Vaquinha virtual quer custear veículo para casal que atua em coleta seletiva

Há cerca de 20 anos a reciclagem está presente na vida de Wirley Aparecido Pereira dos Santos, de 35 anos. Aos 7, ele começou a ajudar a mãe a separar os materiais em busca de renda. “Ela se separou do meu pai e precisou nos sustentar. Foi na reciclagem que ela enxergou essa oportunidade”. Aos 18, o catador de reciclagens e reaproveitáveis, deixou o ofício para servir o Exército e, depois, passou anos trabalhando no comércio. “Quando minha esposa ficou grávida do meu filho mais novo, eu fiquei desempregado, e então busquei novamente a reciclagem, e, há sete anos, ela vem sendo meu emprego e minha renda”, narra Wirley, que, atualmente, tem encontrado dificuldades para recolher os materiais na cidade. “A demanda tem aumentado, mas eu não tenho como buscar os materiais. Atualmente trabalho em um carro que está com muitos problemas, é uma ‘bomba-relógio’, e tem me deixado na mão”, diz.

Por isso, uma campanha iniciada no ano passado busca arrecadar R$ 20 mil para a compra de uma Kombi para Wirley e sua esposa Jaqueline Bárbara Costa Fonseca dos Santos, com quem é casado há 16 anos. Ela o auxilia na triagem dos materiais. A vaquinha on-line já mobilizou 41 pessoas, também sensibilizadas pela causa abraçada pelo catador. “Hoje eu não enxergo a reciclagem somente como fonte de emprego e renda, mas como uma responsabilidade ecológica. Eu sei da importância da sustentabilidade e do descarte adequado de materiais para o nosso planeta”, diz.

Até a última sexta-feira (5), o valor arrecadado era de aproximadamente R$ 4 mil. Com o valor total, além da compra do veículo para ampliar as rotas de trabalho, Wirley quer se matricular em uma autoescola, para tirar sua carteira de habilitação – atualmente é o cunhado que dirige o carro que faz as rotas da reciclagem -, além de pagar o percentual da plataforma da vaquinha on-line. Interessados podem contribuir com valores a partir de R$ 25 por meio do site: www.vakinha.com.br/vaquinha/kombi-coleta-seletiva.

15 bairros de JF são atendidos

Morador do Bairro Recanto dos Lagos, Região Nordeste, e proprietário de um Ford Del Rey “caindo aos pedaços, com problemas no tanque e no carburador”, cedido por um primo, Wirley e o cunhado percorrem quase 15 bairros em diferentes regiões da cidade. “Antes da pandemia eu fazia meu trabalho com carrinho de mão, percorrendo apenas o Bairro Santa Helena. Como a demanda aumentou, e eu estava ficando muito desgastado de percorrer a pé, um primo me cedeu esse carro, e meu cunhado, que ficou desempregado, veio me ajudar. Mas estamos ficando sem condições de trabalho.”

Com três filhos, de 15, 11 e 6 anos, Wirley diz tirar todo o sustento da família da reciclagem. “Eu não peço dinheiro às pessoas, não cobro para ir buscar os materiais. Eu trabalho de domingo a domingo para recolher e separar materiais recicláveis e reaproveitáveis. Eu montei um ponto de coleta na minha garagem, e aos sábados realizamos um bazar com os objetos que recebemos e são reutilizáveis. No domingo eu vou à feira livre e vendo lá também”, conta.

Campanha busca arrecadar R$ 20 mil para a compra de uma Kombi para Wirley; até sexta, o valor arrecadado era de aproximadamente R$ 4 mil (Foto: Arquivo Pessoal)

Projetos futuros

A partir da aquisição da Kombi, Wirley acredita que poderá avançar em seus projetos de trabalho. Segundo ele, existe um grande demanda de condomínios e prédios pelo serviço que, “se Deus quiser”, em breve ele terá condições de assumir, conta. Com a ampliação das coletas, ele planeja se tornar um microempreendedor individual e ter um CNPJ. “Quero também ter a possibilidade de gerar alguns empregos para meus familiares e, quem sabe, até fazer parcerias com empresas para eu recolher o material deles. Quando tudo isso passar (a pandemia), eu quero muito conseguir fazer um curso técnico de gestão de resíduos e poder dar palestras sobre reciclagem em escolas, porque tudo começa na educação. As crianças e adolescentes abraçam a causa. Com adultos é mais difícil, muitos acham que separar o lixo gasta tempo e é trabalhoso. Mas se desde pequenos as crianças criarem esse hábito, isso se torna uma coisa normal para elas.”

Atualmente, Wirley divulga seu trabalho por meio de um perfil no Instagram. Na rede, além de divulgar seu trabalho, a esposa e ele, além de pessoas que o ajudam nas postagens, dão dicas e informações sobre coleta seletiva e reciclagem.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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