Tribuna de Minas: Militar da reserva é detido por vigilante da UFJF após pichação

Homem, de 59 anos, foi filmado em ação de vandalismo que tentava apagar “Fora Bolsonaro” de banner da associação

Um militar da reserva do Exército, de 59 anos, foi detido por um vigilante da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), na noite de segunda-feira (14), após ser flagrado em um ato de pichação, que tentava apagar o nome do presidente da República de um banner da Associação dos Professores de Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes), afixado próximo à sede sindical e ao Pórtico Norte, com a frase “Fora Bolsonaro”. A ação de vandalismo foi interrompida por um homem, 39, que, indignado com a atitude, começou a filmar. No momento da gravação, o militar estava servindo de base para um comparsa, que estava de pé sobre seus ombros, para alcançar o nome no alto e apagá-lo com tinta spray preta. Surpreendido pela câmera, o militar chegou a acionar o spray em direção ao homem que filmava.

De acordo com informações do boletim de ocorrência, registrado pela Polícia Militar por volta das 19h, o vigilante da UFJF contou que estava trabalhando, quando foi avisado pela testemunha sobre o dano no citado banner. Chegando ao local, o servidor avistou os dois suspeitos apagando parte da frase com a lata de spray. O vigilante conseguiu deter o militar, no entanto, o comparsa conseguiu escapar.

Ao ser questionado, o integrante da reserva do Exército alegou que, por não concordar com os dizeres do banner, “se sentiu no direito de manifestar a sua opinião, apagando o nome do presidente Bolsonaro”. Ele ainda argumentou que, “por se tratar de um local público, não deveria ter algo com os dizeres afrontando a imagem do presidente da República”.

Conforme o registro policial, o suspeito esteve acompanhado de seu advogado, e a PM fez contato com a Polícia Federal, que ficou de receber a ocorrência na manhã desta terça (15), sendo o militar liberado. A lata de spray preta utilizada na ação foi apreendida.

Outros ataques

Procurada pela Tribuna, a UFJF disse que não iria se manifestar em decorrência de o fato ter acontecido em um espaço cedido à Apes. Já o presidente da associação, professor Augusto Santiago Cerqueira, informou que o setor jurídico da entidade está tomando todas as providências legais cabíveis, “para que esse ato tenha consequência para as pessoas envolvidas e para que o patrimônio seja ressarcido”. Segundo ele, esta não foi a primeira vez em que o banner, instalado em meados de 2020, foi danificado. O mesmo inclusive já foi até rasgado. Diferentes versões anteriores, afixadas na mesma estrutura, também já foram alvo de ataques, como quando a Apes se posicionou contra a Reforma da Previdência.

Sede de entidade privada sem fins lucrativos

De acordo com o presidente da Apes, uma das ações anteriores chegou a ser filmada pelas câmeras da associação, mas não foi possível identificar a pessoa pela imagem. “É importante esclarecer que ali é um espaço do campus cedido à Apes, o sindicato que representa os professores da UFJF e do IF Sudeste. O banner foi feito com recursos privados, pois somos uma entidade privada sem fins lucrativos. (A estrutura) está ali para demarcar a nossa sede, é o espaço pelo qual a gente se comunica e se manifesta politicamente. Portanto, não foi um dano ao patrimônio público, mas um dano material à entidade, que tem direito à livre manifestação e repudia atos de vandalismo, que demonstram intolerância e desejo de opressão à livre manifestação.”

Direito à livre manifestação

Para Augusto, mais do que o ressarcimento dos recursos, a importância de a Apes levar a questão adiante é defender o direito à livre manifestação da categoria e o posicionamento político da entidade. “Incorporar a luta pelo ‘Fora Bolsonaro’ foi decidido em assembleia em março de 2020, inclusive chegamos a mencionar (em banner) o número de mortes na pandemia. Qualquer manifestação a esse governo tem sido alvo de ataques.” Segundo ele, além dos banners terem sido rasgados e pichados, foram divulgados vídeos nas mídias sociais com uma série de mentiras. “Esse tipo de ação só reforça a necessidade de se manter a manifestação, para não se dobrar a qualquer tipo de intimidação e de opressão.”

As informações são da Tribuna de Minas, associada do Portal Amirt.

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