Café, soja e carne bovina impulsionam projeção de R$ 94,4 bilhões
A um mês da consolidação dos dados de 2020, a previsão é de que o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária mineira alcance recorde histórico com a cifra de R$ 94,4 bilhões, o que representa um crescimento de 24,3% em relação a 2019. O indicador começou a ser monitorado em 2011 e o melhor resultado registrado até então foi de R$ 84,6 bilhões, em 2016.
O VBP apresenta uma estimativa da geração de renda no meio rural e seu cálculo é feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a partir de dados do IBGE, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP).
Agricultura
A maior parte do faturamento mineiro (63,4%) veio da agricultura, setor que também obteve o maior crescimento em relação ao ano anterior (25,4%), com estimativa de R$ 59,9 bilhões. O aumento foi impulsionado, principalmente, pelo café e pela soja.
O café, destaque do VBP mineiro, teve participação de 33,6% nas receitas agrícolas neste ano, atingindo R$ 20,1 bilhões, crescimento de 49,9% frente a 2019.
Na segunda colocação e também com o expressivo crescimento de 62,6%, a soja tem previsão de receita de R$ 13,2 bilhões. Assim como o VBP da produção agropecuária mineira, a estimativa também é de recorde para o grão, de acordo com dados do IBGE/LSPA de novembro.
O crescimento esperado para o volume produzido de soja é de 20,1% e a produção deve chegar a 6,2 milhões de toneladas. “A alta demanda do mercado internacional pelo grão e por derivados, atrelada ao período de entressafra, fez com que o preço no mercado interno alcançasse recordes nominais em novembro”, explica a assessora técnica da Superintendência de Inovação e Economia Agropecuária da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Creuma Viana.
Os demais produtos que contribuíram para o resultado positivo foram milho (33,0%), feijão (7,6%), laranja (0,02%), trigo (49,7%), mandioca (7,8%) e amendoim (78,6%).
Pecuária
A previsão de crescimento para a pecuária é de 22,6%, com receita estimada em R$ 34,5 bilhões. Os destaques foram bovinos (+21,6%), leite (+9,4%), ovos (+7,0%) e frango (0,2%).
Em razão da menor disponibilidade de animais para abate e da demanda externa aquecida, os preços da arroba do boi no mercado interno registraram novos recordes em novembro, como aponta o indicador do Boi Gordo Cepea. A arroba foi comercializada ao valor médio de R$ 285,33, alta de 7,8% em relação a outubro. No terceiro trimestre foram abatidas 663 mil cabeças no estado, queda de 12,6% em relação ao mesmo período de 2019 e de 7,4% em relação ao segundo trimestre de 2020, segundo pesquisa do IBGE.
A estimativa do VBP para a carne bovina é de R$ 11,3 bilhões; os ovos, que estão com maior disponibilidade no mercado, devem alcançar R$ 1,5 bilhão; a previsão para o leite é de R$ 12,6 bilhões e para o frango são esperados resultados da ordem de R$ 6 bilhões.
Cenário
“Mês a mês a gente vem avaliando e confirmando a projeção que se tinha desde o início do ano. Esses resultados têm garantido a Minas Gerais a quarta posição no ranking nacional, com participação de 10,7% no VBP brasileiro”, analisa o superintendente de Inovação e Economia Agropecuária da Seapa, Carlos Eduardo Oliveira Bovo.
De acordo com Bovo, as razões que levaram ao bom resultado estão relacionadas aos recordes de produção – associados aos aumentos da produtividade e da área plantada no estado -, e à adoção de tecnologia. “Ao mesmo tempo, encontramos um cenário favorável de preços por conta da pandemia. Alguns mercados produtores pararam ou retraíram a produção, abrindo oportunidade de exportação para muitos dos nossos produtos”, contextualiza.
*As informações são da Agência Minas Gerais.