Sobe para 5 número de mortes que podem estar relacionadas ao consumo de cerveja Backer em MG

Mais uma morte pode estar relacionada a contaminação da cerveja Backer

Mais uma morte pode estar relacionada a contaminação da cerveja Backer

A Polícia Civil confirmou, na manhã desta segunda-feira (3), que morreu mais uma pessoa internada por suspeita de intoxicação por dietilenoglicol relacionadas ao consumo de Backer em Minas Gerais. Agora, são cinco os casos investigados. Desses, um já foi confirmada a presença da substância tóxica.

João Roberto Borges, de 74 anos, estava no Hospital Madre Teresa, no bairro Gutierrez, na Região Oeste de Belo Horizonte, e morreu nesta madrugada.

Borges trabalhava como juiz titular da 28ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) 3ª Região.

Segundo a polícia, o corpo dele foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para necropsia.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que subiu para 30 o número de casos suspeitos de intoxicação por dietilenoglicol. Desses, 22 casos foram registrados em Belo Horizonte e os demais casos nas cidades de Capelinha, Nova Lima, Pompéu, Ribeirão das Neves, São João Del Rei, São Lourenço, Ubá e Viçosa.

Por nota, a cervejaria informou que “em relação às mortes ocorridas por suspeitas de intoxicação por dietilenoglicol, a Backer compartilha da dor dos familiares das vítimas e, ainda que inconclusas as investigações sobre o acontecido, continua prestando o suporte necessário a todos os atingidos”.

Ainda segundo o comunicado, a Backer tem acolhido essas pessoas e prestado atendimento psicossocial, inclusive, na semana passada, por iniciativa própria, a empresa recorreu ao Ministério Público para ampliar ainda mais o suporte prestado às famílias dos atingidos.

Por fim a nota dize que “a Backer, como a maior interessada em saber o que de fato aconteceu, está tomando todas as providências para elucidar a questão e, embora não se tenha chegado a uma conclusão definitiva sobre o ocorrido, jamais deixou de colaborar com as investigações”.

Mortes

A Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) investiga três mortes por suspeita de contaminação por dietilenoglicol em Minas Gerais; um caso já foi confirmado.

No total, cinco mortes podem estar relacionadas à intoxicação pela substância tóxica dietilenoglicol. A substância foi encontrada em amostras da cerveja Belorizontina, da Backer.

Um caso aconteceu em Pompéu, na Região Centro-Oeste do estado. Trata-se de uma mulher de 60 anos. Ela morreu de insuficiência renal no dia 28 de dezembro. O caso já havia sido notificado pela Secretaria Municipal da cidade e entrou no boletim da Secretaria de Estado da Saúde nesta quinta-feira (16).

Ao G1 familiares da vítima, que não quiseram ser identificados, relataram que antes do óbito, a idosa esteve em viagem a Belo Horizonte no período de 15 a 21 de dezembro onde consumiu a cerveja Belorizontina.

De acordo com a SES, até o momento, um caso foi confirmado por intoxicação provocada pelo dietilenoglicol, substância tóxica usada em resfriamento de serpentinas. Trata-se de Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos. Ele morreu na noite de terça-feira (7) no Hospital Santa Casa de Misericórdia em Juiz de Fora., na Zona da Mata.

Ainda não há prazo para conclusão dos laudos referentes aos casos suspeitos.

A ligação entre a síndrome e a contaminação por dietilenoglicol é investigada pela Polícia Civil. Análises feitas pela perícia do Instituto de Criminalística da corporação apontaram a presença da substância em amostras da cerveja Belorizontina. Ela é tóxica e também foi encontrada em exames de sangue de outros quatro dos pacientes internados em Minas Gerais.

A Backer nega que usa o dietilenoglicol no processo de fabricação. Ele foi encontrado pelo Ministério da Agricultura em um tanque de fermentação e na água usada pela cervejaria.

Empresa que seria fornecedora de monoetilenoglicol para a Backer é alvo de buscas — Foto: Reprodução/TV GloboEmpresa que seria fornecedora de monoetilenoglicol para a Backer é alvo de buscas — Foto: Reprodução/TV Globo

Empresa que seria fornecedora de monoetilenoglicol para a Backer é alvo de buscas — Foto: Reprodução/TV Globo

Resumo:

  • Uma força-tarefa da polícia investiga 18 notificações de pessoas contaminadas após consumir cerveja; cinco morreram;
  • Os sintomas da síndrome nefroneural incluem náusea, vômito e dor abdominal, que evoluem para insuficiência renal e alterações neurológicas;
  • O Ministério da Agricultura identificou 41 lotes de cerveja da Backer contaminados com dietileglicol, um anticongelante tóxico;
  • A Backer nega usar o dietilenoglicol na fabricação da cerveja;
  • A cervejaria foi interditada, precisou fazer recall e interromper as vendas de todos os lotes produzidos desde outubro;
  • Diretora da cervejaria disse que não sabe o que está acontecendo e pediu que clientes não consumam a cerveja.

Veja lista das mortes

Ministério da Agricultura aponta 7 lotes da Backer contaminados com dietilenoglicol

Ministério da Agricultura aponta 7 lotes da Backer contaminados com dietilenoglicol

Sintomas e tratamento

Ministério da Saúde investiga síndrome nefro neural em Minas Gerais  — Foto: Reprodução/TV Globo

Ministério da Saúde investiga síndrome nefro neural em Minas Gerais — Foto: Reprodução/TV Globo

Entre os sintomas da síndrome nefroneural estão alterações neurológicas e insuficiência renal. De acordo com a presidente da Sociedade Mineira de Nefrologia, Lilian Pires de Freitas do Carmo, os primeiros sinais de intoxicação por dietilenoglicol são dores abdominais, náuseas e vômitos. O tratamento é feito no hospital, com monitoração, e tem o etanol como antídoto.

Ministério aponta novos lotes de Belorizontina, da Backer, contaminados — Foto: Danilo Girundi/TV GloboMinistério aponta novos lotes de Belorizontina, da Backer, contaminados — Foto: Danilo Girundi/TV Globo

Ministério aponta novos lotes de Belorizontina, da Backer, contaminados — Foto: Danilo Girundi/TV Globo

‘Não bebam a Belorizontina’

O Ministério da Agricultura determinou no dia 13 de janeiro que todas as cervejas da marca sejam recolhidas e que seja suspensa a venda de produtos. A medida é válida para qualquer rótulo da cerveja, além dos chopes, fabricado entre outubro de 2019 e janeiro. A Backer informou que pediu mais prazo à Justiça para fazer o recall.

A diretora de marketing da Backer, Paula Lebbos, pediu em entrevista coletiva em 14 de janeiro que as pessoas não consumam a cerveja alvo da investigação. A orientação vale também para a cerveja Capixaba, que é produzida no mesmo tanque e possui a mesma fórmula da Belorizontina, porém com rótulo diferente.”O que estou pedindo é que não bebam a [cerveja] Belorizontina, qualquer que seja o lote. Eu não sei o que está acontecendo”, disse ela.

No início da tarde do dia 14 de janeiro, a Polícia Civil e o ministério vistoriaram novamente a cervejaria Backer no bairro Olhos D’Água, na Região Oeste de BH. Nesta quinta-feira, a fábrica seguia interditada.

Processo cervejeiro — Foto: Arte/G1

Processo cervejeiro — Foto: Arte/G1

Por G1 Minas — Belo Horizonte

Postado originalmente por: Portal Sete

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