adaptações rádio. 

“O rádio passou por uma situação muito grande nos últimos anos, mas ele sempre foi um veículo muito facilmente mutável, ele se adaptou muito bem a essas novas tecnologias. Hoje em dia, os nossos formatos de consumo são muito mais multiplataformas. A gente não consegue consumir só rádio, TV e jornal. Consumimos uma infinidade de coisas na internet também, que não só na internet. Então o rádio veio junto com isso também, ele trouxe tudo isso, porque o rádio na verdade é um universo de conteúdo. Essa entrada do rádio plataforma nada mais é do que o rádio sendo rádio em outros locais, sempre com uma entrada muito fácil. A prova disso é que ele é um veículo que tem uma presença na comunidade, uma presença física nas ruas e nos estúdios, com contato pessoal muito forte. O rádio multiplataformas é o rádio sendo o rádio, não precisando mudar, não precisando modificar o seu conteúdo para ir ao multiplataformas.”

A relevância e audiência do rádio continuam bastante sólidas, apesar de todas as mudanças. Mas, a digitalização do sinal de rádio no Brasil caminha a passos lentos. Um país de dimensões continentais e com acentuadas desigualdades de acesso, como o Brasil, precisa de um plano de implementação do rádio digital que leve em consideração suas especificidades para não promover exclusão da audiência e também evitar mais concentração dos meios transmissores em poucas mãos. 

“Nesses 100 anos de história do rádio no Brasil, a gente tem uma relação do brasileiro muito afetiva com o rádio. Nós que convivemos no dia a dia de uma emissora, conseguimos ver que as pessoas gostam. Elas têm os locutores, os comunicadores como amigos, como companheiros de dentro de casa. E nós temos como desafio continuar abrindo essa porta de comunicação entre no radiodifusor e a pessoa que o ouve, que o acompanha. Eu acho que nesses 100 anos, a gente criou uma história muito baseada no contato próximo com nossa audiência. Acho que nenhum meio de comunicação têm uma relação tão afetuosa como seu ouvinte. Esse é o maior bem que a gente tem e acho que hoje o grande desafio que enfrentamos é de realmente adaptar essa linguagem, esse afeto, toda essa ponte que foi construída entre audiência, anunciantes, pois são importantes para a construção do rádio, e radiodifusor. Eu acho super importante quando a gente considera esse contexto multiplataformas, a gente sempre pensa primeiro no digital, mas eu acho que a gente precisa muito pensar também no contexto pessoal, ainda mais devido o que estamos vivendo agora, que é um pós pandemia. Uma coisa muito forte do rádio é que ele sempre teve um contato pessoal muito forte. Então o rádio precisa pensar no digital, no multiplataforma não só com digital, pensar multiplataforma em como estar com a comunidade, como ser relevante na comunidade. E isso envolve você presente, você ir a campo, fazer coberturas, fazer ações em que você encontre com as pessoas. Você promove um encontro e você cria um laço de fidelização. Eu acho que esse é o maior bem que o radiodifusor tem conseguido manter nesses 100 anos do radio no Brasil, mesmo com todas as mudanças, mesmo com todas as dificuldades.”

A tecnologia de transmissão digital certamente será um grande avanço para a qualidade do rádio brasileiro, mas enquanto não contemplar a todos os atores do processo, o modelo segue em discussão para que possa ser aperfeiçoado.

Após 100 anos, a expectativa do veículo de comunicação é seguir cada vez mais vivo e convicto de que o futuro a ele pertence.

100 anos de rádio

O rádio é um veículo de comunicação que dá voz a sociedade, acolhe, abraça, é humano, e por ser, resiste. Após 100 anos de história no Brasil, a única certeza que temos é que apesar de qualquer situação teremos eternamente um amigo fiel a todo momento e em todo lugar.

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