Superávit da balança comercial mineira cai

Saldo no acumulado do ano é positivo, mas inferior ao de 2021

Embora as exportações e as importações de Minas Gerais tenham crescido nos dez primeiros meses de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado, o saldo da balança comercial do Estado caiu no mesmo tipo de comparação. O superávit do comércio exterior somou pouco mais de US$ 19 bilhões no acumulado de janeiro a outubro deste ano, contra cerca de US$ 22 bilhões em 2021. No mês também houve retração. A diferença entre embarques e compras internacionais saiu de cerca de US$ 1,5 bilhão em 2021 para aproximadamente US$ 1,4 bilhão neste exercício.

Os dados são do Ministério da Economia e indicam ainda que apenas as exportações do Estado somaram US$ 33.831 bilhões no decorrer de 2022 até o décimo mês. O montante é 3,54% maior que os US$ 32,674 bilhões apurados na mesma época de 2021. Apenas em outubro as vendas ao exterior foram de US$ 2,977 bilhões, 7,58% a mais que os US$ 2,767 do mesmo mês do ano passado.

Apesar do desempenho das exportações mineiras, o minério de ferro, principal item da pauta econômica do Estado, continua apresentando retração. As receitas referentes ao insumo siderúrgico já acumulam baixa de 35,3% no ano. As vendas somaram US$ 10,5 bilhões nos dez primeiros meses de 2022, enquanto na mesma época de 2021 haviam chegado a US$ 16,2 bilhões. No mês, a retração foi semelhante: 32,9%, sendo que totalizou US$ 778 milhões no mês passado sobre US$ 1,1 bilhão em outubro do ano anterior.

De acordo com o consultor de negócios internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, o cenário de expansão pode ser atribuído à recuperação da atividade econômica. E lembra que, embora o ritmo econômico mundial ainda permaneça fraco, a guerra entre Rússia e Ucrânia causou aumento nos preços em geral, permitindo uma melhora do faturamento das exportações.

Especificamente sobre o desempenho do minério de ferro, o especialista explica que tem relação com a desaceleração na China, que segue com nível de oferta do insumo elevado em função de uma menor demanda por parte das siderúrgicas. “Há um desequilíbrio entre oferta e demanda que tem culminado com maiores estoques e derrubado os preços mundo afora”, diz.

Brito lembra, porém, que outros produtos importantes como o café, seguem em ascensão. Para se ter uma ideia, as receitas com os embarques do grão têm crescido acima dos 60%. No ano já somam US$ 5,6 bilhões (contra US$ 3,4 bilhões em 2021) e no mês US$ 676 milhões (US$ 419 milhões em outubro do ano passado).

“A queda do minério pesa mais devido sua importância na participação e devido aos preços que caíram muito. Mas outros produtos além do café seguem avançando como a soja, o ferro-ligas, o ouro e a celulose”, completa.

As importações somaram US$ 14,8 bilhões de janeiro a outubro, alta de 42,6% sobre os US$ 10,3 bilhões registrados no exercício anterior. Apenas no décimo mês as receitas chegaram a US$ 1,5 bilhão sobre US$ 1,2 bilhão em 2021, elevação de 23%.

“Nós temos a hulha, que lidera nossas importações com aumento bastante significativo ao lado do coque. O adubo também mais que duplicou e também tivemos aumento na importação de iodos”, exemplifica.

Projeções para o comércio exterior

Considerando o desempenho da balança comercial brasileira, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, afirma que o País deverá encerrar o ano com recorde nos valores das exportações e das importações, mas não do superávit. Isso porque os valores das importações estão maiores.

“Já a corrente de comércio – que é a soma – vai bater recorde. Mas ainda não é garantia que este cenário seja mantido em 2023, porque de acordo com o que temos acompanhado, as receitas das exportações em outubro já cresceram menos que a média do ano. Por isso, projetamos para o ano que vem um crescimento menor em termos de preço”, afirma.

Especificamente sobre o minério de ferro, Castro diz que o comportamento vai depender da China. Ele complementa que, ao lado de soja e petróleo, o insumo siderúrgico representa 40% da pauta exportadora nacional. E que os três vêm apresentando quedas nas quantidades e deverão encerrar o ano com volumes de exportação menores.

“A melhoria do minério pode acontecer, mas vai depender da China. O que projetamos é que em 2023 a balança será, mais uma vez, sustentada por commodities e, cada vez mais, agrícolas. É que o protagonismo do minério vai e volta, de acordo com o momento”, justifica.

As informações são do Diário do Comércio.

Foto: Divulgação.

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