Em análises pré-clínicas, em animais, imunizante pesquisado demonstrou capacidade de produção de anticorpos
Os testes clínicos em humanos da primeira vacina contra Covid-19 totalmente desenvolvida no Brasil foram oficialmente iniciados. O imunizante é fruto de parceria entre a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e representa um marco da participação da ciência brasileira no combate à doença. Em análises pré-clínicas, em animais, a vacina demonstrou capacidade de produção de anticorpos.
A vacina foi elaborada no Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da universidade federal e somou dezenas de milhões de reais em investimentos. O processo contou com suporte financeiro do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e de emendas parlamentares das bancadas federal e estadual.
Autoridades dos governos federal e estadual e equipes que conduzem os estudos do imunizante SpiN-Tec MCTI UFMG detalharam como foi o processo de desenvolvimento e as fases em que se darão os testes.
Vacina traz legado à ciência brasileira
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Cesar Rezende de Carvalho Alvim, e o secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales, enalteceram os esforços da comunidade científico-acadêmica na obtenção desta que é a primeira vacina 100% desenvolvida no Brasil.
“A vacina traz um legado muito significativo que extrapola a UFMG. E isso foi possível graças ao engajamento de todos os envolvidos. A pandemia mostrou o papel nobre e único da ciência. E para chegarmos a esse marco histórico, que é a vacina produzida por brasileiros, tivemos qualidade e excelência científica. Tivemos competência em fazer acontecer. E prontidão e velocidade. Tudo isso com recursos bem inferiores ao que vimos mundo afora para o desenvolvimento das vacinas que temos no mercado”, enalteceu o ministro.
“É a primeira vacina da história do Brasil. Produzida por brasileiros, com financiamento brasileiro e por instituições brasileiras. E agora ela começa a ser testada em seres humanos”, reforçou Morales.
Pesquisa começou em 2020
Os primeiros estudos da SpiN-Tec MCTI UFMG começaram em 2020. A testagem em humanos foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em outubro e tem o objetivo de obter evidências quanto à eficácia e à segurança do imunizante, além de descobrir eventuais reações adversas.
Nos estudos pré-clínicos, feitos em animais, a vacina não gerou efeitos colaterais adversos e demonstrou capacidade de produção de anticorpos. Os exames comprovaram também que o imunizante é eficaz contra diferentes variantes do vírus.
Os testes terão três fases. As duas primeiras, serão em Belo Horizonte. A primeira com 72 voluntários e a segunda, com 360.
Terminadas as fases 1 e 2, o grupo que desenvolve a SpiN-Tec MCTI UFMG enviará os relatórios do estudo para a Anvisa, que dará aval para a terceira e última etapa, que reunirá de quatro a cinco mil voluntários de várias partes do Brasil. Somente após essas etapas é que o imunizante chegará ao mercado e à população.
As informações são do Diário do Comércio.
Foto: Rovena Rosa/ABr.