João Roberto Borges, de 74 anos, estava internado no Hospital Madre Teresa e era juiz titular da 28ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte. Segundo a polícia, o dietilenoglicol foi encontrado no sangue de uma das vítimas.
Mais uma morte pode estar relacionada a contaminação da cerveja Backer
João Roberto Borges, de 74 anos, estava no Hospital Madre Teresa, no bairro Gutierrez, na Região Oeste de Belo Horizonte, e morreu nesta madrugada.
Borges trabalhava como juiz titular da 28ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) 3ª Região.
Segundo a polícia, o corpo dele foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para necropsia.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que subiu para 30 o número de casos suspeitos de intoxicação por dietilenoglicol. Desses, 22 casos foram registrados em Belo Horizonte e os demais casos nas cidades de Capelinha, Nova Lima, Pompéu, Ribeirão das Neves, São João Del Rei, São Lourenço, Ubá e Viçosa.
Por nota, a cervejaria informou que “em relação às mortes ocorridas por suspeitas de intoxicação por dietilenoglicol, a Backer compartilha da dor dos familiares das vítimas e, ainda que inconclusas as investigações sobre o acontecido, continua prestando o suporte necessário a todos os atingidos”.
Ainda segundo o comunicado, a Backer tem acolhido essas pessoas e prestado atendimento psicossocial, inclusive, na semana passada, por iniciativa própria, a empresa recorreu ao Ministério Público para ampliar ainda mais o suporte prestado às famílias dos atingidos.
Por fim a nota dize que “a Backer, como a maior interessada em saber o que de fato aconteceu, está tomando todas as providências para elucidar a questão e, embora não se tenha chegado a uma conclusão definitiva sobre o ocorrido, jamais deixou de colaborar com as investigações”.
Mortes
A Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) investiga três mortes por suspeita de contaminação por dietilenoglicol em Minas Gerais; um caso já foi confirmado.
No total, cinco mortes podem estar relacionadas à intoxicação pela substância tóxica dietilenoglicol. A substância foi encontrada em amostras da cerveja Belorizontina, da Backer.
Um caso aconteceu em Pompéu, na Região Centro-Oeste do estado. Trata-se de uma mulher de 60 anos. Ela morreu de insuficiência renal no dia 28 de dezembro. O caso já havia sido notificado pela Secretaria Municipal da cidade e entrou no boletim da Secretaria de Estado da Saúde nesta quinta-feira (16).
Ao G1 familiares da vítima, que não quiseram ser identificados, relataram que antes do óbito, a idosa esteve em viagem a Belo Horizonte no período de 15 a 21 de dezembro onde consumiu a cerveja Belorizontina.
De acordo com a SES, até o momento, um caso foi confirmado por intoxicação provocada pelo dietilenoglicol, substância tóxica usada em resfriamento de serpentinas. Trata-se de Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos. Ele morreu na noite de terça-feira (7) no Hospital Santa Casa de Misericórdia em Juiz de Fora., na Zona da Mata.
Ainda não há prazo para conclusão dos laudos referentes aos casos suspeitos.
A ligação entre a síndrome e a contaminação por dietilenoglicol é investigada pela Polícia Civil. Análises feitas pela perícia do Instituto de Criminalística da corporação apontaram a presença da substância em amostras da cerveja Belorizontina. Ela é tóxica e também foi encontrada em exames de sangue de outros quatro dos pacientes internados em Minas Gerais.
A Backer nega que usa o dietilenoglicol no processo de fabricação. Ele foi encontrado pelo Ministério da Agricultura em um tanque de fermentação e na água usada pela cervejaria.
Empresa que seria fornecedora de monoetilenoglicol para a Backer é alvo de buscas — Foto: Reprodução/TV Globo
Resumo:
- Uma força-tarefa da polícia investiga 18 notificações de pessoas contaminadas após consumir cerveja; cinco morreram;
- Os sintomas da síndrome nefroneural incluem náusea, vômito e dor abdominal, que evoluem para insuficiência renal e alterações neurológicas;
- O Ministério da Agricultura identificou 41 lotes de cerveja da Backer contaminados com dietileglicol, um anticongelante tóxico;
- A Backer nega usar o dietilenoglicol na fabricação da cerveja;
- A cervejaria foi interditada, precisou fazer recall e interromper as vendas de todos os lotes produzidos desde outubro;
- Diretora da cervejaria disse que não sabe o que está acontecendo e pediu que clientes não consumam a cerveja.
Veja lista das mortes
- Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos. Ele estava internado em Juiz de Fora e morreu em 7 de janeiro. A morte por síndrome nefroneural causada por dietilenoglicol foi confirmada;
- Antônio Márcio Quintão de Freitas, de 76 anos. Morreu no Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, por suspeita de síndrome nefroneural;
- Homem de 89 anos. Não teve a identidade revelada. Morte confirmada pela SES nesta quinta-feira (16) por suspeita de síndrome nefroneural;
- Mulher de 60 anos. Não teve a identidade revelada. A morte havia sido notificada pela Secretaria Municipal de Saúde de Pompéu, mas só foi confirmada pela SES nesta quinta-feira (16) por suspeita de síndrome nefroneural;
- João Roberto Borges, de 74 anos. Estava internado no Hospital Madre Teresa, no bairro Gutierrez, na Região Oeste de Belo Horizonte, e morreu na madrugada desta segunda-feira (3).
Ministério da Agricultura aponta 7 lotes da Backer contaminados com dietilenoglicol
Sintomas e tratamento
Ministério da Saúde investiga síndrome nefro neural em Minas Gerais — Foto: Reprodução/TV Globo
Entre os sintomas da síndrome nefroneural estão alterações neurológicas e insuficiência renal. De acordo com a presidente da Sociedade Mineira de Nefrologia, Lilian Pires de Freitas do Carmo, os primeiros sinais de intoxicação por dietilenoglicol são dores abdominais, náuseas e vômitos. O tratamento é feito no hospital, com monitoração, e tem o etanol como antídoto.
Ministério aponta novos lotes de Belorizontina, da Backer, contaminados — Foto: Danilo Girundi/TV Globo
‘Não bebam a Belorizontina’
O Ministério da Agricultura determinou no dia 13 de janeiro que todas as cervejas da marca sejam recolhidas e que seja suspensa a venda de produtos. A medida é válida para qualquer rótulo da cerveja, além dos chopes, fabricado entre outubro de 2019 e janeiro. A Backer informou que pediu mais prazo à Justiça para fazer o recall.
A diretora de marketing da Backer, Paula Lebbos, pediu em entrevista coletiva em 14 de janeiro que as pessoas não consumam a cerveja alvo da investigação. A orientação vale também para a cerveja Capixaba, que é produzida no mesmo tanque e possui a mesma fórmula da Belorizontina, porém com rótulo diferente.”O que estou pedindo é que não bebam a [cerveja] Belorizontina, qualquer que seja o lote. Eu não sei o que está acontecendo”, disse ela.
No início da tarde do dia 14 de janeiro, a Polícia Civil e o ministério vistoriaram novamente a cervejaria Backer no bairro Olhos D’Água, na Região Oeste de BH. Nesta quinta-feira, a fábrica seguia interditada.
Processo cervejeiro — Foto: Arte/G1
Por G1 Minas — Belo Horizonte
Postado originalmente por: Portal Sete