Tutu com Tacacá lança disco de estreia e apresenta seu ‘carimbó paraense com jeitinho mineiro’

Álbum traz oito faixas autorais que inovam ao misturar as musicalidades de Minas Gerais e do Pará; primeiro trabalho do grupo estará disponível nas plataformas digitais de streaming no dia 26 de novembro, sexta-feira

O conhecido carimbó do Pará temperado com tambores de Minas Gerais invadiu as ruas e palcos de Belo Horizonte e, agora, virou disco. Após lançar dois singles como aperitivos ao público, a banda Tutu com Tacacá apresenta o primeiro álbum da carreira, homônimo, como a consolidação de um projeto que propõe uma ponte inédita entre os movimentos musicais de Minas e do Pará. São oito músicas autorais, com fortes influências de expressões culturais regionais, como o Congado, a Folia de Reis, a Catira mineira, carregadas com a guitarra e o banjo paraenses do carimbó.

Escute o disco Tutu com Tacacá (link especial para a imprensa)

Nas raízes de uma banda de encontros, não apenas entre as geografias de Minas e Pará, o Tutu com Tacacá agrega em seu primeiro disco diversas participações originais, como a declamação de Lorena Lemos, militante do Levante da Juventude, na música “Resiste, Sempre-Viva”, em uma reverência à resistência das mulheres que se encontram nas ruas para lutar pelos seus direitos; e os sapateados e palmas de Mariana Razzi, inspirados na catira mineira, famosa dança dos rincões sertanejos, e que encorpam o arranjo de “Mineira no Carimbó” – homenagem ao jeitinho particular que as moças das montanhas dançam carimbó.

Devido às restrições necessárias da Covid-19, algumas colaborações aconteceram à distância. “Sempre foi uma vontade trazer um pouco da energia do show pro disco, mas como o processo se deu todo durante o período intenso da pandemia, não podemos gravar com o grupo todo reunido. Mas fomos encontrando outros meios de o trabalho fluir e de alcançarmos o resultado que queríamos. Como a maioria das gravações aconteceu no estúdio do nosso produtor musical, que fica em sua casa, ficou mais fácil para organizar as agendas e aproveitar ao máximo a presença de cada integrante para as gravações”, explicou a vocalista Ana Luísa Cosse. O ex-guitarrista da banda, Pedro Fonseca, gravou as vozes principais da canção “Roda de Saia”, de sua autoria, em um estúdio em São Paulo, e a baixista Camila Menezes registrou suas linhas groovadas de baixo em seu home studio. O álbum ainda contou com os acréscimos encorpados das baterias de Pedro Ramalho e Arthur Rezende em duas faixas, “Tutu com Tacacá” e “Guarás”, respectivamente.

Entretanto, mesmo com todas as restrições impostas pela pandemia, a banda Tutu com Tacacá conseguiu transportar para o seu primeiro disco toda a energia e êxtase de suas apresentações. “Nos shows, o público sempre é um espetáculo à parte, nos emociona muito a interação, a entrega, o bailado e a alegria. Muita gente perguntou sobre como curtir nosso som em outros momentos, em casa, em festas, em viagens. Agora, com o disco lançado, será possível satisfazer essas vontades e também alcançar mais pessoas em todas as partes do mundo”, anuncia a vocalista Ana Luísa Cosse.

O resultado desse trabalho se materializou em oito músicas autorais (sendo dois pot-pourris) do disco “Tutu com Tacacá” que foi realizado com recurso recebido pela banda do Prêmio Cultural Aldir Blanc, da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, em 2020, na categoria Linguagens Artísticas. A gravação do álbum foi realizada no Eremita Estúdio, localizado na casa do músico e produtor Luiz Camporez, que assina os arranjos, a produção musical, a edição, a mixagem e a masterização do álbum, além das gravações de voz, violão e guitarra.

Uma das tarefas de Camporez foi registrar separadamente em estúdio – incluindo participações à distância – as diferentes particularidades instrumentais e vocais do Tutu com Tacacá, um grupo que atua essencialmente no calor de tocar junto, com doses aceleradas de improviso, seja nas apresentações de rua ou em casas de shows e teatros. “Nas sessões de gravação, busquei equilibrar a sonoridade como se a gente tivesse tocando junto, pensando nas questões dinâmicas, no feeling de cada pessoa, sintonizando cada membro da banda conforme as músicas pediam e também como os trechos das músicas pediam”, retrata Camporez.

O álbum “Tutu com Tacacá” traz oito canções autorais, entre elas dois pot-pourris. As músicas foram criadas depois de uma residência artística feita no Pará por Marina Araújo, que assina cinco faixas, e Ana Luísa Cosse, autora de uma música em parceria com Luiz Camporez. Há, também, uma composição de Shari Simpson (flauta) e uma de Pedro Fonseca, ex-guitarrista e vocalista da banda. A percussionista Marina Araújo afirma que o álbum traduz uma vontade antiga da banda. “Queríamos muito gravar nossas composições autorais e, assim, entrar nas playlists das pessoas, permitindo que elas nos ouçam e dancem ao nosso som quando quiserem. Era, também, uma cobrança de quem segue o nosso trabalho”, afirma.

Faixa a faixa

Pot-pourri “Canto de Moçambique/Tutu com Tacacá”. O primeiro single do disco traz mais uma dobradinha. Enquanto “Canto de Moçambique” é inspirada nas Irmandades de Minas, “Tutu com Tacacá” propõe uma releitura do carimbó, criando um diálogo entre os instrumentos tradicionais mineiros e paraenses.

Guarás”.  Idealizada quando a vocalista Ana Luísa Cosse avistou pela primeira vez a ave vermelha guará, na Ilha do Marajó, a música é parceria com Luiz Camporez, e conta sobre o encontro do lobo-guará com a ave guará, em uma roda de carimbó.

Resiste, Sempre-Viva!”. Uma música de resistência, nascida nos atos políticos liderados por mulheres e coletivos feministas, em 2018. Mostra a força, a resistência e a luta das mulheres brasileiras. A analogia à flor Sempre-viva, endêmica do cerrado brasileiro, demonstra a resiliência dessas mulheres.

“Viemos mineirizar”. Revela a proposta essencial do Tutu com Tacacá, além de apresentar, ideologicamente, quais as defesas que a banda faz, cotidianamente.

“Junta Minas e Pará”. Apresenta o “carimbó mineirado”, ao misturar o carimbó com o Congado, com destaque para a riqueza dos instrumentos de percussão – maraca, ganzá, curimbó, patangome e caixa.

Mineira no Carimbó”. O segundo single lançado presta uma homenagem ao jeitinho mineiro de dançar carimbó, fazendo referência às mulheres que dançam o ritmo com saias coloridas de chita durante o Carnaval de Belo Horizonte.

Roda sua saia”. Um carimbó dedicado ao amor e às paqueras que surgem no calor dos shows da banda, a partir da dança.

Pot-pourri “Maria Fumaça/Ode aos Mestres”. A música se inicia com uma mistura de sonoridades diversas de percussões e vozes que fazem com que o ouvinte se sinta dentro da locomotiva Maria Fumaça que faz o trajeto entre as cidades de São João Del Rei e Tiradentes, em Minas Gerais. A subida da serra pela Maria Fumaça traz um canto de Moçambique que é uma homenagem a todos os mestres e todas as mestras da cultura popular que inspiram a banda Tutu com Tacacá.

Sobre o Tutu com Tacacá

Nascida em 2016, o Tutu com Tacacá é fruto do encontro entre musicistas do Grupo Folclórico Aruanda (dedicado à pesquisa das culturas populares tradicionais do Pará), que queriam experimentar novas possibilidades estéticas e musicais. Antes da banda, porém, esse núcleo de artistas pediu a “bença” da tradição para levar o carimbó ao Carnaval de rua de Belo Horizonte, criando o Bloco da Fofoca. “A fofoca é uma vestimenta íntima que utilizamos embaixo da maioria dos trajes das danças pesquisadas pelo Aruanda. Começamos a dançar vestidas de fofoca e decidimos que o nosso bloco seria o bloco das ‘fofoqueiras’. Já existia uma pesquisa de carimbó no Aruanda, conhecíamos as sonoridades e as movimentações da dança. Então, sempre foi um ritmo apaixonante e envolvente para nós”, conta a vocalista, Ana Luísa Cosse.

O primeiro desfile do Bloco da Fofoca foi a fagulha para a criação de um projeto que se estendesse durante todo o ano, surgindo então o Tutu com Tacacá. “As sonoridades mineiras foram chegando aos poucos e espontaneamente. Nossas composições são inspiradas nas tradições paraenses e mineiras, mas as letras refletem nossas vozes, nossos posicionamentos, o que temos vontade de dizer ao mundo”, conta Marina Araújo.

No que tocam as referências, o Tutu com Tacacá reverencia as Irmandades mineiras, em especial as guardas de Moçambique e Congo, bem como nas Folias de Reis. Também são referências para nós a Vesperata de Diamantina, Milton Nascimento e o Clube da Esquina”, conta Ana Luísa Cosse. Do Pará, a banda busca referência em diversos nomes, tais como Mestre Verequete, Dona Onete, Pinduca, Mestre Lucindo, Mestre Diquinho, Mestre Chico Braga, Grupo de Tradições Marajoara Cruzeirinho, Grupo Tambores do Pacoval, Grupo Eco Marajoara, Grupo Sancari, Grupo Cheiro do Pará, Grupo Frutos do Pará. “Também nos inspiram artistas como Lia Sophia, Fafá de Belém, Joelma, Gaby Amarantos, Felipe Cordeiro e Félix Robatto”, completa.

A formação do Tutu com Tacacá conta com Ana Luísa Cosse (vocalista), Camila Menezes (baixista), Leléo Lima (percussionista), Marina Araújo (percussionista), Shari Simpson (flautista), Stênio Galgani (guitarrista) e Vivi Cosse (vocalista e maraqueira). Nesses cinco anos de história, o Tutu com Tacacá já realizou shows em eventos como o 13º Festival de Verão da UFMG (2019), Mostra de Cinema de Tiradentes/MG (2019) e I Festival Sindical da Canção (2017). A banda também foi vencedora do concurso “Sarau Minas Tênis Clube”, em 2019, e realizou um show em homenagem à cantora Dona Onete, diva do carimbó paraense, e recebeu o Prêmio Cultural Aldir Blanc, da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, em 2020, na categoria Linguagens Artísticas.

As informações são de Floriano Comunicação.

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